9 filmes para mostrar que ser eternamente criança é uma má ideia

Ninguém duvida que a infância é uma fase maravilhosa, mas seria uma boa ideia que durasse para sempre?

Tivemos o Dia das Crianças durante a pandemia e ele não poderia passar incólume. A ONU até tentou lançá-lo internacionalmente como dia 20 de novembro, mas a ideia não vingou. Portugal, Angola e Moçambique comemoraram no dia 1º de junho.

Em 1924, o então deputado federal Galdino do Valle Filho começou a elaborar a lei que oficializaria a data comemorativa no Brasil. Em 5 de novembro do mesmo ano, o decreto nº 4867 oficializa então o feriado, mas isso também não causou muita comoção. Somente em 1955, a fábrica de brinquedos Estrela lançou uma campanha tão eficaz que revitalizou a data de 12 de outubro, comemorada até hoje.

De qualquer forma, ninguém duvida que a infância é uma fase maravilhosa e chega-se a cogitar como seria bom se durasse para sempre, se seus filhos não crescessem nunca, etc. Bem… aqui vai uma seleção não só de filmes para mostrar porque seria má ideia.

1 – Entrevista com o Vampiro (1994)

Anne Rice conseguiu emplacar seu nome no panteão dos contistas de vampiros com sua trilogia que, infelizmente, só rendeu UM filme bom. Brad Pitt ainda tava naquela de ser o gato da vez, Antonio Banderas emplacou com seu teatro de vampiros, Tom Cruise estava tenebroso como Lestat (que parece ter pulado de algum anime como Hellsing ou Castlevania), mas Kristen Dunst como Claudia… !

Kristen Dunst como Claudia
Kristen Dunst como Claudia

Se você fica eternamente na forma de criança, tem duas opções: surtar e cometer suicídio à moda vampírica (se jogando no fogo ou esperando o dia amanhecer pra tomar AQUELE banho de sol) ou usar aquela aparência tenra a seu favor. Sei lá quantos anos de experiência mascarados por uma aparência cândida. O resto você pode imaginar… ou assistir.

2 – Sangue: O Último Vampiro (2000)

sangue: O Último Vampiro (2000)
E lá vamos nós…

Vampiro ou meio vampiro caçador de vampiros é um clichê que sempre funciona. No Japão, na década de 60, em uma escola norte-americana para moças cadetes, algumas das alunas são vampiras. Saya está na puberdade há mais tempo do que gostaria e não se matriculou nessa escola para estudar… muito menos para fazer amizade.

3 – Closer to God (2014)

Closer to God (2014)
Closer to God (2014)

Quem é mais velho ou aficionado em filmes de horror thrash se lembra dessa relíquia: Nasce um Monstro (1974) (no original, It’s Alive, que provavelmente serviu de inspiração para o nome do primeiro álbum ao vivo do Ramones). Não consigo deixar de estabelecer a comparação: parece que resolveram refazer Nasce um Monstro, só que sério!

Não que o primeiro não fosse, mas este eleva a ideia de um filme thrash à categoria de drama, ao menos numa premissa semelhante. No primeiro você chega a se apiedar da criança; neste, não há de quem sentir pena… nem do médico. Talvez apenas lamentar o seu erro.

4 – Filho do Homem (Hellblazer #129 a #133 – 1988)

Quando um autor abandona um título, o que assume tem três caminhos possíveis: imprimir o seu estilo, fatalmente descaracterizando o personagem (o que aconteceu com Brian Azzarello), suprimir o seu próprio estilo em favor do clima das histórias (como fez Warren Ellis) ou deixar a sua marca sem descaracterizar o personagem.

Filho do Homem (Hellblazer #129 a #133 - 1988)
Filho do Homem (Hellblazer #129 a #133 – 1988)

O criador de Preacher e The Boys nos traz uma trama na qual o mago dos quadrinhos (não, não é o Doutor Estranho nem Alan Moore, mas o seu filho editorial) se vê confuso com o pedido de um gângster que tem seu filho morto num acidente de trânsito e pede a Constantine que o ressuscite.

E ele o faz no melhor estilo Naruto, invocando um demônio de sei lá qual círculo do inferno e o depositando no corpo do garoto falecido, que nunca mais cresce. No decorrer dos cinco episódios, boas gargalhadas pipocam entre um tiro e outro. Cortesia de Garth Ennis, o Tarantino dos quadrinhos.

Obs.: Esta história chegou ao Brasil em 2002 pela Brainstore e foi reeditada em 2016 pela Panini Comics.

5 – Colheita Maldita (1984)

Uma vez, quando estava na casa de uma amiga, deparei-me com uma estatueta onde estava escrito: El Dios del Maíz (O Deus do Milho) e lembrei na hora! Em 1977, Stephen King lançava seu conto Children of The Corn (cujo nome serviu de inspiração para a banda Korn lançar sua música: Children of the Korn, com Ice Cube) para a revista Penthouse e, um ano depois, em sua coletânea Night Shift (lançado no Brasil em 2012 como Sombras da Noite).

