Crítica | O Culpado: novo thriller investigativo da Netflix

Antes de começar a falar especificamente sobre o filme O Culpado, tenho que ressaltar essa falsa necessidade que Hollywood tem de “americanizar” obras originalmente feitas em outros países, ou seja, de outros idiomas. Essa tendência, que há anos vem acontecendo nos EUA, pareceu que iria mudar após o sucesso seguido da vitória de Parasita no Oscar de 2020.

No mesmo ano, Bong Joon-ho (diretor de Parasita) já havia debatido sobre este assunto quando levou o prêmio de melhor filme no Globo de Ouro.

Bong Joon-ho
Bong Joon-ho

Quando vocês superarem a minúscula barreira das legendas, vocês serão apresentados a muitos outros filmes incríveis.

Analisando friamente, percebe-se que nada mudou! Entretanto, eu vejo até com bons olhos a ideia de adaptar algumas obras que são originalmente de outros países. Há filmes que com o passar dos anos precisam de uma nova linguagem, uma atualização em seus efeitos especiais ou até mesmo uma visão vinda de um outro país

Alguns bons exemplos são: Os Intocáveis (Martin Scorsese), Oldboy (Spike Lee), Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (David Fincher), Entre Irmãos (Jim Sheridan), entre outros. 

O problema não é a adaptação em si, e sim o porquê dela existir. Muitas das vezes, isso aparenta ser um descaso à obra original pelo simples motivo da mesma não ser exibida no cinema americano na escala que de fato merecia ser. Com isso, grande parte da população não tem o interesse de conhecer o material original, ou pior, não tem a mínima ideia de que o respectivo projeto se trata de um remake.

Pois bem, vamos falar de “O Culpado” da Netflix

Jake Gyllenhaal  em cena do filme O Culpado
Jake Gyllenhaal em cena do filme O Culpado.

O longa produzido pelo ator e protagonista dessa história, Jake Gyllenhaal, tem a direção de Antoine Fuqua. A obra é um remake do elogiadíssimo filme dinamarquês de 2018, Culpa, que além de uma ótima passagem na temporada de festivais, foi selecionado também na pré-lista do Oscar.

O novo projeto da Netflix teve seu tempo de filmagem limitado a apenas 11 dias na cidade de Los Angeles. Isso ocorreu devido à situação pandêmica e, também, pelo simples motivo da história do filme se passar em apenas um único cenário. 

Bem, ambos os filmes não diferem muito entre si, seja nos diálogos, passagens narrativas ou até mesmo no desfecho da história. Dito isso, assistindo ao novo longa protagonizado por Gyllenhaal, percebo duas únicas justificativas para o surgimento desse projeto: espaço para o astro brilhar e o desejo de transformar toda e qualquer obra de sucesso em americana. 

Jake Gyllenhaal segurando o telefone chorando em cena do filme O Culpado.
Jake Gyllenhaal em cena do filme O Culpado.

Diferentemente de Jakob Cedergren (ator que viveu o protagonista na obra original), que traz uma atuação mais cirúrgica e sem exageros, Gyllenhaal vem com uma personalidade mais explosiva e sem freios. É notório que o ator encantará quem estiver assistindo, ainda mais aqueles que já possuem um certo apreço por ele. 

E como a obra original, O Culpado consegue o feito de nos prender e nos deixar agoniados do começo ao fim. Há novas ideias narrativas colocadas em torno da vida pessoal do protagonista que eu até vejo com bons olhos, mas nada mudaria caso elas não estivessem lá.

No mais, O Culpado acaba sendo um filme eficiente, que vai chamar a atenção dos assinantes do catálogo da Netflix. Ainda mais a daqueles que nunca viram a obra original. E até por isso, eu convido-lhes a conferir o longa dinamarquês Culpa disponível no Prime Video – e analisar se esse remake era mesmo necessário ou se essa tendência só prova a dificuldade que os americanos têm de consumir conteúdos legendados e que Hollywood sequer deu ouvidos ao brilhante diretor Bong Joon-ho anos atrás.  

Veja o trailer:

O filme se encontra disponível no catálogo da Netflix.

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Lucas Almeida
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