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O Vilão Heroico – surge uma nova categoria de personagem
Ele não é Herói nem Anti-Herói, é Vilão! A diferença é que não ocupa a função de antagonista da trama. Ele é um vilão e é o protagonista! Estamos diante de uma nova categoria de personagem. Otakus e Geeks, apresento-lhes o Vilão Heroico.
Asseguro-lhes que não estou criando uma nova categoria de personagem, estou dando lugar a uma categoria que nunca foi reconhecida. Creio não ter sido o único a percebê-la, mas não vi até hoje nenhum artigo que definisse a classe, talvez por falta de uma nomenclatura adequada e conceitos bem definidos acerca da mesma. Imagino que o Anti-Herói deva ter sido tratado assim antes de lhe darem um lugar de destaque no palco das tramas aristotélicas.
![Superman](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Heroi-2-3-758x1024.jpg)
No início, havia apenas o maniqueísmo Herói versus Vilão. O Herói (forte, bonito, inteligente e virtuoso) ocupava o lugar de protagonista e o Vilão, seu zênite particular (feio, mau e desprezível) ocupava, invariavelmente, o lugar de antagonista. A figura do Anti-Herói já existia, mas era vivida por personagens coadjuvantes que reinavam em suas próprias tramas paralelas e só ocupavam o posto para evoluírem de seu papel de Vítimas. Separo o Anti-Herói em duas categorias: o Anti-Herói Algoz e o Anti-Herói Vítima.
O Herói
O Herói tem como prioridade salvar a Vítima. Ele vai tentar punir o Vilão com os rigores da lei. Ele é capaz de se sacrificar em prol da Vítima. Quando o Anti-Herói Algoz entra em cena, o Herói passa a ver o Vilão como uma possível Vítima e deverá salvá-lo.
![Batman](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/28.jpg)
O Herói tentará convencer o Anti-Herói Algoz a desistir de seu intento agressivo e mostrar-lhe que a prioridade é salvar a Vítima inicial em vez de criar outras. Se não tiver êxito, deverá tratá-lo como um Vilão. Super-Homem, Homem-Aranha e tantos outros se enquadram nessa definição.
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O Anti-Herói Algoz
O Anti-Herói Algoz quer vingar a Vítima. Seu objetivo é punir o Vilão pelo mal irremediável que fez a ela. Se o Herói tentar impedi-lo, ele o tratará não como um Vilão, mas como um mero antagonista. Um vilão maquiavélico tentará convencer o Anti-Herói Algoz a passar para o lado do mal. “Você tem potencial. No fundo, você e eu somos parecidos, queremos a mesma coisa. Somos diferentes dessa escória. Juntos, você com o seu… e eu com o meu blá-blá-blá podemos dominar o mundo!”
![Motoqueiro fantasma](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Vilao-2.jpg)
No fundo, o Vilão teme o Anti-Herói Algoz mais do que ao próprio Herói. O Algoz não se sacrificará pela Vítima porque seu sacrifício já foi feito: foi o incidente que o fez se tornar um Anti-Herói. Justiceiro, Wolverine, Motoqueiro Fantasma, Espectro… fora que, hoje em dia, todo mundo é Anti-Herói!
O Anti-Herói Vítima
O Anti-Herói Vítima deve se submeter aos caprichos do Vilão por chantagem. Sua prioridade (assim como a do Herói) também é proteger a Vítima mas ele se sacrifica, subjugando-se ao Vilão. Seu objetivo, como o do Anti-Herói Algoz, também é a redenção, mas enquanto o Algoz escreve certo por linhas tortas, o Vítima pratica o mal não por querer, mas por não ter outra opção.
![Constantine](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Anti-Heroi-Vitima.jpg)
O Herói e o Algoz o enxergam como um mero capanga, mas seu grande sonho é unir-se a eles contra o Vilão. Sempre que pode, procura uma maneira de escapar de sua condição miserável, sabotando ou entregando os planos do grande Vilão, ou até mesmo suicidando-se. John Constantine, é o caso mais famoso. Quem não concorda, vá ler o episódio da treta com Nergal.
O Vilão Heroico
O Vilão Heroico dificilmente salva a Vítima; geralmente não se preocupa com ela. Ele pode submeter-se aos caprichos de um Vilão maior, mas não em prol da Vítima e sim de seus interesses mesquinhos. Ele pode brigar com o Vilão maior e com os Heróis/Anti-Heróis em prol da Vítima. Ele pode matar a Vítima num ato de misericórdia que não seria do feitio de um Herói, Anti-Herói ou Vilão. Ou seja, é a Rainha do jogo! Mas não é fácil encontrar um personagem que se encaixe na definição de Vilão Heroico.
Para ilustrar o presente ensaio, vamos à minha pequena:
Galeria de Vilões Heroicos:
Lobo (1983)
O Hell Angel intergalático matou a própria mãe e um mundo inteiro para ser o único remanescente de seu planeta natal. Teve sua primeira aparição em junho de 1983 na revista Omega Men #3 e é considerado, portanto, o primeiro Vilão Heroico das HQ’s.
![Lobo](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Lobo-1024x960.jpg)
Lobo é um assassino de aluguel que não tem compromisso com ninguém que não seja ele mesmo e com nada além de seu código de honra de nunca deixar de cumprir sua palavra que, no caso, se resume em matar alguém. Só deve lealdade a Vril Dox, outro Vilão Heroico. Em cada aventura muita gente vai, a esmo, morrer a troco de nada.
