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Mês do Orgulho LGBTQIA+: 17 personagens que representam!
Dia 17 de maio é o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia. Não, não é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, que se comemora no dia 28 de junho, mas o dia da LUTA, galera! E qual a diferença? Bom, pensando nisso é que não redigi a primeira sentença deste parágrafo como “(…) é o dia em que se comemora (…)”. Não se trata necessariamente de uma comemoração, mas de uma batalha, posto que cada “batalha” é um capítulo da luta.
A data foi escolhida propositalmente por causa da decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de desclassificar a homossexualidade como distúrbio mental na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (International Classification of Diseases – ICD), em 17 de maio de 1990.
O acrônimo (ou acróstico) LGBTQIA+ é recente; uma evolução da sigla GLS. A letra S designava os heterossexuais apoiadores da causa – simpatizantes. Em seguida, surge o acrônimo GLBT (abrangendo bissexuais e transexuais), mas durou pouco tempo, sendo logo substituída pela inversão das duas primeiras letras, tornando-se LGBT. Mais um pequeno hiato e surge o enorme acrônimo supracitado.
As Letras (e o sinal) adicionais:
A letra T diz respeito aos transexuais, termo que veio a substituir o epíteto “travesti”. A despeito das discussões acerca do porquê de tal nomenclatura, o termo francês “travesti” originalmente designa o ato de mudar ou disfarçar algo (tanto que diz-se ou redige-se comumente sentenças como “conservadorismo travestido de liberalismo”) e também o de adotar o vestuário, comportamento e trejeitos do sexo oposto, como faziam os dançarinos de kabuki*.
*Para se ter uma ideia, recomendo o filme Adeus, Minha Concubina
A letra Q é inicial de queer, inicialmente um termo pejorativo, como fagget ou simplesmente fag. Faggot, derivado de fagot-gatherer, designando as viúvas mais velhas que ganhavam a vida catando lenha. Segundo Douglas Harper*, designa a lenha da fogueira, o graveto colocado para iniciar a fogueira, posto que os gays, assim como as bruxas, eram queimados.
*historiador, escritor, jornalista e professor norte-americano
Mas como relatei aqui, é comum na cultura norte-americana incorporar termos pejorativos para se tornarem a nomenclatura oficial daquele grupamento social marginalizado. Queer originalmente significa “excêntrico”, “insólito”, “ridículo” ou até “raro” e “extraordinário” e como verbo, “arruinar” ou “embaraçar”. Atualmente designa quem transita entre os gêneros ou se afirma como não-binário.
A letra I designa os intersexuais; pessoas cujos órgãos e demais características sexuais se desenvolveram de forma não-binária, devido a manifestações cromossomiais, hormonais, ou seja, biológicas como um todo.
A letra A designa os assexuais, que, como o próprio termo indica, não sentem atração sexual por outra pessoa.
O sinal matemático de adição (+) foi o último a ser incorporado e designa que há outras formas de orientação sexual, independentemente de como a outra pessoa se define: homem, mulher, trans, cis ou mesmo pansexual. Com relação a este último, tem sido acrescentado, vez por outra, a letra P, tornando-se LGBTQUIAP+. Esperamos que os eventuais leitores não sejam obtusos a ponto de associar a letra P a outra coisa.
Como estamos no Mês do Orgulho LGBTQUIA+, aqui vai uma lista de personagens. Alguns, andróginos, que suscitavam à homossexualidade, ou, ao menos, à androginia antes que o movimento estivesse tão em voga. Outros, homossexuais assumidos; outros que vieram a assumir a homossexualidade mais tarde e alguns atuais, que causaram e causam frissom por declararem sua orientação sexual ao grande público. Ao fim, temos um pequeno “gloss-ário”, o Pajubá, com alguns dos jargões da comunidade LGBTQUIA+
A Casa da Coruja
A Rede Globo titubeou mas acabou liberando. A Turma da Mônica ainda reluta, mas a Disney não resistiu. Lançada em 10 de janeiro do ano passado, com duas temporadas e uma terceira já confirmada, A Casa da Coruja (The Owl House) apresenta um casal de meninas protagonistas que têm um affair lésbico.
