Tarantino diz que nunca fará filmes de super-heróis e levanta mais uma vez o debate: Marvel é cinema ou não?

Diretor Quentin Tarantino

Em entrevista recente ao jornal Los Angeles Times, Quentin Tarantino fez críticas aos filmes de super-heróis. O debate foi levantado a partir da divulgação de seu novo livro, ‘Cinema Speculation’. 

No livro, o autor chega a comentar que os diretores de Hollywood mal esperam para que essa ‘fase’ de super-heróis passe. Ele elabora uma comparação com os anos 1960, quando os cineastas hollywoodianos comemoraram quando o público deixou os musicais de lado. 

“Você precisa ser uma mão de obra contratada para fazer essas coisas. Não sou mão de obra. Não estou procurando por um emprego.”

O cineasta não é o primeiro grande de Hollywood a expressar tal opinião. Em 2019, Martin Scorsese disse que os filmes da Marvel “não são cinema”. Francis Ford Coppola ainda estendeu o comentário do colega, chamando os filmes de ‘desprezíveis’. 

“Quando Martin diz que a Marvel não faz cinema, ele está certo porque nós esperamos aprender alguma coisa com o cinema, algum tipo de conhecimento, iluminação, inspiração. Então o Marty foi gentil quando disse que não é cinema, ele não disse que é desprezível. O que eu estou dizendo.”

Tarantino ainda completou: “Eu não vejo (os filmes). Eu tentei, sabe? Mas aquilo não é cinema. Honestamente, o mais próximo que consigo pensar deles, por mais bem feitos que sejam, com os atores fazendo o melhor que podem sob as circunstâncias, são os parques temáticos.” 

Pôster de divulgação de Vingadores: Ultimato. - Otageek
‘Vingadores: Ultimato’ se tornou a segunda maior bilheteria da história, ficando apenas atrás de ‘Avatar’

Em se tratando dos grandes de Hollywood relatando tais opiniões, fica em pauta questionar: afinal, filmes de super-heróis são cinema ou não?

À primeira vista, a questão pode parecer simples, é fato dizer que o debate é longo, cheio de percepções e discussões. Afinal, hoje, as produções do gênero ocupam as grandes salas de cinema, as maiores bilheterias e os lucros. Em se tratando de uma era onde o streaming impera, muitos apontam que o cinema está no seu fim. Afirmo aqui que tal comentário não é certeiro. O cinema não vai acabar. O que mudou é a forma pela qual as pessoas passaram a escolher o que vale a pena ser visto no cinema. As produções das grandes Marvel e DC acabam se encaixando na categoria. 

É fato lembrar que Scorsese encarou um grande desafio para produzir ‘O Irlândes’. O diretor precisou se afastar do convencional – o cinema – e migrar para o streaming. Nenhum estúdio quis bancar o orçamento de 150 milhões de dólares. A Netflix lançou o longa em 2019, com mais de 3 horas de duração. 

Scorsese, Tarantino e Coppola são gênios do cinema. Quando os gênios falam, a gente escuta. Mas até mesmo eles, apaixonados pelo que fazem, detentores da sétima arte, não estão isentos de erros. E é por meio desses comentários que se faz necessário discutir o modo pelo qual tem sido feito cinema atualmente. 

É inegável não reconhecer o papel que a Marvel detém em Hollywood. Dizer que ela também não faz cinema é absurdo. Mas é fato dizer que a empresa tem fixado sua fórmula para as produções dos filmes e séries. Neste ano, a empresa conseguiu produzir seus piores longas. Por via da mesma fórmula e a condensa generalidade e traços de personalidade com diferentes filmes e diretores. 

Para Scorsese, o problema é simples. A Marvel trata o cinema como investimento, e não experiência: “Não é o cinema dos seres humanos tentando passar experiências emocionais e psicológicas de outros seres humanos.”

Para Martin e Coppola, considerados A Hollywood, há ressentimento em seus comentários, talvez pela grande ocupação midiática e cinematográfica que os filmes de super-heróis têm tido, além dos problemas que ambos têm encontrado para financiar seus filmes. Entretanto, é inegável não reconhecer as grandes emoções, explosões, lágrimas e risadas que tais filmes proporcionam. 

O pensamento dos três é elitista e carregado de convencionalidades da Hollywood. A Marvel não só faz cinema, como constrói grandes jornadas nos seus heróis, levando a questões pessoais, relacionais e altruístas. Ela prova que até mesmo histórias como essas carregam densidade temática, emocional e evolucional. 

Por fim, dizer que a Marvel não faz cinema é um equívoco. Não dá pra negar o papel que a empresa carrega, chegando a ocupar lugar de grandes bilheterias. Entretanto, não é impedimento para que as discussões e problemáticas sejam colocadas em pauta. A Marvel conduz sua fórmula, às vezes erra, mas também acerta. Entretenimento não é só os grandes chefões de Hollywood, como ‘Cidadão Kane’ e ‘O Poderoso Chefão’, mas toda e qualquer demonstração de arte. 

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Isabella Breve
Isabella Breve

Graduanda em Jornalismo, leitora voraz, amante da Sétima Arte e eternamente fã.

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