Crítica | O Cômico Exército de Cobaias de Despot’s Game

Do estúdio russo Konfa Games, Despot’s Game é a sequência espiritual de Despotism 3k (do mesmo estúdio), porém com muito mais armas e combos!

Depois do lançamento de seu primeiro jogo (Despotism 3k, 2018) – uma fábrica (totalmente ilegal) de humanos comandada por inteligências artificiais – Despot’s Game deixa o gerenciamento de recursos para trás e aposta em um rogue-like de batalha no mínimo… inusitado!

A premissa do jogo é simples: montar um exército de escravos humanos com armas dos mais variados tipos (de espadas a rosquinhas) para enfrentar os desafios dos calabouços em uma gincana mortal.

Você conseguirá guiar seu exército até o desafio final?

batalha entre seres humanos com diferentes armas e zumbis - Otageek
Tudo o que estiver ao alcance da mão pode se tornar uma arma! (geladeiras inclusas)

Entrando nas Masmorras

A história é trágica, mas você está do lado vitorioso da guerra: os humanos escravizados são seus brinquedos nessa sangrenta e pixelada gincana!

Com elementos de RPG, cada arma possui valores diferentes de ataque, distância, defesa… E com os ganhos das batalhas, você pode comprar armas cada vez mais potentes, com um interessante bônus: os combos.

Cada arma possui uma categoria que, com um mínimo de soldados vestindo-a, desbloqueia poderes de grupo. Armas de magia, quando combinadas, por exemplo, permitem que você invoque criaturas do outro mundo, já armas de cura aumentam o ganho de pontos de vida que seus soldados conseguem criar.

jogador equipando seus soldados com diferentes apetrechos - Otageek
São muitos equipamentos para se explorar, o que te faz querer jogar várias vezes seguidas (cuidado!!).

Esses combos, por sua vez, desbloqueiam jogabilidades diferentes. A defesa é o melhor ataque, ou o melhor ataque é… uma bola de futebol americano? Os combos são bem equilibrados, de forma que nenhuma combinação é inevitável, abrindo o leque de possibilidades para o jogador.

A Jogabilidade Casual de Despot’s Game

Despot’s Game, com certeza, conquista através de seus vários modos e elementos que, unidos, criam uma bagunça bem interessante.

A curva de aprendizado é bem sutil. Ensinando o básico para sobreviver nas masmorras, o tutorial é bem curto e as primeiras tentativas são tragicômicas. Mas as mecânicas do jogo não têm muitas surpresas e os controles são bem simples.

Conhecendo os combos, você já consegue avançar muitos níveis tranquilamente, principalmente através de cliques. Porém, isso não deixa o jogo entediante, pois seus elementos procedurais de geração de mapas garantem que cada partida seja única, bem como os desafios aleatórios a cada nível.

soldados entrando em um tubo para o próximo nível - Otageek
Até que andar você consegue levar seu exército de cobaias?

Nesse sentido, há alguns elementos que lembram a jogabilidade dos idle games, como opções de fast-forward para as lutas e automatizar a organização dos soldados no mapa apertando uma só tecla.

A campanha toda pode ser feita no modo singleplayer, porém, é possível jogar em multiplayer no modo PvP – ainda vazio por conta do lançamento recente, mas ainda assim promissor, dado o cuidado do estúdio em fortalecer a comunidade pelo Twitter e grupos no Facebook.

Um Arcade Retrô Distópico

Despot’s Game tem uma inspiração direta nos anos 80 – não apenas no seu visual, mas também nas referências da cultura pop. Explico: parte dos equipamentos são baseados em estereótipos vindos diretamente de um filme da sessão da tarde ou de uma mesa de D&D.

Assim, temos uma categoria de CDFs, com seus apetrechos tecnológicos, outra dos fortões, com seus ataques melee com bônus… ou até mesmo os queridinhos do RPG, como magos e cavaleiros.

Às vezes, os desafios de cada nível lembram a sinopse de um filme B de terror dos anos 80 – quase uma sequência espiritual para o Evil Dead II (1987, Sam Raimi). E os minijogos baseados em texto adicionam a esse gostinho retrô, também lembrando a explosão de jogos text-based da época, como Guild of Thieves (1987, Magnetic Scrolls).

Soldados lutando contra zumbis - Otageek
Os zumbis serão o menor dos seus problemas!

Por fim, a arte em pixel inspirada nos consoles da época (de um Super Nintendo, por exemplo) dá o toque final de nostalgia.

Essa estética da arte pixel e rogue-like de um futuro distópico conversa muito com jogos como Doomsday Hunters (Moregames, 2020) ou Streets of Rogue (tinyBuild, 2019). Inclusive, a tinyBuild entra também como desenvolvedora de Despot’s Game, mostrando seu potencial para games indie e arte em pixel.

Despot’s Game: Um Delicioso & Cômico Casual Tático

De forma geral, é uma experiência bem original – os elementos RPG ganham uma releitura cômica muito refrescante, atiçando a curiosidade ao mesmo tempo em que partem de um lugar comum.

Portanto, é também nesse lugar comum que o jogo tem uma de suas forças – são estereótipos que criam uma familiaridade logo quebrada pelos equipamentos inusitados, como geladeiras, cosplays, desfibriladores… Assim, a história é muito cativante e se costura muito bem com os desafios.

Os minijogos baseados em texto, porém, ficam um pouco deslocados do jogo, pois contam com personagens únicos que não existem fora desses minijogos. Parecem duas experiências diferentes, com o porém de que esses minijogos têm influência direta no jogo.

Além disso, as opções para acelerar ou automatizar as jogadas casam muito bem com as rodadas curtas e seguidas. Porém, isso pode deixar o jogo repetitivo.

Por fim, mesmo que seu objetivo não seja zerar o jogo, Despot’s Game oferece uma experiência muito cativante e prazerosa, oferecendo diferentes possibilidades de estratégias e planejamentos.

Os soldadinhos dessa cômica masmorra te chamaram a atenção? Confira o trailer aqui:

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Riuler Luciano
Riuler Luciano

Jornalista Cultural e Marketeiro, cresceu lendo quadrinhos dos X-MEN é amante de Cultura Pop e Pequi!

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