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Crítica | “Rua do Medo: 1994” entrega terror e nostalgia
Uma boa pedida para os fãs de slashers, Rua do Medo: 1994 é o primeiro filme da nova trilogia de horror da Netflix. Baseado na série de livros de R. L. Stine, mais conhecido pela série infantil Goosebumps, Rua do Medo abandona o terror infantil e embarca em temas mais adultos e bastante gore, porém sem perder a diversão. Com referências a Pânico, Halloween, Sexta-Feira 13 e outros clássicos do terror, Rua do Medo: 1994 entrega o que promete e deixa um gostinho de quero mais para as próximas duas partes.
R.L. Stine é mais conhecido pela série de terror infantil Goosebumps, que inclusive ganhou uma adaptação em filme em 2018, porém sua série adolescente, Rua do Medo, também fez bastante sucesso, com mais de 80 milhões de cópias vendidas.
A série chegou a ser considerada para o cinema pela Hollywood Pictures no final dos anos 90, no boom de slashers pós-Pânico, mas o projeto acabou não indo adiante, sendo retomado agora pela 20th Century Fox e a Chernin Entertainment.
O acordo entre as duas produtoras terminou em 2019, e a trilogia, que já havia sido gravada, acabou ficando sem rumo devido à pandemia, até ser adquirida pela Netflix. A ideia arriscada de soltar uma trilogia de filmes no cinema com lançamentos semanais fez todo o sentido no sistema de streaming, principalmente com a pandemia, e o filme está no top 10 da Netflix desde sua estreia, em 02/07.
Sobre o Filme
A história se passa na cidadezinha ficcional de Shadyside, onde um assassino mascarado comete um massacre em um shopping. Essa é a última em uma longa série de tragédias e assassinatos que ocorrem na cidade, conhecida como “a capital dos assassinatos nos EUA”. Nossa turma de protagonistas adolescentes acaba sendo perseguida pelo assassino e deve desvendar o mistério do passado sombrio da cidade antes que seja tarde demais.
A premissa clichê acaba funcionando. O filme faz referência a diversos clássicos do horror, porém sem ficar preso a eles. Os elementos do gênero slasher se misturam ao sobrenatural, frequente nos livros de Stine, mas a direção de Leigh Janiak consegue balancear bem os dois e construir a mitologia que vai ser usada na trilogia sem precisar de longas cenas expositivas. As cenas de morte e perseguição também são bem feitas e vão agradar aos fãs de gore.
Personagens
O ponto alto do filme são os personagens. Por ser um filme mais atual, temos uma diversidade no nosso grupo de protagonistas que não está presente nas histórias originais, e que com certeza não teria acontecido se tivessem sido lançados nos anos 90.
A protagonista Deena (interpretada por Kiana Madeira) é negra e lésbica, em um relacionamento conturbado com Sam (Olivia Scott Welch). O filme não tem medo de explorar as dificuldades do relacionamento das duas, porém, ao mesmo tempo o trata de forma natural num gênero onde é raro ver protagonismo LGBTQIA+.
Julia Rehwald interpreta Kate, amiga de Deena, uma líder de torcida e aluna exemplar que, contrariamente ao estereótipo desse tipo de personagem, vende drogas para juntar dinheiro. Simon, amigo das duas, poderia ser simplesmente o amigo bobão imemorável, mas Fred Hechinger consegue adicionar carisma ao personagem, sem perder o humor. Eles se juntam a Josh (Benjamin Flores Jr.), irmão mais novo de Deena e nerd aficionado pelo passado sangrento da cidade.
Crítica Social
Além dos personagens, o filme também trata, ainda que de forma um pouco superficial, até por questão de tempo, sobre a desigualdade social. A cidade de Shadyside é vizinha de Sunnyvale e é claro o contraste entre as duas.
Enquanto as ruas de Shadyside são mal conservadas, as casas antigas e sujas e o comércio em decadência, em Sunnyvale temos mansões com cercas brancas e prédios imponentes. Enquanto os alunos de Shadyside viajam no ônibus da escola, já gasto, os de Sunnyvale têm carros esportivos.
Pelo diálogo, podemos perceber a rixa entre as duas cidades, além do fato de que os adolescentes de Shadyside têm menos oportunidades e precisam se esforçar mais se quiserem sair desse lugar e melhorar de vida.
A própria estrutura familiar também muda: enquanto Deena precisa cuidar da casa e do irmão, pois seu pai é alcoólatra e ausente, Sam, que se mudou para Sunnyvale, tem a mãe presente (ainda que controladora) e é claramente mais bem cuidada.
Trilha Sonora
Além do cenário, figurinos e referências, a nostalgia dos anos 90 entra também na trilha sonora: cheia de clássicos da década, como Nine Inch Nails, Garbage e Radiohead, ajuda a compor o ambiente do filme e dar a sensação de que realmente poderia ser um filme produzido na época.
Considerações Finais
Rua do Medo: 1994 é, acima de tudo, um filme divertido. Com a tendência atual (e não dizendo que isso seja ruim) de filmes de terror mais “intelectuais”, Rua do Medo não se leva tão a sério e entrega o filme perfeito para passar uma noite de sexta comendo pipoca. As sequências, passadas em 1978 e 1666, prometem continuar entretendo, ao mesmo tempo em que devem explicar mais sobre a história de Shadyside e mostrar o futuro de alguns personagens de 1994.
Você pode assistir Rua do Medo: 1994 e suas sequências na Netflix!
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