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Crítica | Malibu Renasce e o poder de ressignificar
Malibu Renasce é o mais recente lançamento da escritora Taylor Jenkins Reid, muito conhecida no Brasil, principalmente por seus romances Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e Daisy Jones & The Six, lançados pela editora Paralela, selo da Companhia das Letras. Em seu novo romance, a autora traz um pouco do universo de Evelyn Hugo e de Daisy Jones, só que dessa vez por um ponto de vista diferente.
Em Malibu Renasce conhecemos a história dos irmãos Riva, filhos do famoso cantor Mick Riva – e aqui a autora já deixa um elo entre esse personagem e as outras histórias, pois Mick foi um dos maridos de Evelyn e também aparece em Daisy Jones, nesse sentido, quem já leu esses livros consegue ter uma noção da personalidade do cantor.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira, acompanhamos o decorrer de um dia na vida dos irmãos, que estão se organizando em função de uma festa que acontecerá à noite. Intercalando com isso, ainda na primeira parte, conhecemos o passado dos irmãos, partindo do nascimento de cada um, ou seja, conhecemos como tudo aconteceu: o romance entre June e Mick e, além disso, o que fez cada um dos quatro irmãos ser o que é hoje.
A segunda parte é focada na famosa festa que ocorre todo ano na mansão de Nina Riva, a irmã mais velha. Assim, vamos ter os pontos de vista de todos os quatro irmãos – como em todo o livro, só que com foco maior nesse momento – Jay, Hud, Kitt e Nina. Nessa parte, também vemos o desfecho de muitos acontecimentos da primeira parte e passamos a entender melhor as atitudes e comportamentos dos personagens, já que conhecemos muito do seu passado.
O que esperar de Malibu Renasce?
Para quem ainda não leu nada de Taylor Jenkins Reid, Malibu Renasce é uma ótima porta de entrada. Mesmo fazendo referência a um personagem que aparece em outros livros, a experiência não é comprometida. É nesse livro que conhecemos realmente Mick Riva, entendemos seu passado, suas motivações no começo de carreira e muito do que o influenciou a ser a pessoa que ele é.
Para aqueles que já conhecem a autora e gostam desse mundo de fama e glamour, Malibu Renasce também traz essa nostalgia dos outros livros que entram nessa pegada. No entanto, ele não se prende a fórmulas, ou seja, não leia esperando que seja um “novo” Evelyn Hugo ou Daisy Jones. Taylor Jenkins Reid consegue mostrar sua criatividade através de uma história diferente, mas ainda se mantendo dentro desse universo de fama que ela vem construindo.
Apesar de conhecermos os irmãos Riva como pessoas famosas, nem sempre essa foi a realidade em suas vidas, e é isso que percebemos ao longo da história. Assim, encontramo-nos longe dos holofotes de Hollywood, com uma trama na qual o foco não é a fama em si, mas a trajetória desses personagens, que consequentemente ficaram famosos.
A escrita fluida é capaz de nos levar rapidinho para as praias de Malibu, despertando a vontade de surfar e pegar várias ondas, mesmo sem fazer a mínima ideia de como subir em uma prancha. Em pouco tempo, é como se já conhecêssemos o tudo e frequentássemos constantemente muitos dos lugares descritos. Mais uma vez, é possível ver nessa história como, além da ambientação, Taylor Jenkins Reid consegue criar personagens extremamente reais, complexos, cheios de conflitos e que precisam enfrentar a vida, pois não vivem em um conto de fadas.
A relação entre os irmãos e a forma como eles enfrentam juntos os conflitos e a enxurrada de problemas com os quais precisam lidar ao longo da vida é muito real, palpável e, com certeza, tem um poder de gerar identificação e empatia, principalmente em quem também tem irmãos. Nesse sentido, muitos temas são discutidos na história, como autoconhecimento, maternidade, paternidade, luto e perdão. Apesar de não se aprofundar em grandes reflexões sobre esses temas, é possível perceber a prática de tudo isso nas ações dos personagens.
Por ter muitos personagens na história, há também uma diversidade de pontos de vista que agrega muito na exploração dos temas que o livro aborda e também serve para entendermos melhor como os acontecimentos da vida destes personagens refletiram em cada um, além de oferecer diferentes interpretações de uma mesma situação. É possível também conhecer melhor os lugares em que se passa a história, já que em diversos momentos acontece de cada personagem estar em um lugar diferente.
No entanto, na segunda parte do livro, quando a festa já começou, passamos a acompanhar alguns outros pontos de vista: os dos próprios convidados. Isso acaba ficando um tanto aleatório, pois esses personagens são introduzidos muito rapidamente e não acrescentam, de fato, ao enredo da história. Afinal de contas, o que desperta a curiosidade é o interesse no desfecho dos acontecimentos principais que começam a tomar forma.
O final do livro também já é algo que a autora “revela” no início do livro, como uma questão histórica de Malibu. Dessa forma, o interessante é saber como aquilo realmente vai acontecer. Então, se queimar faz parte da natureza de Malibu, como Malibu renasce? É interessante perceber como isso influencia diretamente nos personagens e entender como renascer é ressignificar muita coisa que parecia inalterável.
No geral, a história é muito boa, consegue discutir muitos assuntos importantes de forma madura e trazer personagens humanos, reais e bem construídos, que emocionam e geram empatia em quem lê. Além disso, a ambientação é muito importante para o enredo e para compreendermos a vida dos personagens, e isso é muito bem feito no livro, sem se exceder em grandes descrições, mas incorporando-as no decorrer da história. Tudo isso acompanhado de uma escrita envolvente, que faz com que as páginas passem voando.
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