Eterna chupinhação – os games que inspiraram o filme Morbius.

Morbius já nasceu morto e não causou frisson nenhum. Vamos te mostrar quais games serviram de inspiração para algumas cenas do filme.

Morbius já nasceu morto como convém a um bom vampiro. E vampiro por acaso é bom em algum momento? Bom, pela maneira como o filme foi conduzido, sim, já que um dos maiores vilões da Marvel foi apresentado como um anti-herói, assim como Venom, e nenhum dos dois faz parte do MCU (Marvel Cinematic Universe). Ou faz? Leiam este artigo e tirem suas conclusões.  

Morbius encara a cidade no alto de um prédio com sua face transformada

O filme estreou após CINCO atrasos e não causou frisson nenhum. O Matheus Cassadante já dissecou o Nosferatu da Marvel, mas não custa nada sangrar o bicho mais um pouquinho. Muito embora seja um filme de quadrinhos, Morbius bebeu bastante de alguns games e fez um pout-pourri da Décima Primeira Arte. Sim, da mesma forma que os quadrinhos são considerados a Nona Arte, os videogames ocupam esse lugar no panteão das artes. Dessa você não sabia, vai! 

Assassin’s Creed

Surgido em 2007 o Assassin’s Creed chocou o mudo gamer quando lançou uma história de viagem no tempo a partir da linhagem de um personagem que compartilha seu DNA com ancestrais da Ordem dos Assassinos, inimiga da Ordem dos Templários. Algo como o que Garh Ennis fez em Thor: Vikings, do antigo selo Marvel Max (o Black Label da Marvel).  

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Morbius escala a estante, como o parkour de Assassins's Creed
Será que ele segura R2?

Independentemente da história, a movimentação de Assassins Creed chama a atenção. Não só pela qualidade dos movimentos como pela fluidez da jogabilidade. Os personagens protagonistas da série se movimentam como que em parkour. A subida de Morbius pelas estantes logo após adquirir seus poderes é idêntica à forma como os protagonistas da série de games o faz.

Prince of Persia (trilogia da Ubisoft)

Prince of Persia foi um marco na história dos games e deu o que falar desde que foi lançado. A movimentação perfeita do personagem com um sistema de luta simples porém crível e imersivo fez com que o jogo se tornasse um modelo para diversos jogos subsequentes.

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Morbius se balança num mastro em sue laboratório

A despeito de sua continuação (The Shadow & The Flame), a Ubisoft resolveu fazer uma trilogia mostrando afinal quem são aqueles personagens. Quem é o Príncipe? Quem é a moça a quem ele precisa resgatar? Quem é o grande vilão da trama que ele enfrenta ao fim dos dois jogos? A trilogia foi o embrião para a série Assassin’s Creed e a movimentação do personagem, se balançando nos mastros, é feita por Morbius quando começa a testar seus poderes dentro do laboratório.

Spider-Man: Web of Shadows

Em 2008 a Activision lançou o que seria um dos melhores jogos do Homem-Aranha. Spider-Man: Web of Shadows dava a possibilidade de se jogar com o Cabeça de Teia em sua versão “normal” e também com o uniforme negro. Não com o Venom, como o clássico Maximum Carnage do quadrinho homônimo, mas tendo acesso aos poderes do simbionte, como os famigerados tentáculos.

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Morbius lança um radar a la Assassin's Creed pela cidade.
O radar de Morbius, semelhante ao de Homem-Aranha no game Web of Shadows

No filme, além dos saltos nos mastros (também presentes neste jogo do Homem-Aranha), Morbius dispõe de um radar (de morcego, claro), mas cuja animação lembra muito a do Sentido de Aranha presente no jogo, além de escanear toda uma parte da cidade, como convém à sincronização presente em Assassin’s Creed.

Prototype

No mesmo ano, a Actvision lançou o que, na minha opinião, poderia ter sido o jogo do Carnificina. Prototype mostra o drama de Alex Mercer, às voltas com um vírus que causa uma mutação medonha às pessoas, mas que, no seu caso, lhe conferiu superpoderes medonhos.

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Morbius corre pela superfície do prédio de forma i,dên,ti,ca a de Prototype
O Wall Running de Prototype

Além do radar, também presente em Prototype, a maneira como Morbius escala prédios correndo e plana sobre a cidade é i-dên-ti-ca à de Alex Mercer e à de James Heller, seu sucessor em Prototype 2.

Morbius observa do alto de um prédio, em uma cena em espiral idêntica às do game Prototype
Alguém jogou Prototype…

Aliás, a cena em espiral que dá um zoom sobre Morbius parece ter sido quase uma homenagem à Prototype, com direito à mesma pose de Alex. Daniel Espinosa (o diretor do filme) deve ter gostado muito do jogo.