Colheita Maldita (1984)
Colheita Maldita (1984)

É comum a alguns autores europeus ou norte-americanos considerarem os deuses pagãos e personagens folclóricos como demônios, vide o que os padres jesuítas disseram do Anhangá e do Jurupari. Tá bom que os Astecas (assim como as demais civilizações pré-colombianas) adoravam a morte, vide o Dia de Los Muertos mexicano, mas não precisava ter chamado o deus pagão do milho de demônio, Stephen.

Não vou nem comentar sobre a refilmagem porque ela fez o favor de estragar a surpresa logo no prólogo. “Mas que surpresa? É um remake!” Sim, mas é um remake de um filme baseado em um conto, então quem o leu saberia da mesma forma. Conseguiram estragar a obra mais do que o próprio King já o faz com suas adaptações para o cinema. Duvida? Vá assistir à série O Iluminado.

6 – Cemitério Maldito

E… ele de novo! Ainda não tive coragem de assistir a refilmagem, não por medo do filme, mas do que podem ter feito com ele. Cemitério Maldito é uma das duas histórias de Stephen King que gosto, junto com A Metade Negra (1993). Não, King não incorreu em racismo e quem vacilou com o título foi a nossa tradução (no original, The Dark Half).

Cemitério Maldito
Cemitério Maldito

Perder um animal de estimação é sempre ruim, mas é o que costuma acontecer pois eles vivem menos do que nós. Perder um parente então, nem se fala (mas é o que costuma acontecer, pois nossos pais devem morrer antes de nós, como já dizia Cocoon). Mas se esse parente é um filho… “Olha, tem um lugar lá no meio do mato que se você enterr…”, chega! Vai assistir o remake e depois me conta!

7 – Mama (2013)

Já ouviu falar de Amala e Kamala? Reza a lenda que as duas teriam sido criadas por uma loba, a la Mogli. Maior caô!* As duas sofriam da estranha e rara Síndrome de Rett, à qual as mulheres são menos suscetíveis e permanecem vivas por mais tempo.

Mama (2013)
Mama (2013)

A história da loba vem do mito grego de Rômulo e Remo e o filme Mama pegou a trama das duas pra criar um filme de terror. Ótima ideia, se não fosse um plágio descarado de Ju On (O Grito). Uma mesma sequência foi repetida em outros filmes e vou falar disso em um futuro artigo.

*engodo ou embuste em carioquês.

8 – Brightburn – Filho das Trevas (2019)

Assim como em Entrevista com o Vampiro, aqui temos muito poder com pouca idade. Da mesma forma como John Byrne recontou a origem de Super-Homem em Superman – O Homem de Aço (2006) (The Man of Steel – 1986) e novamente em Britânico Legítimo (2006) (Superman: True Brit – 2004) e Mark Millar em Entre a Foice e o Martelo (2004) (Red Son 2003), Brightburn (me recuso a repetir o subtítulo) reconta a origem do menino de aço numa perspectiva de terror jump scare.

Brightburn - Filho das Trevas (2019)
Brightburn – Filho das Trevas (2019)

Fala sério! O que você faria se tivesse os poderes do Super com 12 anos e seu pai dissesse “Não!”? Provavelmente o mesmo. Bem, talvez você não fosse um adolescente psicótico

9 – O Exorcista (1973)

Desnecessário falar algo sobre o maior filme de terror de todos os tempos! “Ah, mas eu não sou católico!” F… dane-se! Se você é humano (e não é um psicótico como citei no parágrafo anterior), vai sentir ao menos um arrepio na espinha ao assistir esse filme.

O Exorcista (1973)
O Exorcista (1973)

Linda Blair tinha apenas 13 anos quando protagonizou o filme baseado em uma história real(!), que teria acontecido a um menino. Não faltaram lendas urbanas a respeito do filme e de seu making off sobre acidentes no set, mortes de profissionais envolvidos e o fato de que Linda nunca mais teria alavancado sua carreira desde então. O que pouca gente sabe é que esta foto sua serviu de modelo para a ilustração do RPG Vampiro: A Máscara (Vampire: The Masquerade – 1991).

Vampiro: A Máscara (Vampire: The Masquerade - 1991).
Vampiro: A Máscara (Vampire: The Masquerade – 1991).

Publicado originalmente em 11 de outubro de 2020, em nosso antigo site.

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Claudio Siqueira
Claudio Siqueira

Escritor, poeta, Bacharel em Jornalismo e habitante da Zona Quase-Sul. Escreve ao som de bits e póings, drinkando e smokando entre os parágrafos. Pesquisador de etimologia e religião comparada, se alfabetizou com HQs. Considera os personagens de quadrinhos, games e animações como os panteões atuais; ou ao menos, arquétipos repaginados.

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