Luz Oceda descobre um portal interdimensional e vai parar no mundo de uma mina demônio que atende pelo sugestivo nome de Eda Clawthorne. “Eda” significa “espírito”, “alma” ou até mesmo “canção” e “poesia”, segundo o historiador islandês Snorri Sturluson. “Claw” é “garra” e “Thorne”, de “Thorn”, espinho, o que justifica a logo do desenho. Não sei por quê mas essa duplinha me lembra outra duplinha:
Azul é a Cor mais Quente
Sabe aquela história clichê onde dois personagens de personalidade diametralmente oposta se conhecem e “juntos, descobrem uma nova maneira de viver”? Com o perdão do pleonasmo que escrevi na primeira sentença, Azul é a Cor Mais Quente chamou a atenção não só pela história que trabalhava a descoberta da sexualidade por duas adolescentes como pela tórrida cena de sexo de 7 minutos e foi exatamente tal cena que deu o que falar, não pela sexualidade explícita, mas pela maneira como a cena foi conduzida pelo diretor, Abdellatif Kechiche.
Não é novidade pra ninguém que diretores muitas vezes expõem os atores à pressão psicológica extrema para extrair o máximo de suas capacidades dramatúrgicas e realmente dar vida às personagens que encarnam. O problema é quando isso se torna algo abusivo, principalmente do ponto de vista sexual.
As atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux botaram a boca no trombone e denunciaram os abusos sofridos pelo diretor. Depois, Léa retificou sua fala no ano em que contracenou com Daniel Craig em 007- Sem Tempo para Morrer, o que causou furor ao movimento Me Too.
O que muita gente não sabe é que Azul é a Cor Mais Quente é uma HQ (Le Bleu est une Couleur Chaude), de 2010. Uma das poucas vezes em que o título brasileiro acertou, já que o filme originalmente se chama A Vida de Adèle (La Vie d’Adèle), numa tradução livre.
E por falar em quadrinhos, vamos dar um rolé pelas HQs, a começar do “vilão heroico” que está dando o que falar:
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Marvel:
Loki
Antes do filme Os Vingadores e mesmo fora do MCU (Marvel Comics Universe), os filmes da Marvel pecavam por nunca apresentar os vilões e arqui-inimigos de forma fiel.
Enquanto a Dark Horse emplacava petardos como Sin City (2005) e 300 (2007), ambos bastante fiéis às respectivas versões escritas e a DC quebrava tudo com a Trilogia de Nolan, a Marvel insistia em vacilar com um Mefisto tiozão em Motoqueiro Fantasma (2007) e um Galactus volátil em Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (2007).
Só em 2011, com Thor, o Marvel Comics Universe nos apresenta o fiel Loki. Tudo bem, o Loki das HQs não é idêntico ao da mitologia nórdica, mas quem conta um conto aumenta um ponto.
Tom Hiddleson chegou a ser cogitado para o papel de Thor e, graças a Odin, encarnou magistralmente o 171¹ da mitologia nórdica. Em todas as mitologias, temos o arquétipo da malandragem, e talvez não por acaso, diz-se “tirar de loki²” quando alguém é cogitado como louco ou mesmo trouxa, sendo que é Loki quem tira os outros assim – principalmente seu irmão, Thor.
¹ Biltre, pulha, embusteiro em carioquês.
² Otário, trouxa, louco em paulistês – assim como Fool (louco ou trouxa) em inglês, de onde deriva a etimologia de “foles”, como em gaita de foles; que também originou “biruta” ou “cabeça de vento”.
Se compararmos as mitologias greco-romana, nórdica e afro brasileira, tanto Thor quanto seu irmão caozeiro* têm aspecto dúbio nas outras mitologias. Thor é tanto o deus do Trovão quanto da Guerra, sendo, portanto, equivalente tanto a Zeus e Júpiter (Trovão) quanto a Ares e Marte (Guerra).
Lembremos que Ares acerta um machado em Darkseid em Zack Snyder’s Justice League numa cena semelhante à de Thor atingindo Thanos com o Stormbreaker em Vingadores: Guerra Infinita. No panteão afro brasileiro, podemos correlacioná-lo a Xangô, que também porta um machado e controla o Trovão (e até a Tupã, no panteão tupiniquim) e a Ogum, por ser Thor um guerreiro. São Jorge é correlacionado a Xangô na Bahia, embora o seja a Ogum no Rio de Janeiro.
