Crítica Loki | Episódio 3 rompe status quo com duplicidade

Novo capítulo leva a trama para contextos totalmente inéditos e permite ao personagem brilhar em jornada de auto descobrimento.

O terceiro episódio da série ‘Loki‘, do nosso querido deus da trapaça, estreou hoje (23) às 4 horas, exclusivamente no Disney+.

Mas antes de ir a fundo na análise crítica do novo capítulo, gostaria de pontuar uma subtrama que vem nutrindo pistas desde o princípio da série. Trata-se dos Guardiões do Tempo. E sim, eu acredito que a Marvel esteja querendo nos dizer alguma coisa.

Subtrama dos Guardiões do Tempo

Não parece ser simplesmente ao acaso que as representações monumentais dos Guardiões do Tempo, na sede da AVT, sempre acabem ganhando um enquadramento aqui e ali em todos os episódios para lembrar o espectador de que eles existem e são importantes.

Quando a série resolve mostrá-los, ela frequentemente se utiliza de uma técnica de enquadramento com aproximação lenta, fechando o quadro cada vez mais nas figuras estáticas e misteriosas.

Mas esse recurso não é gratuito, principalmente se considerarmos a sua reincidência. Ele serve para nos entregar detalhes que normalmente passariam despercebidos, e/ou para dar uma sensação de maior peso àquelas figuras, mesmo que simbolicamente (já que eles não foram apresentados de fato – ainda).

Estátuas dos Guardiões do tempo na série Loki - Otageek
Estátuas dos Guardiões do Tempo.

Logo no início do terceiro episódio, naquela introdutória recapitulação de trama, é difícil não notar que as estátuas dos Guardiões do Tempo possuem um destaque significativo, seja no coração da base de operações ou no escritório da Ravonna Renslayer.

Em seguida, Lady Loki (que prefere o codinome Sylvie) aparece manipulando a mente de uma agente da AVT, a fim de conseguir informações do paradeiro dos Guardiões do Tempo. E a série até brinca com a nossa imaginação ao citar um “elevador dourado” que levaria até eles, fazendo o espectador antecipar mentalmente como seria esse encontro de personagens no local sagrado.

diversas teorias na internet para tentar explicar o caminho pelo qual a Marvel está nos levando. Há quem diga que os Guardiões do Tempo não são reais, apenas simbólicos, e que Ravonna seria a única a saber sobre isso na AVT, mantendo o segredo até mesmo de Mobius – que admitiu nunca ter visto os guardiões pessoalmente.

Entretanto, a teoria que mais chama a atenção é a de que um guardião em específico é, na verdade, um infiltrado. De alguma forma, Kang, o Conquistador teria tomado o lugar de um dos guardiões do tempo e interferido nos rumos da linha do tempo sagrada com a sua influência ao lado dos guardiões. Isso explicaria porque uma das estátuas em específico ganha mais destaque na condução da direção de Kate Herron.

Apesar de mais improvável, também existe a chance dessas pistas serem furadas e a Marvel estar apenas brincando com os fãs. Isso aconteceu em WandaVision, quando a Marvel entregou muitas pistas de que o Mephisto poderia dar as caras ao final da série e tudo não passou de um devaneio dos fãs.

Essa história dos Guardiões do Tempo só revelará a verdade – se revelar – ao final da série. Contudo, é uma subtrama importante para se atentar às pistas e demais revelações nos próximos episódios.

Duplamente Loki

Se o primeiro episódio se ocupou em introduzir e estruturar a trama com bastante didatismo e o segundo episódio reforçou que a AVT não é o lugar em que Loki deve estar, este terceiro episódio entregou novos ares ao mergulhar o personagem em uma jornada profunda consigo mesmo (ou quase isso).

Numa tentativa frustrada de se toparem com os Guardiões do Tempo no quartel-general da AVT, Loki e sua variante Sylvie acabam sendo transportados para Lamentis, um planeta prestes a colidir com a própria lua – planeta esse que carrega o título do episódio.

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Se não bastasse o evento apocalíptico prestes a acontecer e a impossibilidade de se transportarem dali, os deuses da trapaça são obrigados a formar uma aliança estruturada apenas em desconfiança e necessidade.

Loki e Sylvie trabalhando em conjunto para escaparem do planeta Lamentis - Otageek
Sylvie e Loki trabalhando juntos.

É nessa relação de mutualismo emergente (que mais se parece com uma competição) que os personagens vão se desenvolvendo e ganhando profundidade, já que apesar de não confiarem um no outro, a união de forças é a única saída.

Com isso, o roteiro vai pouco a pouco explorando a curiosidade que um sente pelo outro – já que, afinal, são variações de si mesmos –, o que possibilita uma identificação recíproca e até mesmo uma trégua com o avançar da trama.

A química da dupla está muito bem entregue nas mãos de Tom Hiddleston e Sophia Di Martino, que brilham com conforto e naturalidade ao contracenarem em seus papéis.

Aqui, o humor é o grande elemento mágico que faz o episódio se sobressair, e ele se dá principalmente através das boas tiradas de diálogos e de revanchismos por parte dos personagens, cada um buscando se auto afirmar como um Loki superior ao outro.

Questão Técnica

Ainda que tenha um tempo de duração mais curto do que o habitual, a beleza visual do episódio desta semana chama bastante a atenção, mostrando que a Disney desembolsou uma boa quantia para elevar o patamar técnico da série.

Fotografia exótica e cenário realista compõe artisticamente a parte técnica do episódio 3 de Loki - Otageek
Cenário e fotografia são pontos altos da estrutura audiovisual do Episódio 3.

A direção de arte é muito bem trabalhada, com uma fotografia fria em tons arroxeados que conferem uma atmosfera única e ao mesmo tempo exótica ao planeta Lamentis, além de um cenário bastante impressionante e crível aos olhos da ficção.

Ao mesmo passo, os efeitos visuais nitidamente possuem um cuidado especial de nível Hollywoodiano. É evidente que o episódio ainda não esteja no mesmo patamar que grandes filmes recentes do MCU na questão de CGI, mas já supera tranquilamente a maioria das séries.

Resta saber se esse padrão técnico se manterá nos próximos episódios, assim como se a trama continuará evoluindo a passos interessantes, sempre finalizando o episódio da semana com esse gostinho de quero mais.

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André Shazy
André Shazy

Aficionado pelo universo de quadrinhos e super-heróis, sou um admirador nato da sétima arte. Pai de uma shih-tzu e membro de um grupo de RPG, atualmente faço graduação de Geografia na USP e aprendo sobre escrita criativa nas horas vagas.

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Cleonice Becker

Excelente crítica e análise dos elementos cinematográficos e psicológicos dos personagens, bem a atuação, roteiro e trama desenvolvida. E ainda a mensagem que a série transmite aos seus telespectadores.

Rachel Bertolino

Adorei a crítica!!! Parabéns!!! Adoro a série e alguns detalhes só percebi depois de ler a crítica.

Sandra Panzarella

Muito bem comentado! Faz menção e evidencia trechos marcantes de forma ímpar!