Acompanhe o Otageek nas redes sociais
Crítica | Godzilla vs Kong – A Terra é oca!
Godzilla vs Kong (e sem o “King” no título, hein?) fecha(?) muito bem o MonstroVerso iniciado com Godzilla (2014) e nos mostra que a Terra não é plana, é oca.
Godzilla
Quando saiu o fraquíssimo Godzilla em 1998, com Rage Against The Machine, Foo Fighters, Green Day, Silverchair, Days of the New, Jamiroquai e Puffy Daddy na trilha sonora, só valeu mesmo pelo álbum. O filme de 2014 também não empolga, mas estávamos diante de um novo universo compartilhado: o MonstroVerso.
Tanto nos quadrinhos quanto nos animes, Godzilla é melhor representado do que em seus toscos filmes, embora estes carreguem tanto um saudosismo quanto uma autenticidade. O formato americano estaria para Godzilla assim como Power Rangers está para os Super Sentai, mas tivemos bons resultados, como Círculo de Fogo (2013).
Entre os animes, tivemos Godzilla: Planeta dos Monstros (2017), Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha e Godzilla: O Devorador de Planetas (2018), além de Godzilla: Ponto Singular, lançado neste ano. Nas HQs, Godzilla deixa sua marca há tempos, mas na última década emplacou, na IDW, uma gama de quadrinhos à altura do mito. Sim, mito, porque Godzilla é o único herói reptílico e falarei sobre o simbolismo do dragão num artigo ainda neste mês, no dia de São Jorge.
Kong
O gorila gigante tem sua história sendo recontada desde que surgiu em 1933, e em 1962 já tivemos o primeiro King Kong vs Godzilla (Kingu Kongu Tai Gojira). Após um hiato de quarenta e três anos e algumas continuações enfadonhas, King Kong (1976) volta a dar as caras no cinema, com uma continuação duvidosa dez anos depois. Em 2005, Peter Jackson nos entrega sua lúdica releitura, mas nunca ninguém tinha apresentado uma nova história de Kong nas telonas.
O universo apresentado em Kong: A Ilha da Caveira (2017) já vem sendo trabalhado em Kong of Skull Island, da Boom Studios, com o traço do brasileiro Carlos Magno. A mesma editora assina o título de Planeta dos Macacos e já rolou até um crossover entre eles, no estilo Gulliver.
O filme de Godzilla que inaugura o MonstroVerso é tão obscuro que parece dirigido por Zack Snyder. Mas já falei tão mal do Snyder aqui, que nem vou me ater a este filme. O que importa é que M.U.T.O. (Massive Unidentified Terrestrial Organism), o pseudo-réptil que Godzilla enfrenta, dá a entender que há espécies intraterrenas como os Skullcrawlers, que Kong encara em seu filme.
As 4 Versões do Réptil
Nos quatro filmes de Kong, o macacão (macaco não, símio) encara um réptil gigante. No filme de 1933, é um tiranossauro. Claro, por que não? Tiranossauro é maneiro* e é o grande vilão em qualquer ficção envolvendo dinossauros.
*legal em carioquês
O filme de 1976 tenta tornar a coisa mais “realista”. Se Kong é um gorila superdesenvolvido, aquela é uma ilha de animais gigantes, não de animais pré-históricos. Assim, em vez de um tiranossauro, Kong enfrenta uma serpente gigante.
Em 2005, quase trinta anos depois, o que era cafona passou a ser considerado antológico e o filme de Peter Jackson nos traz novamente a batalha não contra um, mas TRÊS tiranossauros. A fauna da ilha é tanto pré-histórica quanto superdesenvolvida.
Em 2017, Kong: A Ilha da Caveira nos mostra um ecossistema ainda mais vasto, com a presença dos intraterrenos Skullcrawlers e a atmosfera jungle fantasy presente nos quadrinhos.
A citação aos Grandes Antigos, de Lovecraft, é vaga mas serve como liame para os kaijus, os M.U.T.O.s, Kong (também kaijus) e os Skullcrawlers.
Godzilla II: Rei dos Monstros (2019) não causou frissom nenhum e passou batido aos olhos dos fãs e do grande público. Sem se intimidar, Godzilla chegou sorrateiro para desafiar Kong em Godzilla vs Kong (2021). E o filme é ótimo! Entenda o porquê.