*Outro epíteto para embusteiro ou mentiroso em carioquês
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Loki por sua vez pode ser atribuído tanto a Hades (e Plutão), por seu caráter infernal, quanto a Hermes (Mercúrio). No panteão afro brasileiro, Exu ocupa essa posição de infernal e malandro, sendo um comunicador entre o mundo físico e o espiritual. Haja vista que em livros de Umbanda e Candomblé, como o Lendas dos Orixás, de Pierre “Fatumbi” Verger, Exu aparece primeiro.
O fato é que Loki fez tanto sucesso que ganhou sua própria série e já transitou de gênero ao longo da mesma. Sendo de caráter mercurial, nada mais justo que tal fluidez. Loki chegou a reencarnar como uma mulher após os eventos de Ragnarok e seu make up de batom e unhas pretas foi cogitado por alguns como o melhor já feito até agora.
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Dani e Rahne (Os Novos Mutantes)
Os Novos Mutantes (um spin off de X-Men), saídos da mente de Chris Claremont, foi um grupo sensacional que fez minha cabeça durante minha adolescência. Graças ao traço sujo de Bill Sienkiewicz, que passou a desenhar as aventuras do grupo a partir da 18ª edição em 1984, o clima das histórias passou a ser ainda mais macabro. Exatamente durante a saga do Urso Místico (no original, Demon Bear), da qual se originou o roteiro do filme – de terror, não por acaso.
A HQ que deu origem ao filme
O romance entre Danielle Moonstar (Miragem) e Rahne Sinclair (Lupina) já era suscitado pelo elo empático entre as duas. Como Dani é uma índia da tribo Cheyenne com poderes psíquicos, tais características eram o gancho para que tivesse uma conexão com Rhane, uma moça licantropo com poderes metamórficos que a fariam próxima ao mito do lobisomem.
No filme, o romance fica explícito e dá a entender que Dani descobre sua sexualidade através de Rahne, como Adèle através de Emma em Azul é a Cor mais Quente.
Hulkling e Wiccano
Esse casal deu a maior quizumba por conta do beijo presente na HQ A Cruzada das Crianças que estava sendo vendida na Bienal do Livro de 2017.
O então prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, destilou a seguinte pérola:
“Pessoal, precisamos proteger as nossas crianças. Por isso, determinamos que os organizadores da Bienal recolhessem os livros com conteúdos impróprios para menores. Não é correto que elas tenham acesso precoce a assuntos que não estão de acordo com suas idades.”
A tal classificação surgiu por causa do livro Seduction of Innocent, do psiquiatra alemão Fredric Wertham. Lançado em 1954, o livro tentava provar a hipótese de que as histórias em quadrinhos exerciam uma influência nefasta às crianças bem como a todo o público. Wertham acusava os quadrinhos de hipersexualizar o imaginário infanto-juvenil, além de conduzi-los à delinquência.
Seu principal foco era sobre os quadrinhos de terror e de super heróis e levou o senado norte-americano a criar o Comics Code Authority, um selo destinado a aprovar ou não a publicação de acordo com o seu conteúdo, algo semelhante ao que ocorreu a nossos artistas musicais no período da ditadura militar.
Heitor (O Incrível Hulk)
Muito antes de diversos personagens assumirem sua orientação sexual (detesto usar a expressão “sair do armário” porque gay não é monstro do closet) Peter David emplacava um personagem homossexual durante a fase em que Hulk havia fundido suas três personalidades em uma só.
Como tinha a força do Hulk tradicional, a malandragem do Cinza e a inteligência de Bruce Banner, Hulk acabou sendo recrutado por um estranho e misterioso grupo chamado Panteão, uma referência ao panteão greco-romano, embora não se tratasse apenas dos nomes de deuses.
Seus membros possuíam nomes de personagens mitológicos como Aquiles (um judeu que sobreviveu ao campo de concentração em Dachau e não pôde ser tatuado devido à sua invulnerabilidade), Prometeu (um piloto com o rosto queimado), Ájax, Atalanta, Jasão, Delphi (uma moça que vê o futuro, numa referência ao Oráculo de Delfos), Ulisses (cujo nome grego é Odisseus e deu origem ao termo Odisseia) são alguns dos personagens.
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Heitor (referência ao guerreiro de Tróia, assim como Ulisses) é um personagem homossexual e planta a mão na cara de Ulisses após um comentário homofóbico na edição #164 de O Incrível Hulk. Peter David trabalhou várias questões como homofobia e violência contra a mulher e Lupina, na época no X-Factor, chega a trucidar um islâmico que assassina a esposa com uma facada em O Incrível Hulk #148.
