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Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura entrega diversão com história bagunçada
A tão aguardada sequência de Doutor Estranho (2016) finalmente chega aos cinemas e seu título não poderia ser mais certeiro, já que loucura é o melhor jeito de definir esse filme, seja isso para o bem ou para o mal. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura entrega diversão com visuais insanos, no entanto sua história acaba sendo uma bagunça quando se trata em desenvolver seus protagonistas.
Crítica sem spoilers!
O filme começa com Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) tendo estranhos sonhos em que ele e a jovem America Chavez (Xochitl Gomez) são perseguidos por um monstro perigoso. No entanto, Stephen descobre que esses sonhos são bem reais e que vai precisar da ajuda de Wanda (Elizabeth Olsen) para descobrir o que está acontecendo.
Essa é a proposta inicial do filme sem entregar muito, mas espere tudo isso virar de cabeça para baixo rápido, pois logo nos primeiros 20 minutos de filme existe diversas reviravoltas que resultam em batalhas gigantescas, causando a sensação de que você já está na metade do longa sem entender como chegou ali.
Adrenalina, Surrealismo e infinitos universos
Assim que o filme engata nas primeiras lutas que dão inicio a história é difícil não ficar ansioso com o que vai acontecer. Diferente de outros filmes, Multiverso da Loucura se propõe a trazer algo novo na narrativa ao invés do típico vilão tradicional da Marvel. A trama busca explorar conflitos e ambições maiores, trazendo uma imprevisibilidade nas cenas de ação que ocorrem.
Espere enormes cenas de ação com muito CGI, muitos demônios, magias e tudo o que você tem direito nas histórias de misticismo da Marvel. As batalhas exploram visualmente as diferenças entre bruxaria e feitiçaria e prometem agradar aqueles buscando ação e lutas grandiosas.
Após esse início agitado, o filme permite explorar as questões do multiverso e o desenvolvimento dos personagens em relação a isso. Existem diversas referências a What If que vão agradar os fãs do seriado.
Dentro do multiverso vemos mundos brilhantes, coloridos, pós apocalípticos e até algumas versões parecidas com a realidade do universo conhecido dos filmes. Todos esses locais são muito interessantes e te passam ainda mais vontade de explorar cada um, mas muitos acabam sendo flashs rápidos devido ao tanto de coisa que acontece na história.
O diretor Sam Raimi (Homem-Aranha 1,2 e 3) trabalha bem as loucuras visuais que o multiverso e a magia permitem, aproveitando até para trazer um pouco de terror no desconhecido que existe no místico. Conforme o filme avança e os personagens se veem perseguidos por uma força mística inabalável, o filme começa a explorar ainda mais o terror sobrenatural na trama.
Da metade para o final, a história engata em um ritmo de terror um pouco mais forte, chegando até ser mais violento e brutal, levando ao limite de sua classificação etária. Isso pode chocar alguns ao assistir, mas no geral essa mistura com o terror é bem feito e acrescenta uma visão única para a personalidade do filme.
Em questão de ritmo, Doutor Estranho no Multiverso da loucura é bem mais agitado que alguns filmes recentes, tendo alguns momentos mais devagar entre as diversas cenas de ação mágica. Geralmente essas pausas calmas servem para trabalhar o drama ou são usadas para explicar algo, no entanto elas nem sempre funcionam, já que é tanta informação trabalhada no filme que as vezes fica difícil se envolver no momento.
O impacto do multiverso nos personagens
Além de muita ação o multiverso tem um impacto grande nos personagens que conhecemos. Por diversas vezes é mencionado o quão perigoso e imprevisível o multiverso é, nesse filme não só vemos isso, mas também vemos o quão tentador ele pode ser.
E se o doutor estranho tivesse tentado impedir o Thanos de outro jeito? Aquele era o único jeito? O que poderia ter sido é uma questão importante que faz todos os personagens refletirem sobre suas ações. O personagem do Doutor Estranho por exemplo, se encontra em negação sobre como se sente com sua vida e questionando suas escolhas conforme o desenrolar do filme, vendo que talvez existisse outras possibilidades e rumos que poderia ter seguido.
Um dos maiores focos do arco narrativo do Stephen que é sua relação com sua ex-mulher Christine (Rachel Mcadams) acaba sendo pouco eficiente, já que é difícil de lembrar sobre os conflitos dos dois personagens sendo que o último filme do protagonista foi em 2016.
Já Wanda se encontra em uma continuação do seu luto visto em Wandavision, dessa vez a personagem busca um jeito de ter seus filhos de volta e encontrar felicidade após todas suas perdas. Apesar de intrigante o caminho que escolheram trabalhar a personagem, parece existir uma certa contradição com o que foi visto no final da série, já que Wanda parece retroceder o trabalho feito com seu luto.
No final de Wandavision, vimos uma Wanda que escolhe abandonar aquela realidade que causava dor aos outros e busca abraçar sua dor e lidar com o luto, já no filme parece que temos o retorno de certos temas e algumas contradições. O filme até tenta explicar melhor as motivações que levaram a essas escolhas e o impacto da magia que a Wanda explora, no entanto poderiam ter focado mais nisso para que não passasse a impressão de um retrocesso da personagem.
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Existe um paralelo interessante entre as jornadas de Stephen e Wanda, já que um se encontra na negação de sua infelicidade e Wanda abraça a sua para buscar um caminho melhor. Conforme o filme passa, vemos o quanto os dois tem em comum ou podem ter quando se trata dessa busca por uma vida diferente e os limites que ultrapassariam para fazer o que acreditam ser o certo.
Apesar dos dramas não alcançarem todo seu potencial, os atores entregam tudo em suas cenas, Elizabeth Olsen está em outro nível como Feiticeira Escarlate e vende cada cena em que aparece. America Chavez também é extremamente carismática e apesar de não ter tido tantos momentos marcantes, deixa aquela vontade de querermos ver mais dela. Cumberbatch também está ótimo e mesmo com alguns problemas narrativos, traz um desenvolvimento importante e necessário para seu personagem.
Conclusão
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura tem diversos acertos e diversos problemas, é um filme interessante que tem ideias boas e no final acaba divertindo e definindo ainda mais como funciona o multiverso.
Com debates interessantes e um tema intrigante, o filme traz muito para se refletir e discutir, mesmo não alcançando todo o potencial dos personagens e suas histórias. Personagens como Wong e Christine acabam ficando um pouco de lado e até mostram ter histórias mais complexas, mas realmente não sobra tempo e ficam mais em função da narrativa.
O filme também conta com participações especiais que acabam se tornando mais um agrado para os fãs do que realmente algo relevante, nos fazendo questionar se de fato teremos algo mais para frente.
No final, o filme consegue entregar diversão, um multiverso intrigante e uma vontade de ver ainda mais da história.
Assista ao trailer:
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