Leia Também:
• Godzilla vs King Kong | Diretor revela qual monstro é o mais forte! – Otageek
• Godzilla: Rei dos Monstros – O Fenômeno Japonês – Otageek
• Expectativas para ‘Godzilla vs Kong’ – Otageek
Godzilla vs Kong
Pra começar, o filme não enrola. Não queremos grandes epopeias ou muitos “comos e porquês”. Apenas a treta dos monstrões destruindo as cidades. Bom, não. Queremos uma história legal que passe a fazer parte dos anais da nerdologia e possamos ficar discutindo suas trivialidades inúteis bebendo uma cervejinha no breve intervalo entre abaixar e suspender as máscaras.
Onde eu estava mesmo? Enrolando. Pra começar, o filme não enrola. Já começa com Kong descobrindo que não mora realmente numa ilha, mas num protótipo muito bem construído para parecer real, no estilo O Show de Truman (1998).
Em seus filmes, Kong enfrenta religiosamente um sauro do seu tamanho e aqui não poderia ser diferente, já começando pelo título. A questão é COMO seria esse primeiro encontro. Kong sempre enfrentou seus dragões em terra firme, na ilha, pra depois ser levado a Nova York acorrentado a um navio. Mas se ele fosse interceptado na água…
Não vou dar spoilers sobre a batalha ou contar quem saiu vitorioso desse primeiro encontro, mas a sensação de não ter onde pôr os pés é passada pra nós espectadores, já que o filme mostra a jornada de Kong como herói. Não importa se você é #TeamGodzilla ou #TeamKong, mas exatamente o fato de Godzilla ser mais poderoso o coloca como um antagonista a ser vencido, já que Kong tem todas as dificuldades expostas à sua frente.
A teoria científica que embasa o filme não poderia ser mais estapafúrdia e é ótima, como há muito tempo não se vê nas ficções científicas hollywoodianas. Hank Pym deve ter participado da manufatura da nave para adentrar o centro da Terra.
Como a Terra é oca, em vez de magma, temos um manancial de energia que emana do centro do planeta e Kong, sendo um Titã (a maneira ocidental de se chamar os kaijus), vai senti-la quando chegarem perto de uma das entradas para o centro da Terra. A energia servirá de força motriz para um upgrade na arma secreta do projeto Monarca contra Godzilla e os kaijus. De quebra, ainda serve como lar perfeito para Kong – sozinho, tadinho!
Kong, como todo bom São Jorge, precisa de uma espada ou qualquer coisa que lhe sirva de arma contra seu dragão particular. Sim, porque Kong enfrentou tiranossauro, serpente gigante e até intraterreno, mas não dragão! E não é que ele encontra um machado já construído pela mãe natureza?
Godzilla aporta em Hong Kong pra desafiar Kong, “sabendo” que ele está desfrutando do Éden intraterreno. Bela sacada! A China evoluiu abruptamente em sua tecnologia nas últimas décadas, a ponto de fazer frente com o Japão e Godzilla é um ícone japonês. Recado pros chineses? Os prédios de Hong Kong devem ser resistentes porque por muito menos já caiu prédio aqui no Brasil.
Em terra firme e em posse de sua “machete” digna de Ultraman, a coisa fica mais equilibrada para Kong. Não vou dar spoilers de como acaba esse embate. Vale a pena ver o filme e correr atrás dos quadrinhos Kong of Skull Island (pra se ambientar melhor nesse universo de Kong), Godzilla: The Half-Century War, com o pitoresco traço de James Stokoe, e Godzilla: Cataclysm. Tomara que o MonstroVerso não acabe tão cedo, com espaço para mais kaijus e até, quem sabe, um crossover com Círculo de Fogo.
[…] Crítica | Godzilla vs Kong – A Terra é oca! […]
Gratidão pela bela resenha!
Eu que agradeço, querido! Em breve, teremos sua entrevista aqui!
[…] Crítica | Godzilla vs Kong – A Terra é oca! […]
[…] Crítica | Godzilla vs Kong – A Terra é oca! […]
[…] Crítica | Godzilla vs Kong – A Terra é oca! […]
[…] Crítica | Godzilla vs Kong – A Terra é oca! […]