Crítica | The Love Witch – Supo Mungam Plus

The Love Witch (2016) é dirigido e roteirizado por Anna Biller e estrelado por Samantha Robinson, Jeffrey Vincent Parise, Laura Waddell, Lily Holleman, Jennifer Ingrum e Clive Ashborn.

Samantha Robinson como Elaine em uma das cenas de The Love Witch. Otageek
Samantha Robinson como Elaine em uma das cenas de The Love Witch.

O filme conta a história da bruxinha do amor Elaine Parks (Samantha Robinson), que após perder seu marido, muda-se para uma cidade do interior em busca de um recomeço e um novo amor.

Em seu apartamento gótico vitoriano, ela faz feitiços e poções, escolhendo homens e os seduzindo. Mas mesmo que seus feitiços funcionem muito bem, ela acaba com uma série de vítimas infelizes. Quando Elaine finalmente conhece o homem dos seus sonhos, seu desespero para ser amada a levará à beira da insanidade e do assassinato.

Como o próprio título afirma, Elaine é uma bruxa. Então, o filme faz inúmeras referências aos ritos, costumes e práticas da religião Wicca. Outro elemento que ajuda a construir a identidade visual de The Love Witch é baralho de tarot. (Não deixe o jovem místico descobrir esse filme)

Elaine é uma personagem narcisista que quer ser amada a qualquer custo. Em The Love Witch, a protagonista é uma metáfora para o senso comum sobre comportamentos exclusivamente femininos.

Outros personagens como Trish (Laura Waddell) e Bárbara (Jennifer Ingrum) fazem esse equilíbrio ao desmistificar a prática da bruxaria e os conceitos enraizados que possuímos tanto sobre esse assunto como sobre o patriarcado.

Elaine deitada em um pentagrama, símbolo utilizado em religiões pagãs que representa os 5 elementos, água, fogo, ar, terra e a quinta essência (alma) em cena de The Love WItch. Otageek
Elaine deitada em um pentagrama, símbolo utilizado em religiões pagãs que representa os 5 elementos, água, fogo, ar, terra e a quinta essência (alma).

A protagonista adota esses comportamentos depois de ter passado a vida inteira vivendo conforme as regras ditadas pela sociedade patriarcal. Elaine sofreu muitos abusos e traumas e, por não ter se curado disso, nossa bruxinha acha que precisa ser a mulher perfeita e fazer tudo o que os homens querem para ser amada de forma genuína e profunda. (Da série: Personagens que precisam de terapia urgente)

Curiosidade: O filme demorou sete anos para ser finalizado pois Anna Biller, além de escrever e dirigir, também produziu, editou, criou os figurinos e compôs parte da trilha sonora de The Love Witch.

Com a estética, figurinos e estilo de filmagens inspirados nos anos 60, o filme faz homenagem aos clássicos A Feiticeira e Jeannie é um Gênio.

Anna Biller é feminista e muito vocal sobre seus princípios em seus projetos. Portanto, a diretora explora o conceito de The Female Gaze, um conceito feminista que fala sobre o olhar do público feminino. Essa ideia é oposta à noção de The Male Gaze, que representa o olhar do espectador heterossexual e a representação sexualizada de personagens femininos no cinema.

Ou seja, Biller enriquece o filme ao trazer uma perspectiva diferente do que estamos acostumados em filmes dirigido por homens.

Elaine em um bar com o seu interesse amoroso em cena de The Love Witch. Otageek
Elaine em um bar com o seu interesse amoroso.

Em entrevista para a revista norte-americana Elle, a diretora revela que grande parte do público não entendeu a sátira. Para ela, o mal-entendido parte do pressuposto de que o filme é uma paródia de filmes que objetificam mulheres e que The Love Witch seria uma espécie de tributo ou celebração desses mesmos filmes. Contudo, é justamente o contrário. Anna Biller fez um filme sobre como a vida de Elaine foi arruinada pela objetificação.

Em The Love Witch, a diretora também faz uma crítica sobre a visão deturpada que a sociedade tinha e ainda tem sobre bruxas e sobre a essência da bruxaria.

O filme tem vários momentos absurdos que provocam a reflexão sobre o que ocorreu durante a idade média, época em que as mulheres eram queimadas pela prática de “bruxaria”. Essa inquisição é o machismo em seu estado puro e Biller não perde a oportunidade de apontar as irracionalidades deste comportamento.

Samantha Robinson belíssima como nossa bruxinha do amor Elaine em The Love WItch. Otageek
Samantha Robinson belíssima como nossa bruxinha do amor, Elaine.

Samantha Robinson, nossa protagonista, está deslumbrante no papel. O figurino, a maquiagem e sua atuação estão em perfeita sincronia. A atriz é um dos grandes destaques do filme. Os tons monocromáticos, tanto do ambiente como dos looks de Elaine, são de encher os olhos.

The Love Witch conseguiu abraçar toda a sua cafonice, contar uma história que faça sentido para o público e fazer uma crítica sobre a sociedade patriarcal sem apelar para metáforas de difícil compreensão.  O filme já virou um grande clássico cult imperdível.

Veja o trailer

The Love Witch está disponível no streaming Supo Mungam Plus. Clique AQUI para assistir.

Leia mais:

Texto escrito por Sabrina Ventresqui

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Luna | A Patroa da Redação
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Tazdingo

Vou mandar para todos os jovens misticos

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