Vampyr

Assim como Nosferatu foi a adaptação não oficial de Drácula e a franquia Anjos da Noite, a série de filmes que retratam o RPG melhor do que sua série oficial, Kindred, Vampyr, desenvolvido pela Dontnod Entertainment (a mesma de Tell me Why, Twin Mirror e da série Life is Strange), parece ser o jogo não oficial do RPG Vampiro: A Máscara, com poderes idênticos aos descritos nos livros, incluindo alguns homônimos como Caldrom of Blood, na maior cara de pau.

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Morbius entrando em Frenesi e atacando com um movimento idêntico à Ultimate Attack Rage, de Vampyr
O amigo de Morbius em frenesi

Entre o repertório de poderes, está a “corridinha” que reproduz perfeitamente a Disciplina Rapidez (Celeridade para os íntimos), além de um Ultimate Attack chamado Rage, a forma do jogo mostrar o Frenesi que acomete tanto vampiros quanto lobisomens no universo do RPG.

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Se Vampyr plagiou descaradamente Vampiro: A Máscara (e isso não faz dele um mau jogo), Morbius é o plágio do plágio, pois chupinhou o jogo (como convém a um bom vampiro), já que corre da originalidade com direito à Ultimate Attack Rage. Não adianta ficar nervoso e entrar em frenesi, Morbius.

Sonic The Hedgehog 2

Sonic foi um sucesso estrondoso do Mega Drive (a versão tupiniquim para o Genesis da Sega) no início da década de 1990 e ainda o é com seus mais novos jogos subsequentes e o filme, estrelado por Jim Carey no papel do vilão, Dr. Robotnik.

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Morbius e seu melhor amigo, agora arqui-inimigo, andam em espiral do chão para as parede e teto, em movimentos idênticos aos das fases de bônus do jogo Sonic 2 do Megadrive, de 1992
O loop idêntico à fase de bônus de Sonic 2

Em 1992, Sonic 2 reforça a franquia com uma sidekick carismática. Tails, uma raposa de duas caudas como seu nome sugere, acompanha o porco-espinho de uma forma atabalhoada e divertida e Sonic ainda se dá ao luxo de morfar para uma versão Super Saiyajin quando adquire as sete esmeraldas da ilha. 

Morbius e seu melhor amigo, agora arqui-inimigo, andam em espiral do chão para as parede e teto, em movimentos idênticos aos das fases de bônus do jogo Sonic 2 do Megadrive, de 1992
Será que eles pegam a esmeralda?

A fase de bônus foi mais um up da franquia na época, pois mostrava Sonic e Tails em um túnel em espiral que tinham de completar para conseguir uma das esmeraldas. E não é que Morbius e seu grande amigo de infância resolveram relembrar os bons tempos brincando de Sonic & Tails? 

Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Eu já falei bastante mal do Snyder’s Cut e do Snyderverse e este filme que serviu de piloto para DCEU (DC Extended Universe) dispensa maiores comentários. Batman vs Superman resgata o plot da HQ O Cavaleiro das Trevas entregando o clímax já no título. E aproveita para fazer o liame com A Morte do Super-Homem, sem sucesso.

Acima, Morbius olha para cima quando entra em um duto de laboratório repleto de morcegos. Abaixo, Bruce Wayne ainda menino olha na mesma posição, na mea situação.
Acima, Morbius encara os morcegos.
Abaixo, Bruce Wayne perde o medo dos quirópteros.

O filme se passa do ponto de vista de Batman, rumo a encontrar o ser mais poderoso do planeta e conta a história do Morcego desde criança, já que a origem do Super já havia sido contada em O Homem de Aço. A cena de Morbius percebendo sua conexão quase totêmica com os morcegos faz dele, assim como Demolidor e Cavaleiro da Lua, mais um Batman da Marvel.


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Que a produção, o diretor ou os roteiristas de Morbius gostam de videogame, não há dúvidas. Resta saber se foi uma homenagem ou se precisaram vampirizar os grandes jogos para sobreviver no limbo em que estão os filmes da Marvel que não fazem parte do MCU.

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Claudio Siqueira
Claudio Siqueira

Escritor, poeta, Bacharel em Jornalismo e habitante da Zona Quase-Sul. Escreve ao som de bits e póings, drinkando e smokando entre os parágrafos. Pesquisador de etimologia e religião comparada, se alfabetizou com HQs. Considera os personagens de quadrinhos, games e animações como os panteões atuais; ou ao menos, arquétipos repaginados.

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