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Crítica | ‘Maré Alta’ e entrevista com Flávia Borges
Na HQ que é em sua maior parte muda (possuindo apenas dois quadros com mensagens escritas) acompanhamos Carol, uma garota que está em uma jornada interna de autoconhecimento e aceitação, tendo que lidar com seus sentimentos e ansiedade.
Utilizando de uma linguagem poética e sutil, a história facilmente encanta o leitor e prende a sua atenção (crédito ao incrível trabalho de roteiro da autora). Já nas primeiras páginas podemos notar a forte presença da água e efeitos de ondas espalhados pela obra.
A água é um elemento que acompanha toda a história, porém a forma como é representada vai mudando.
A mesma água que pode representar uma crise é a água que pode levar tudo para longe e nos limpar de tudo que nos faz mal. E, mesmo assim, o mais importante é que todos nós podemos nos molhar as vezes e que está tudo bem!
Por quase não conter diálogos, a HQ ressalta a importância dos demais elementos de uma história em quadrinho, como os desenhos e quadros. Todos esses elementos se amarram de forma orgânica e colaboram para a construção da narrativa.
Podemos destacar outros elementos importantes no título, como representatividade, empoderamento feminino e sexualidade.
A grande cereja do bolo em Maré Alta é a sua ótima playlist que torna a leitura ainda mais imersiva se feita ao som de algumas das músicas.
Maré Alta é uma narrativa quase sem falas, onde tento explorar a história traduzindo os sentimentos da protagonista por meio de símbolos e cores.
Confira a entrevista com Flávia Borges, autora de ‘Maré Alta’
Maré Alta é o primeiro trabalho independente de Flávia Borges, ou @breezespacegirl, como é conhecida no Instagram. Ele foi lançado na CCXP em 2018. A narrativa conta a história de Carol, que horas antes de partir para uma viagem com Manu, terá que mergulhar em um processo de autoconhecimento e autoaceitação, lidando com seus sentimentos em relação a Manu em meio de uma crise de ansiedade.
A HQ foi indicada pelo Omelete entre as 50 HQs nacionais para ficar de olho na CCXP18, uma das 86 obras indicadas ao Prêmio Grampo 2019 e também foi indicada em duas categorias no 35° Troféu Angelo Agostini (Melhor lançamento Independente de 2018 e Melhor Desenhista 2019).
Bom, sem mais delongas, vamos para a entrevista:
OTAGEEK: Flávia, para iniciar gostaríamos de saber como foi o processo criativo de Maré Alta?
FLÁVIA: Meu processo criativo para produzir Maré Alta começou de um exercício que fiz em um curso de roteiro. Foi o primeiro roteiro que desenvolvi, e para transformar em HQ em mexi nele por um bom tempo. Foram mais ou menos uns dois anos até finalizar totalmente (roteiro, rascunhos e arte final) e lançar na CCXP de 2018.
OTAGEEK: Sabemos que a criação de histórias em quadrinhos não é nada fácil. Para você qual foi a maior dificuldade durante o processo de criação de Maré Alta?
FLÁVIA: A maior dificuldade durante o processo foi ter segurança para lançar o meu primeiro quadrinho e conseguir fazer as pessoas captarem a mensagem por meio do desenho, sem as falas.
OTAGEEK: Você tem algum artista que te inspirou para a criação da HQ?
FLÁVIA: Tenho muitos artistas que me inspiram. Para o Maré Alta, a maior inspiração foi a hq “Além dos Trilhos”, da @miktakahashi e o quadrinho “Quando tudo começou” da Bruna Vieira com o desenho da @lcafaggi.
OTAGEEK: Sabemos que ilustradoras de quadrinhos independentes ainda não possuem a visibilidade que merecem no Brasil. Você poderia recomendar algumas para os nossos leitores?
FLÁVIA: Grande parte das ilustradoras que eu admiro são nacionais. Sempre dá branco na hora de lembrar, mas alguns nomes de mulheres que lembro no momento e que vale a pena todos conhecerem são: @pri_wi, Fefê Torquato (instagram), @Ellie.irineu, @helodangeloarte, e @kaolporf (tem muitas outras que eu poderia ficar citando mas ficaria uma lista gigante hahaha).
OTAGEEK: Qual será o seu próximo trabalho? Pode nos adiantar algo?
FLÁVIA: Tenho alguns projetos planejados para lançar ainda esse ano, um deles já está no catarse, que é um livro infantil que estou participando com outras ilustradoras incríveis (inclusive, mais ilustradoras para seguirem e conhecer o trabalho hahah). Se chama “Quando Descobri Que Eu Menina”. A ideia é cada ilustradora desenhar o relado da outra, trazendo assim essa troca de experiências. Se for financiado levaremos para a CCXP desse ano. Segue o link da campanha: https://www.catarse.me/quandodescobri
OTAGEEK: Flávia você tem noção da importância do seu trabalho? E que você está representando pessoas e situações humanas que muitas vezes são invisibilizadas?
FLÁVIA: Sobre representar pessoas que nunca tiveram muita visibilidade, sempre foi um dos meus objetivos, até por eu fazer parte desse grupo de pessoas (como ser uma mulher negra por exemplo). Fico feliz por receber mensagens de pessoas que se identificam de alguma forma com o meu trabalho, principalmente quando recebo esse feedback pessoalmente em eventos, pois o impacto fica mais real e próximo de certa forma.
OTAGEEK: Para finalizar, conte aos nossos leitores como eles podem adquirir ao Maré Alta?
FLÁVIA: No momento está esgotado, mas até ao fim do ano vou estar com a segunda edição para a CCXP. Assim que eu estiver com a nova tiragem em mãos eu vou divulgar no meu Instagram @breezespacegirl!]
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