Resenha | O Labirinto do Fauno de Cornelia Funke

O Labirinto do Fauno é um conto de fadas nos tempos de guerra, adaptado do filme homônimo dirigido por Guilhermo Del Toro.

Quando o diretor Guillermo Del Toro anunciou que seu filme de 2006 ganharia um livro pelas mãos mais que capazes da escritora Cornelia Funke (responsável pela excelente trilogia Coração de Tinta, Sangue de Tinta e Morte de Tinta, todos publicados pela Editora Seguinte), este que vos escreve surtou consideravelmente.

O filme homônimo é ganhador de três Oscars e um dos meus favoritos do mundo. A ideia de poder voltar a me encontrar com a menina Ofélia na Espanha, na ditadura de Franco, desta vez através das páginas de um livro, encheu-me de expectativa e também receio. Expectativa para ver como a autora encontraria um meio de captar a essência e a magia do filme para transcrevê-las para o papel. Receio de que não fosse possível.

O livro, assim como seu filme, começa com um pequeno prólogo contando a história da Princesa Moanna, filha do Rei do Submundo, que ao visitar o mundo humano é cegada pela luz do sol e perde suas memórias. Ela se torna, então, uma mortal e passa a viver na nossa Terra.

No entanto, o rei acredita que seu espírito irá retornar ao submundo e, para ajudá-la, constrói labirintos ao redor do mundo a fim de guiá-la para casa. Somos apresentados então a Ofélia, uma garota de 13 anos de idade ainda sofrendo a perda recente do pai, a qual é obrigada a se mudar para uma floresta no Norte da Espanha junto com sua mãe.

A mãe de Ofélia, por sua vez, está grávida de seu novo marido, um general acampado a mando do líder fascista Francisco Franco para acabar com a célula rebelde que se escondia na floresta durante a Guerra Civil Espanhola.

Porém, antes de chegarem ao acampamento, a garota encontra as ruínas de um labirinto próximo ao local. Após uma discussão com sua progenitora, Ofélia então se depara com um Fauno no labirinto, o qual acredita que a garota é a reencarnação da princesa e lhe dá um livro para ajudá-la nas tarefas que ela deve completar caso queira retornar ao Reino do Submundo.

Assim, a menina, fascinada desde cedo por contos de fadas, vê isso como uma chance de escapar do terrível Capitão Vidal, seu padrasto, e conseguir o tão sonhado “felizes para sempre” das várias histórias contadas por sua mãe.

Portanto, a trama mostra que toda magia tem um preço a se pagar e que a vida real tem os próprios monstros os quais devemos enfrentar, tão terríveis quanto as criaturas que assustam e caçam as criancinhas dos contos de fada.

Dois dias de leitura intensa revelaram que meu receio fora desnecessário, pois o livro transcreve o filme perfeitamente. Cenas icônicas do longa foram transcritas tão fielmente que, durante sua leitura, consegui ver em minha mente as imagens que as originaram.

Assim como o filme, o final do livro trouxe lágrimas aos meus olhos e a vontade de começar a história outra vez. Para incrementar e enriquecer a trama, a escritora Cornelia Funke, ao invés de alterar o enredo do próprio filme em si, escreveu interlúdios, breves contos entre capítulos que dão mais detalhes e um pano de fundo a vários personagens.

Devo dar meus créditos também para a editora Intrínseca, que fez uma edição maravilhosa com capa dura, marca-página e belas ilustrações, as quais fazem a experiência ainda mais incrível.

O Labirinto do Fauno é uma ótima recomendação, tanto para aqueles que adoram o filme quanto para os amantes de um bom livro, com personagens envolventes e uma história melancólica, porém esperançosa.

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