Crítica | Imagine Earth e o futurismo ecológico

Aposta provocante no mercado de construção de colônia e de gerenciamento de recursos, Imagine Earth oferece um temperinho a mais: um futurismo ecológico!

Sendo o primeiro jogo da Serious Bros., Imagine Earth propõe uma mecânica fluida e instigante para colonizar novos planetas num futuro… nem tão distante. Usando um visual futurista clean e 3D, a sujeira nunca fica pra debaixo do tapete. Parte do gerenciamento envolve lidar com os delicados sistemas ambientais de cada planeta explorado, oferecendo um desafio único de balancear extrativismo com suas consequências, geralmente devastadoras.

Capa de Imagine Earth com naves a caminho da terra

A ideia central do jogo é de uma distopia esperançosa, tal como já explorado por títulos como Anno 2020 e ECO. Depois de depredarem todos os recursos do planeta Terra, diferentes empresas se lançam à exploração espacial em busca de mais lucro, talvez agora um pouco mais cientes dos problemas ambientais.

Porém, aqui a competição terráquea promovida pelo capitalismo desenfreado é levada a nível interplanetário pela descoberta de um novo mineral, Ideon, que permite a viagem espacial, sem, entretanto, mudar as ideologias e tecnologias por trás dessa expansão.

E não são apenas os seres humanos que participam dessa competição: durante a campanha, o jogador entra em contato com raças alienígenas, que por vezes querem apenas proteger seu planeta natal – mas também podem querer enxugar todos os recursos do mesmo planeta!

O visual do jogo ajuda a contar essa história: é um futurismo do começo dos anos 2000, de quando surge, com bastante força, a pauta ecológica. Cidades brilhantes e limpas, carros flutuantes, tecnologias avançadas, civilizações espaciais diversas e um futuro esperançoso.

Nesse quesito, o jogo toma semelhanças de clássicos como Spore, mas também de iniciativas refrescantes como Dyson Sphere Program e Starbound: para além do futurismo esperançoso, temos novas paisagens alienígenas, que vão desde florestas luxuriantes cheias de vida até planetas inóspitos, totalmente devastados pela poluição.

Porém, todo esse visual clean e avançado tem um preço: uma das mecânicas interessantes do jogo é a pontuação do ecossistema, que, dependendo dos níveis de poluição gerados pela colonização, pode criar catástrofes locais, afetando diretamente na produção. O aspecto ecológico deixa de ser apenas um elemento “negativo” para se transformar em uma mecânica central do jogo, sendo um interessante simulador de ambientes.

Nesse sentido, Imagine Earth inaugura uma nova leva de gerenciamento de recursos que vai além de uma mecânica de recursos finitos. Temos, também, planetas repletos de vida com ecossistemas delicados, apresentando um novo tipo de desafio para o jogador, que deve buscar um equilíbrio sem, contudo, deixar o lucro para trás.

Isso cria uma interface econômica interessante, pois, junto a esse cuidado ambiental, outras empresas também estarão competindo pelos recursos finitos, sem medo de te expulsar da corrida colonizadora caso você fique para trás.

É uma dinâmica de competição de recursos muito parecida com Offworld Trading Company, contando também com uma mecânica de mercado de ações e de políticas interplanetárias que podem ajudar ou atrasar essa exploração.

A jogabilidade é bem fluida, possuindo uma grade triangular (fazendo coro com outros jogos futuristas como Surviving Mars) na qual você escolhe livremente como guiar a construção de cidades, indústrias e edifícios de ataque & pesquisa.

A jogabilidade é bem fluida, possuindo uma grade triangular (fazendo coro com outros jogos futuristas como Surviving Mars, que apostam em grades não-quadriculares) na qual você escolhe livremente como guiar a construção de cidades, indústrias e edifícios de ataque & pesquisa.

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A questão da logística é simplificada, o que facilita também parte do microgerenciamento dessas colônias: o espaço para as construções, por mais que limitado, não é restritivo e desafiador. O desafio maior do jogo se encontra nas estratégias de expansão e ataque, não na necessidade de complexos arranjos meticulosamente calculados.

Nesse sentido, o jogo oferece uma jogabilidade mais convidativa para jogadores casuais, oferecendo também diferentes níveis de dificuldade para jogadores que buscam mais competitividade.

Toda essa jogabilidade é enriquecida por uma história aprofundada na campanha principal do jogo, já finalizada. Temos personagens que te seguirão por diferentes cenários, alianças ambíguas, conflitos de interesses e dilemas morais.

A questão ecológica entra como pano de fundo para problemas que vivemos hoje em dia, sendo uma possível metáfora para nossa forma contemporânea de se relacionar com nosso ambiente.

De maneira geral, Imagine Earth propõe uma inovação pequena nos assuntos e jogabilidades já exploradas por outros jogos; porém, isso não deve ser confundido com uma timidez em sua proposta ou com amadorismo por parte de Jens Isensee e Martin Wahnschaffe, que encabeçam o projeto. A dupla de alemães possui já experiência com outros projetos, como as instalações artísticas imersivas de Jens ou as habilidades computacionais de Martin para criar sistemas ecológicos complexos – que nos entregam uma experiência que, por mais que complexa, ainda resta acessível, deixando sua mensagem sobre sustentabilidade ainda mais clara.

Imagine Earth foi o ganhador de inúmeros prêmios, tal como “Melhor Jogo Indie” na Goldener Spatz 2015 e “Best Persuasive Game” pela Serious Game Awards 2009. Além disso, o jogo entra em listas importantes para o mundo indie, fazendo parte da TheMix Top 40 Indie Selection de 2019, e se encontra disponível para PC via Steam.

Confira o trailer:

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Este conteúdo foi criado através do nosso Crie Conosco pelo autor Igor Marques.

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Luna | A Patroa da Redação
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