Somnus
Comemorando o Marvel’s Voices: Pride #1, a ser lançado 23 de junho deste ano, Somnus “aparece” em uma breve chamada da editora, com o sugestivo slogan: “Quem é foi Somnus?”.
Como assim “Quem foi?” se ele ainda nem é? Pois é, a ideia é já criar um bait pra chamar a atenção sobre o personagem que tem o poder de controlar os sonhos. Não os dele (ou talvez consiga), mas os de outrem.
Somnus é o nome do deus romano que personifica o sono (cuja versão grega é Hypnos) e pai de Somina, a “moldadora de sonhos”, ambas influências para seus poderes. Seu criador, Steve Orlando o fez para retratar experiências desagradáveis que teve e representar toda a comunidade LGBTQIA+.
DC:
Homem-Negativo (Patrulha do Destino)
Grant Morrison nos brindou com HQs pitorescas embora infelizmente nem todas tenham chegado ao Brasil. Não foi o caso de Patrulha do Destino, que inclusive rendeu uma série bem fiel aos quadrinhos. Morrison não foi o criador do grupo, mas foi o responsável por suas histórias menos prosaicas (se é que alguma algum dia foi).
Larry Trainor foi exposto a uma radiação estratosférica e se tornou um ser andrógino e, em certa instância, etéreo. Homem-Negativo pode, entre outras coisas, projetar sua forma etérea durante apenas um minuto. No Episódio 11 da primeira temporada da série, um pouco do passado de Larry nos mostra seu affair homossexual.
Na edição #20 de Patrulha do Destino, Homem-Negativo mostra que possui seios e assume o nome de Rebis, o termo alquímico que define o casamento alquímico (The Chemical Wedding), que chegou a ser o título de um álbum de Bruce Dickinson, quando havia saído do Iron Maiden.
Rebis é também o nome de um personagem do anime Castlevania, que surge no sétimo episódio da quarta temporada, A Grande Obra.
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Lorde Fanny (Os Invisíveis)
Dessa vez, sim, criada por Grant Morrison, a HQ Os Invisíveis deu e dá o que falar até hoje e Morrison pretendia não só explicar o próprio sentido da vida como relatou que a própria leitura como a visualização das imagens estaria energizando o que chamou de hipersigilo(!). Coisa do mago dos quadrinhos – que não é o Alan Moore. Aliás, ambos têm uma treta, mas isso já é outra história.
Morrison chegou a acusar Matrix de plágio, mas até aí poderíamos citar Neuromancer, de Willian Gibson. Mas o que nos interessa por agora é Lord Fanny: Hilde Morales, um garoto de ascendência mexicana, é criado como uma menina pela avó, já que homens não podem se tornar bruxos (ao menos, essa é a mitologia da história).
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Tendo como “pai de cabeça” o deus Tlazolteoti (o deus da luxúria e da imundície) Fanny se prostitui e é estuprada durante uma festa. Além de Tlazolteoti, Lord Fanny tem conexão com Mictlantecugtli, pois fez o deus da morte rir, num episódio semelhante aos Ibejis da Umbanda.
Constantine
Criado para ser o Personagem Dinâmico (nome técnico para coadjuvante) das histórias do Monstro do Pântano, Constantine apareceu na revista Swamp Thing #37 (no Brasil, Monstro do Pântano #1). Bonito, intrigante e sedutor, às vezes acho que é tudo o que seu criador Alan Moore queria ser.
Depois de ótimas sagas redigidas por excelentes autores, chegou a vez de Brian Azzarello assumir o título em março de 2000, com o fraquíssimo arco Hard Time, lançado no Brasil como Na Cadeia, pela extinta Pixel Magazine, e o nome da série também havia sido renomeada para Constantine.
Ao contrário de Warren Ellis, tradicionalmente um escritor de ficção científica que se adaptou perfeitamente ao clima das histórias constantinescas ou do tarantinesco Garth Ennis que nos brindou com algumas das melhores histórias do personagem, Azzarello tentou, de início, colocar Constantine num clima de Oz, em seu arco de estreia.
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A partir do arco Ashes & Dust in the City of Angels que começou a partir da edição #170, Azzarello lança o personagem no universo BDSM e Constantine nos brinda com um beijo gay e na edição #172 e chega a recusar uma mulher por um cara, na edição posterior. Na série mais recente, Constantine: The Hellblazer (agosto de 2015), o personagem se depara com um barman que ele assume considerar bonitão.
