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Crítica | Star Wars: Visions e a neblina escarlate, Akakiri
Em sua nova antologia, a franquia Star Wars ganha mais um membro, a versão chamada Star Wars: Visions, com nove episódios. Anunciada em dezembro de 2020, a série só liberou as maiores informações durante a Anime Expo Lite, em julho de 2021.
Nessa crítica, trataremos sobre o episódio número 9 do Star Wars: Visions, chamado Akakiri. Akakiri (赤霧) vem do japonês e significa “neblina escarlate” em tradução livre.
O episódio é animado pela Science Saru, uma produtora jovem com 8 anos de atuação. Mas mesmo com pouco tempo de vida, tem projetos famosos como “Devilman Crybaby” e “Keep your hands off Eizoken!”.
Os Princípios da Honra
Em Akakiri, conhecemos o solitário Tsubaki, um guerreiro jedi que vaga pelo mundo até ser encontrado por uma antiga conhecida, Misa, e seus dois atrapalhados vigias, Senshuu e Kamahachi.
Tsubaki, apesar de solitário, mostra ter uma história, um background. Ele vaga pelo mundo em busca de se tornar mais forte, junto de seu sabre de luz (que aqui mais parece uma espada samurai do que, realmente, um sabre).
Já Misa, por questões políticas, vaga pelo mundo e encontra Tsubaki. E por causa dessas questões, é acompanhada por Senshuu e Kamahachi. A personagem tem um belíssimo estilo de maquiagem futurista, com recortes em neon.
Um dos atrativos do episódio, ou até mesmo da série em geral, é a estética, que mistura elementos tradicionais do Japão antigo, remetendo muito ao Xogunato, e os elementos futuristas de Star Wars. Por que o Xogunato? O motivo se remete ao fato de como a força do Sith consegue dominar até mesmo as partes mais influentes da sociedade no episódio.
O Xogunato foi um sistema de governo que durou no Japão de 1192 até 1867, quando houve a queda do sistema e abertura do país para a cultura ocidental. Eles foram uma força militar que controlava toda a sociedade na época, até mesmo a família real.
Voltando-se a Tsubaki, sua busca pela força é motivada por uma questão de honra: diferentemente dos heróis norte-americanos ou dos animes e mangás shounen, o samurai jedi é mais ao estilo “lobo solitário”. A ideia do “xogunato” do Sith não amedronta Tsubaki, que fará o máximo para cumprir seus objetivos, mesmo que isso custe caro.
O Preço da Honra e o Akakiri
A jornada solitária de Tsubaki acaba virando uma pequena comitiva ao encontro de Misa, Kamahachi e Senshuu. E por mais tensa que a jornada possa parecer, o grupo consegue superar adversidades com momentos de descontração.
Misa, com a ajuda de Tsubaki, precisa cumprir uma missão a fim de terminar com as questões que lhe perseguem. O encontro com o passado não traz indiferença a ela, mas pelo contrário, é motivo para seguir em frente e concluir seu destino.
Mais corajosos do que aparentam, Kamahachi e Senshuu são leais a Misa e, aos poucos, também ajudam Tsubaki. Os dois representam o alívio cômico e o apoio do episódio. Chegando perto do confronto final, memórias do passado assolam o samurai solitário. Tal qual os filmes principais da franquia, a questão do amor vem à tona, mas de forma regrada.
Misa e Tsubaki encontram Masago, responsável por causar os conflitos internos nos dois personagens. Masago é indomável, representando o poder dos Sith e a dominação que é facilmente alcançada pela força do militarismo.
A incrível habilidade de retórica da vilã representa de maneira forte como o dark side consegue entrar dentro da consciência dos outros. Nem mesmo Tsubaki consegue escapar da retórica e do terrível destino que lhe aguarda.
Masago consegue converter os princípios heroicos de Tsubaki, fazendo uma reviravolta na situação tanto do samurai solitário quanto de Misa. A conversão dos valores mostra, novamente, como os Sith conseguem superar velhos princípios, revelando a fragilidade e desespero humanos. Sobra apenas uma neblina escarlate, a Akakiri.
Akakiri mostra como a virtude humana pode ser facilmente manipulada e usada por meio da força. Tsubaki é a perfeita representação disso e, por mais que os eventos se sucedam de forma rápida, o choque do personagem e a quebra da virtude não devem ser subestimados.
Por trás da neblina vermelha…
Em oposição à fragilidade humana que o episódio representa, o episódio tem vários pontos positivos. Science Saru, mesmo sendo um estúdio jovem, não deixa a desejar: a animação é fluida e os traços são característicos o suficiente para lembrarmos dos personagens. Nenhum dos cinco consegue passar batido.
A dublagem em inglês também é primorosa, principalmente no papel de Masago, no qual a voz é forte e imponente, sem precisar apelar para a violência. Isso se complementa bem com as falas da personagem.
Outra voz marcante é a de Senshuu, do famoso ator George Takei, conhecidíssimo pelos fãs das séries de ficção científica.
Em um curto espaço de tempo, Akakiri, da série Star Wars: Visions, consegue apresentar muito mais do que apenas uma distração. Em pouco tempo, a sensação de mergulhar no universo de George Lucas com características da cultura japonesa é extremamente agradável desde os mínimos detalhes, chegando até a ser poética.
Confira o trailer da série:
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