Crítica | Pillow Talks, um poema em forma de quadrinho

A Poc Con é uma feira LGBTQIA+ de quadrinhos e artes gráficas de artistas brasileiros. Neste ano, durante os dias 26 e 27 de junho, o evento ocorreu em formato online. Mas, para aqueles que perderam, a Poc Con disponibilizou uma Gibiteca digital com dezenas de títulos disponíveis para download além de Pillow Talks.

Dentre eles, o webtoon Pillow Talks tem como autor o ilustrador, artista e designer gráfico Sasyk e conta com mais de 2 mil leituras no site webtoons.com/en/, além de uma nota de 9.77.

Capa ilustrada do site Poc Con, com a ilustração de três personagens em cima de motos, correndo com vários veículos atrás — Capa oficial da Poc Con.

Sobre o Quadrinho

O primeiro – e único lançado – volume Book Zero Human traz de forma introdutória dois personagens: Nico e Dazai. Dois meninos que durante todo o – breve- quadrinho são apresentados em 3ª pessoa. No decorrer de todas as 16 páginas que seguem, somos introduzidos a tristezas, tragédias e dores que esses personagens sentem enquanto sozinhos em seus quartos.

Pillow Talks conta, de forma extremamente poética, os pensamentos negativos, a raiva, a falta de aceitação de outros e de si próprio e a falta da sensação de pertencimento que os personagens – e todos nós – sentimos.

Primeira página do quadrinho Pillow Talks — Dazai

O quadrinho age como uma materialização da melancolia e, apesar de ser extremamente rápida, a leitura carrega um grande peso emocional. Isso talvez venha do autor ou dos personagens, mas, no final, a HQ é muito bem-sucedida em passar para o leitor os sentimentos mais puros da tragédia humana.

Além disso, não só nos textos, mas também nas ilustrações, Sasyk consegue passar beleza e melancolia. Os traços são muito realistas e exprimem uma ideia mística, como se os personagens estivessem cobertos por um brilho que nem mesmo suas tragédias conseguem ofuscar. E, para aqueles que facilmente se apaixonam por personagens 2D, Nico e Dazai vão com certeza entrar para a sua lista de paixões.