Os Cavaleiros do Zodíaco (Saint-Seiya)
Os Cavaleiros do Zodíaco fizeram um sucesso estrondoso, inclusive no Brasil. Aqui, mais o anime (apresentado inicialmente na antiga Rede Manchete) do que o mangá.
Não é segredo pra ninguém que os personagens nipônicos muitas vezes primam pela androginia e vamos ressaltar aqui três personagens icônicos da Saga:
Shun de Andrômeda
Das dez crianças órfãs adotadas por Mitsumada Kido para se tornarem os Cavaleiros de Bronze, cinco são os protagonistas da trama. Não vou me alongar acerca deles, mas o fato é que têm de passar por uma prova final para adquirirem suas respectivas armaduras. Shun e seu irmão brabo, Ikki recebem suas respectivas missões e justo o mais sensível dos Cavaleiros de Atena tem de ir à famigerada Ilha da Rainha da Morte(!).
Desnecessário dizer que Shun abre o berreiro e o revoltado Ikki decide ir em seu lugar. Embora sensível, Shun é a reencarnação de Hades, que também é bastante sensível, como mostra a prequel The Lost Canvas. Shun acaba por vestir a Armadura de Andrômeda, que tem muito mais a ver com ele.
Na mitologia grega, Andrômeda é uma virgem¹ amarrada a um rochedo por seu pai, Cefeu, como oferenda para um monstro marinho enviado como castigo pelas nereidas², ninfas marinhas indignadas com Cassiopeia, rainha etíope toda cheia de si, que se achava a rainha da cocada preta por ser mais bonita que as nereidas. Se isso é verdade ou não, digamos que a vaidade é a mais ilusória das maquiagens.
¹ Não por acaso, no mangá, a armadura recebe o sangue de Shaka de Virgem, após a vitória de Shun sobre Afrodite de Peixes
² Na mitologia grega, havia as ninfas, as sílfides e as dríades. As nereidas eram as ninfas do mar.
Na Saga das Doze Casas, Shun abraça Hyoga de Cisne para aquecê-lo e a cena chega a suscitar um quase beijo na boca, que não acontece. Embora meigo, Shun possui incríveis golpes com sua Corrente de Andrômeda, cuja eminência parda é o mito de Andrômeda, acorrentada a um rochedo à beira-mar. Com ela e sua força de vontade alimentada por seu infinito amor, ele consegue vencer o terrível:
Afrodite de Peixes
Na série mais recente (2019), Shun aparece como uma mulher, mas nem vou perder meu tempo falando dela aqui. O arco das Doze Casas é o ápice da primeira saga de Saint Seiya e o último signo do zodíaco é representado por um cavaleiro andrógino; queer mesmo.
Na mitologia grega, a deusa Afrodite (Vênus em Roma) nasce da castração de Urano por Cronos (Saturno em Roma). O falo de Urano cai em Oceano, de onde emerge Afrodite, poderosa! A deusa representa a própria sensualidade em si e dela deriva o termo “afrodisíaco”.
Considerado o cavaleiro mais belo, o sueco jura lealdade ao Mestre do Santuário mesmo sabendo que não era flor que se cheirasse. E de flor, Afrodite entende, já que seus golpes se resumem exatamente em arremessar rosas que, uma vez fincadas em seus inimigos, sugam o seu sangue até a morte.
Afrodite havia eliminado Daidalos de Cefeu, um Cavaleiro de Prata argentino, cujo nome vem do pai de Andrômeda na mitologia grega. Após vencer Afrodite, a armadura de Andrômeda recebe o sangue de Aldebaran de Touro, embora, no mangá, o sangue doado seja o de Shaka de Virgem, já que Andrômeda era uma virgem na mitologia.
Alberich de Megrez
Após a Saga das Doze Casas, os protagonistas enfrentam, pela primeira vez, cavaleiros que não pertencem ao seu panteão, mas ao panteão nórdico. Trata-se dos Guerreiros Deuses de Asgard, que não são Cavaleiros de Atena, mas de Hilda de Polaris. Possuída pelo Anel Nibelungo, a representante de Odin na Terra se torna uma doidivana serva de Poseidon.