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Frank (House of Cards – 2013 a 2018)
Francis Underwood é um congressista democrata da Carolina do Sul que não mede esforços para subir na vida e assegurar a eleição do presidente Garrett Walker com o intuito de ser nomeado Secretário de Estado. Frank justifica seus atos como algo necessário, que deve ser feito, não importa o quão terrível seja.
![Francis "Frank" Underwood](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/02/maxresdefault-1024x576.jpg)
A série abusa do recurso da Quarta Parede para demonstrar o ponto de vista maquiavélico de Frank, que olha para nós para contar seus próximos passos ou dar um panorama geral do que está por trás dos gestos e sorrisos dos personagens que, no fundo, só querem se dar bem ou ao menos atingir um lugar ao sol.
Light Yagami (Death Note – 2006)
Ele recebe o Death Note (ou Caderno da Morte) de um Shinigami (um deus da morte do Xintoísmo) e a partir daí torna-se um assassino em série, mas não como o personagem Dexter, que só mata “quem merece morrer” (seguindo um código de ética imputado desde criança por seu pai adotivo).
![Death Note](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Light_Yagami-1024x583.jpg)
Yagami engana seu pai verdadeiro para continuar executando as mortes por um capricho pessoal, matando, inclusive, quem descobre a trama e fica em seu caminho. Nós espectadores torcemos pra ele, pois, caso “rode” (ser pego, em carioquês), a série acaba.
Eli (Deixe Ela Entrar – 2008)
Já falei o suficiente (e até mais do que) sobre ela (ou ele) ou Eli no artigo World of Darkness: O divisor de águas nas histórias de vampiros e lobisomens para o século XXI, mas o filme Deixa Ela Entrar nunca é demais.
![Deixa ela Entrar](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/lat-den-ratte-komma-in_G4Z2115_press-1-1024x997.jpg)
Nesse caso, o Vilão Heroico (Eli) pune o Vilão e vinga a Vítima (Oskar), mas para torná-la sua acólita. A Vítima ocupará provavelmente o papel de Anti-Herói Vítima (embora não saibamos, pois o desfecho se dá em aberto). Spoilers em demasia me tornaram o Vilão Heroico do artigo.
Barão Meier Link (Vampire Hunter D: Bloodlust – 2000)
![](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/a0b53ee63075895f1019f16dcb6f18f0-790x1024.png)
O todo-poderoso vampirão do mal sequestra a pobre donzela Carmilla. A pobre donzela não é tão coitada (e talvez não tão donzela) assim, enquanto o pobre Barão a ama de verdade… a ponto de não querer transformá-la em vampira, mas casar com ela e lhe dar uma vida mansa no Castelo das Estrelas.
Homem-Aranha Superior (2013)
Convenhamos que Peter Parker é bonzinho demais para vingar como herói no admirável mundo novo em que vivemos. Prova disso é que o Homem-Aranha chegou a ser ninguém menos que o Dr. Otto Gunther Octavius, o Dr. Octopus.
![](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/01/superior_spiderman_1_1_25-665x1024.jpg)
Após um “transplante de mentes” bem-sucedido, Octopus agora encarna o Amigo da Vizinhança de uma forma maquiavélica, que faria o Venom morrer de inveja. E, pela aceitação dos leitores, essa tendência não tem hora para acabar.
David – Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017)
A muito criticada prequel da franquia Alien nos deu um personagem interessante. David é um androide de um modelo anterior aos dos demais filmes e consegue “fugir” da programação ao se perceber lacanianamente realmente como um Eu, no melhor estilo Isaac Azimov.
![Cena de Prometheus](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/02/michael-fassbender-alien-covenant-1-1024x576.jpg)
Entre suas diversas citações, David, em Prometheus, reproduz perfeitamente o clichê “O culpado é o mordomo”. A despeito das falhas de ambos, a nova safra de filmes da franquia não narra a Jornada do Herói (como foi com Ripley), mas a saga do Vilão.
Lúcifer (1989)
Lobo que me desculpe, mas ser o Primeiro dos Caídos confere a qualquer um o título de primeiro Vilão Heroico da História! E não me refiro à Etrigan, o capetão que tampa na porrada com o Maioral em algumas edições, mas ao Tinhoso em pessoa!
![](https://otageek.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Lucifer16-817x1024.jpg)
E digo tinhoso porque, depois que deu as caras em Sandman #4, em abril de 1989, teve que ralar muito para recuperar suas asas, quando resolveu emplacar sua própria série em Sandman Apresenta: Lúcifer, dez anos depois. Mike Carey nos brindou com o maior Vilão Heroico da História!
Ótimo artigo!
Então em resumo, o vilão heróico é aquele que não se define por uma relação de antagonismo, mas sim por seguir fortemente a regra de “fins justificam os meios”?
Valeu pelo comentário e pelo elogio, bróder! Seu comentário me serve para mais uma reflexão sobre o assunto.
Na verdade, sim e não. No caso de um vilão Maquiavélico, sim, e todos da lista o são, com exceção de Lobo. Não, porque o que define o Vilão Heróico é o fato de ele ser o protagonista e não o antagonista. O Anti-Herói também pode ser maquiavélico (o próprio Constantine o é muitas vezes). No caso do Barão Meier Link, o verdadeiro vilão se revela após a metade do filme.
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