NFT | O que é um Token Não-Fungível?

O conceito de moeda não é tão óbvio quanto parece. Porém, entendemos o seu uso e sua utilidade em nosso dia-a-dia sem maiores problemas, e assim conseguimos compreender – mesmo que parcialmente – o fenômeno das criptomoedas. Agora, quando um print do primeiro tweet, uma cópia digitalizada de uma obra de Picasso e o meme da Nyan Cat são vendidos por milhões, as coisas começam a ficar bem confusas. Aí entra o NFT.

Mas na verdade, a ideia por trás dos NFT faz sentido e não é algo completamente abstrato e inútil. Tentaremos, de modo simples (e completo), explicar o porquê.

Primeiramente, o que seria fungibilidade?

Tal termo se refere a conceitos que vão desde a área jurídica até às bolsas de valores. Aqui, podemos entender fungibilidade como a característica de uma coisa que pode ser trocada por outra do mesmo tipo, de modo que se mantenha homogêneo o valor nessa troca, o que implica igual valor entre esses bens trocados.

Ocorre, por exemplo, quando uma nota de cinquenta reais é trocada por cinco notas de dez reais, ou quando uma barra de dez quilos de ouro é trocada por dez barras de ouro de um quilo cada; ou mesmo a troca de uma barra de ouro por outra barra de mesmo peso, ou uma nota de real por outra nota de real com o mesmo valor.

balança equilibrada em analogia a fungibilidade - otageek
Imagem retirada do CFA Institute.

Só para ser um pouco mais prolixo e para que os economistas geeks de plantão abaixem as armas: o conceito de “valor” aqui está em um sentido limitado mesmo, pelo bem da didática. Mas não se trata somente de valor. Hipoteticamente, uma ação da Apple pode ter o mesmo valor que uma ação da Google, entretanto, para serem consideradas fungíveis, as duas devem ser funcionalmente idênticas, o que não acontece nesse caso.

Então, o que seria um Token Não-Fungível?

Voltando ao ouro, imagine agora que esse ouro seja da aliança que você usou no seu (hipotético ou não) casamento. Se alguém derretê-la e te devolver exatamente a mesma quantidade de ouro usado para confeccionar sua aliança, ou simplesmente tomá-la e te devolver outro modelo idêntico em suas medidas, não seria a mesma coisa, certo?

Ou imagine que alguém pegue sua HQ edição numero 1 do homem-mosquito da terra-617 e te devolva a mesma HQ, porem de outra edição. Tecnicamente, o conteúdo é o mesmo, mas agora você está alguns milhares de dólares mais pobre, pois existem pessoas que estão dispostas a pagar bem caro pela exclusividade, garantida em registro, dessa HQ. Talvez agora você consiga entender melhor a ideia do NFT. Mas acredite, isso é só o inicio.

O NFT é pensado para o mundo digital e para o futuro da realidade virtual, onde já é possível observarmos concretamente, em suas devidas proporções, uma arte digital. E quando falo de proporções, imagine que existam artes digitais que podem ser maiores que edifícios quando vistas por meio de um óculos de realidade virtual, como é o caso da arte “Everydays: the First 5.000 Days“, uma colagem de 5.000 imagens digitais do artista americano Beeple, que foi vendida por 380 milhões de reais ao milionário indiano Vignesh Sundaresan.

NFT everydays the First 5.000 Days - otageek
Versão miniaturizada da obra digital “Everydays: the First 5.000 Days”.

O ponto da mídia digital é que ela é, em tese, infinitamente reproduzível. Minha cópia de uma foto é literalmente uma cópia idêntica da sua cópia. Então, para termos algo especial nesse caso – equivalente à primeira edição de uma HQ – dada a tecnologia que permite criar uma cópia exata com um simples copiar e colar, entra a blockchain.

Você pode usar a mesma tecnologia que está por trás da maioria das criptomoedas, que basicamente cria uma lista gigante para registrar onde está o dinheiro e quem o possui, para garantir que haja uma “edição limitada” de um trabalho digital.

Assim, você efetivamente terá um token que diz “Eu comprei uma das edições limitadas dessa arte, e não importa se alguém der um ‘control c control v’ nela, assim como não importa se alguém fizer uma cópia exata da minha HQ edição numero 1 do homem-mosquito da terra-617, pois tais peças serão para sempre únicas.” Isso permite também que o artista digital monetize suas obras, sem depender de um sistema de copyright centralizado.

NFT, criptomoedas e a questão ambiental

Um dos maiores desafios técnicos enfrentados nessa área é o problema de escalabilidade. O Índice de consumo de eletricidade do Bitcoin, elaborado pela Universidade de Cambridge, calcula que a criptomoeda precise de mais de 133 TWh de eletricidade por ano, equivalente ao gasto energético de países como Suécia e Argentina. Os NFT usam tecnologias equivalentes, portanto, suas redes atuais sofrem do mesmo problema.

Entretanto, existem duas vias sendo percorridas para enfrentar tal problema: há uma busca por parte dos envolvidos para sustentar essa rede descentralizada por meio de fontes renováveis de energia.

Além disso, existem melhorias técnicas sendo feitas na arquitetura das redes já estabelecidas para torná-las mais eficientes energeticamente, como também o desenvolvimento de outras blockchains com propostas de arquitetura diferentes, que podem solucionar de vez tal problema. Pessoalmente, não acredito que seja cedo demais para dizer que a tecnologia vencerá.

Não citarei nomes de projetos por questões legais.

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