Crítica | RuPaul’s Drag Race 16 (Episódios 1 ao 4)

A temporada 16 de RuPaul's Drag Race traz novidades que, apesar prometerem surpreender o público, causam alguns questionamentos. Entre as competidoras, há drag queens interessantes, algumas com atitudes polêmicas, mas, ainda assim, muitas das competidoras parecem estar bem apagadas.
RuPauls Drag Race S16

A nova temporada de RuPaul’s Drag Race traz novas surpresas para movimentar o reality show, em seu 16º ano.

No ar desde 2009, RuPaul’s Drag Race ganhou seu espaço cativo no coração de fãs ao redor do mundo. A competição de Drag Queens comandada por RuPaul Charles (a famosa drag RuPaul, que dá nome ao programa), que busca em cada temporada premiar a nova drag superstar, ganhou versões em diversos países, como Reino Unido, Espanha, França, Itália e, é claro, Brasil.

Com uma variedade de desafios, como costura, atuação, improviso e performance musical, o reality mantém a sua longevidade ao conquistar a cada ano novos fãs e revelar talentos da arte drag, sejam vencedoras do programa ou não. Outra prova do sucesso do reality show é o fato da sua equipe ter levado 24 Emmy Awards desde 2016.

rupaul emmy

Quando a primeira temporada de RuPaul’s Drag Race estreou, acredito que nem o seu apresentador imaginava que a atração iria chegar tão longe. Com um crescimento gradual, apostando na arte queer e em participantes carismáticas, é fácil perceber as mudanças que o programa sofreu desde o seu primeiro ano. A começar pelo painel de jurados fixos e a qualidade da imagem.

Ao passo que o reality ia evoluindo e se atualizando, a arte drag cresceu e continua a se expandir em limites inimagináveis. E isso trouxe um mutualismo interessante, porque ao passo que o programa ditava tendências para artistas ao redor do mundo, muitas drag queens começaram a exigir maior representatividade e melhores posicionamentos do programa.

Análise da 16ª temporada de RuPaul’s Drag Race – Sem Spoilers

Rupaul

Desta forma, a 16ª temporada chega depois de uma histórica relação com a comunidade queer, influenciando e sendo influenciada por ela. Como a equipe de RuPaul Charles já havia tentado em anos anteriores, nesta edição de Drag Race temos a edição de algumas surpresas, para tentar apimentar o jogo.

A primeira delas é que nos dois primeiros episódios, no qual metade do cast é apresentado em cada um deles e apresenta um show de talentos, as drag queens precisam avaliar as performances de suas colegas. Numa reviravolta chamada de “Avalie uma Queen”, cada uma das sete artistas de seu respectivo episódio posiciona as apresentações das concorrentes em um ranking, de acordo com o que gostou mais (ou tentando se beneficiar com alguma estratégia). Isso tira das mãos dos jurados a escolha das melhores e piores participantes da semana.

As duas melhores de cada episódio dublam uma música e a vencedora, escolhida pelo júri, leva a vitória da semana, juntamente com um prêmio em dinheiro de 5 mil dólares. Mas as surpresas não param por aí: cada uma das vencedoras ganhou uma poção da imunidade, que pode ser utilizada para beneficiar elas próprias ou alguma colega. Porém, isso poderá ser utilizado apenas por um tempo limitado.

drag race imunidade

Acredito que essas reviravoltas são interessantes para trazer um novo frescor ao reality, mesmo sem mexer drasticamente em sua fórmula. A primeira traz um grande potencial de causar conflitos entre as participantes, uma pena que foi implementada em apenas três episódios, e pode não se tornar algo memorável para os espectadores no final da temporada. 

Já a segunda vem nos moldes do péssimo twist das barras de chocolate da 14ª temporada, onde cada uma das eliminadas abria uma barra de chocolate da marca de RuPaul após a sua eliminação. Se dentro da embalagem tivesse chocolate, a participante estaria eliminada, se estivesse uma barra de ouro, a Drag Queen retornaria ao programa. O que me incomoda aqui é a falta de explicação ao público sobre como funcionará a utilização dessa nova reviravolta: sabemos que servirá para imunizar uma das artistas, mas até quando poderá ser utilizada? Será utilizada antes ou depois da competidora dublar “pela sua vida” (para continuar no programa)?

O elenco do reality show é formado pelas seguintes drag queens: Amanda Tori Meating, Dawn, Geneva Karr, Hershii LiqCour-Jeté, Megami, Mhi’ya Iman Le’Paige, Mirage, Morphine Love Dion, Nymphia Wind, Plane Jane, Plasma, Q, Sapphira Cristál e Xunami Muse. As participantes possuem talentos e personalidades distintas e, enquanto algumas são mais carismáticas, outras se destacam por suas habilidades, sejam elas dentro do que é cobrado pelo programa ou não.

No desempenho nos desafios de cada episódio, Nymphia, Sapphira, Q e Plasma são alguns dos nomes que conseguiram se sobressair nos primeiros quatro episódios. Mas sempre são os conflitos entre participantes que causam as situações mais memoráveis de cada temporada. Neste quesito, Plane Jane e Amanda Tori Meating estão dando o que falar. Enquanto que a primeira tem o perfil de competidora confiante, estratégica e ácida, a segunda é do tipo que não fica calada ao levar críticas, com uma divertida língua afiada.

Ainda faltam momentos para outras participantes ganharem seus destaques no enredo do programa, pois muitas competidoras aparecem um pouco apagadas na edição. Mesmo estando apenas no começo da temporada, uma drag é eliminada por semana. E quem não consegue puxar os holofotes para si desde o começo, tem menos chances de conquistar o público após a atração e alavancar a sua carreira.

episodio 4 drag race

Por mais que o reality tenha conquistado um público fiel – prova disso é a grande audiência da estreia da atual temporada -, cada vez parece se reduzir mais as discussões do público sobre o programa e, consequentemente, a sua repercussão. Nestes 4 episódios já tivemos dois shows de talentos, um desafio de comédia no formato do programa Saturday Night Live e um Ball – desafio temático vindo da cultura do Ballroom, onde as drags desfilam com roupas trazidas de casa em duas categorias e costuram um look do zero para a última categoria. 

Nestes três desafios, tivemos poucos desempenhos surpreendentes, e as dublagens das duas piores de cada semana para a permanência do programa não conseguiram comover tanto quanto algumas de temporadas anteriores. Nesta semana, teremos um desafio de grupos musicais. Com poucas drags conhecidas por performances excepcionais ou por impressionantes talentos vocais, não sei se podemos manter altas expectativas. 

No entanto, o carisma de algumas participantes, como Nymphia, Sapphira e Dawn, e o destaque para a “vilã assumida” da edição” Plane Jane, fazem acreditar que esta será uma boa temporada. Afinal, RuPaul e sua equipe já tiveram começos piores e sabem muito bem como se reinventar e manter o programa na boca do povo e da crítica. Se manter relevante após 15 temporadas (sem contar os inúmeros spin-offs) e vencer 24 Emmy Awards é um feito para poucos programas de televisão.

Trailer da 16ª temporada de RuPaul’s Drag Race.

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Erick Gomes
Erick Gomes

Jornalista e produtor audiovisual, apaixonado por cinema, cultura e por histórias de pessoas.

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