Sempre me amarrei no mar e me perguntei, quando assisti ao desenho, o porquê de Poseidon ser um vilão na saga. Só mais tarde vim descobrir que Oceano é um titã e a verdadeira deusa dos mares, Afrodite. Poseidon é o deus dos abismos oceânicos e, portanto, ctônico, o que fica claro na saga posterior, dos Generais Marinas.
Em relação aos demais Guerreiros Deuses, seu poder era o que menos aparentava beligerância. Alberich era apresentado como o detentor do brilho da Ametista. Arrasa, gato! E ele realmente arrasou! Pelo menos três dos Cavaleiros de Atena! Alberich deu trabalho…
Gloss-ário
Pra finalizar, um pequeno glossário brasileiro do mundo LGBTQIA+, chamado Pajubá. Em 2006, o jornalista Vitor Angelo e o pesquisador Fred Lib lançaram o Aurelia, um dicionário de “pajubês”. O próprio termo “Pajubá” ou “Bajubá” tem um significado e quer dizer notícia, fofoca, boato, “babado”, “bafão”. Notícia “da hora”, como o correlato em inglês, News.
Embora diga-se comumente que tem origem africana, oriundo do Iorubá e do Nagô, o Pajubá, assim como o português do Brasil, possui diversas influências de outras línguas como o Tupi-Guarani e até o italiano. Haja vista que o termo “Padê” é usado na Colômbia para definir a mesma coisa, embora não seja usado única e exclusivamente pela comunidade LGBTQIA+. O Nagô não é sequer um idioma, mas uma determinada etnia do Sudão que, por metonímia, deu nome a um penteado afro também chamado trança embutida.
O termo “Gloss-ário” é de minha autoria; um trocadilho com a palavra “Gloss”, que significa “Lustro”.
Arrasar- Realizar um ato bem sucedido. Muitas vezes, escrita com Z em vez de com S.
Babado- notícia, fofoca, boato. Notícia “da hora”, como o correlato em inglês, News. Também pode significar escopo, área de atuação ou métier, como o correlato em paulistês, Rolê.
Bafo- O equivalente a “Sinistro” ou “Brabo”.
Ex.: “Ele/Ela é bafo!” ≅ “Ele/Ela é brabo(a)!”; “Ele/Ela é sinistro(a)!”
Bafão- Notícia estarrecedora.
Bofe- Amante, caso, affair.
Carão- Expressão inexpressiva. O equivalente a “Poker Face”, a expressão sem expressão que visa impossibilitar a leitura de microexpressões faciais como num jogo de poker.
Close- Do inglês close; “proximidade” ou “fechar” (to close). Significa “fazer a pose”; “Strike a Pose!”, como diz Madonna em Vogue (ou Deadpool em Hulk vs Wolverine) utilizando o recurso do Carão.
Jogar (Se…)- Ir com afinco para algum objetivo.
Ex.: “Se joga!” = “Vai nessa!”; “Vai fundo!” O equivalente em inglês para “Go on for it!“
Lacrar- Uma forma maximizada de “arrazar”. Poderíamos dizer que “Lacrô! (Lacrou!)” é um “Arrazô!” plus.
Mona- do Italiano “Mona”, uma forma polida de se chamar Ma Donna; Madame. Veio a se tornar Madonna e sua contração, Mona. Designa o homossexual muito afeminado, cheio de trejeitos. O equivalente à gíria “Queen”, que deu origem ao nome da banda inglesa.
Ocó- homem heterossexual.
Padê- originalmente, um ebó (oferenda para orixá ou “comida pro ‘santo'”) para Exú. Designa cocaína, devido ao aspecto semelhante.
Uó- Uma coisa horrível, não no sentido de feio, mas de detestável, insuportável. A escrita vem da fonética para imprimir uma marca de oralidade e reproduz a fonética de “O ó!”, sendo o primeiro “O” o artigo e o segundo, o que seria um adjetivo.
[…] *Resumi o acrônimo pra ficar mais fácil de ler, tá galera? Como se fosse uma abreviação. Não negligenciei as três últimas letras e quem quiser saber sobre cada uma pode cilcar aqui. […]
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[…] são os demônios da esfera do Desejo, Pinhead poderia muito bem ser um súcubo. No lugar da expressão inexpressiva de Bradley, o sorriso mórbido/sarcástico de Jamie faz com que seus olhos tenham expressão mesmo […]