Crítica | O valor das memórias “Nos Tais Dias” de Alex Kioshi – POC Con 2021

Saudade da infância, preservação dos laços familiares e o registro das pequenas minúcias da rotina são os temas de “Nos Tais Dias”, quadrinho do artista gráfico Alex Kioshi, que está disponível na gibiteca digital da POC Con

quadrinho Nos Tais Dias de Alex Kiochi
Capítulo “O Sítio”, pág. 8.

A narrativa começa quando Kioshi, aos 8 anos, ainda era menino de brincar na terra, pescar no riacho e estender galhos para cutucar a fogueira do sítio em que seus avós viviam.

Quase todos os domingos, dona Amélia e seu Nelson – a quem o autor se refere carinhosamente como Baa-chan e Ji-chan – recebiam o neto para desfrutarem da companhia um do outro.

Nostalgia Nos Tais Dias

Alex Kioshi traduz em 25 páginas um objetivo muito genuíno: desenhar momentos que não quis se dar ao luxo de esquecer.

A leitura de “Nos Tais Dias” pode ser vista como um convite para os leitores viajarem para dentro das próprias memórias. Afinal, quem nunca passou os fins de semana na casa dos avós, escutando histórias sobre as infâncias deles e lendas pra lá de assustadoras, nas quais costumavam acreditar? 

Quadrinho "Nos Tais Dias" de Alex Kiosh
Capítulo “A Cobra”, pág. 14.

Além disso, a nostalgia da HQ vai além do comum, quando pode ser notada no capítulo “a cobra”, uma referência direta ao vilão mais temido de Harry Potter: Lord Voldemort, aquele que não deve ser nomeado. Parece um simples detalhe, mas essa pequena menção, com certeza, fará muitos relembrarem a sensação mágica que os livros e filmes da franquia carregam consigo.

Os Traços e a Simplicidade

Também é perceptível o cuidado que o autor tem ao compor cada linha que dá forma aos desenhos do quadrinho que, de fato, parecem ter sido desenhados por uma criança, tendo em vista a pouca quantidade de detalhes técnicos presentes em desenhos mais elaborados. 

Cada gíria, onomatopeia, e até mesmo as cores verde e laranja em predominância parecem ter sido escolhidas a dedo. O sentimento de que Kioshi está na nossa frente, contando-nos parte de sua história, é muito confortável.

Quem seríamos sem lembranças?

À medida que crescemos, as memórias do passado começam a se desprender de nós e, se não dermos um jeito de documentar as pequenas alegrias e frustrações da vida, de pouco a pouco estas podem cair no esquecimento. 

Em cada página do quadrinho, também podemos refletir sobre o quanto os significados se alteram com o passar dos anos, em como simples objetos ou situações vividas costumam ser corriqueiras no primeiro momento, mas depois se tornam fragmentos de lembranças que podem ser guardados com carinho no fundo do coração.

Nos Tais Dias - Alex Kioshi
Capítulo “A Gaita”, pág. 21.

Assim, o quadrinho do Alex Kioshi, sem dúvidas, pode ser pequeno em tamanho, mas é gigantesco em sentido e relevância. 

Que tal ler essa e muito mais HQs pra lá de boas? Basta acessar o site da Gibiteca digital da POC Con para conhecer projetos incríveis de quadrinistas brasileiros!

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Letícia Mendes
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