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Crítica | Lupin – Segunda Temporada
A segunda temporada de Lupin traz Omar Sy reprisando o papel principal, juntamente com Ludivine Sagnier, Clotilde Hesme, Hervé Pierre, Antoine Gouy e Soufiane Guerrab e se inicia exatamente onde a primeira parte parou. Assim, acompanhamos a busca de Assane por seu filho Rauol (Etan Simon), sequestrado por um dos capangas de Hubert Pellegrini (Hervé Pierre).
O ritmo acelerado e frenético já virou uma das características mais marcantes da série francesa. Desde o primeiro episódio, Lupin consegue manter a energia caótica e inovar, deixando o público segurando suspiros e ansioso para as próximas ações de nosso herói.
Mas desta vez, não vemos só Assane fazendo a magia acontecer. Seu fiel escudeiro, Benjamin (Antoine Gouy), que antes ficava nos bastidores, apenas dando suporte ao protagonista, passa a participar mais ativamente do processo de vingança de Diop.
Nesta segunda parte, Assane também ganha dois novos e poderosos aliados, que se provam essenciais na busca por vingança contra Hubert Pellegrini (Harvé Pierre).
E por falar nele, agora conseguimos entender um pouco melhor sobre a relação dos dois. Pellegrini se prova um adversário digno e à altura de Assane Diop. A dinâmica de gato e rato continua, porém, o antagonista também mostra seus truques, que dão suporte para as partes de tensão da série.
Além da história sólida, boa parte do sucesso da série vem do carisma, do charme e do excelente trabalho de Omar Sy. O ator consegue transmitir ao público as motivações e interesses do protagonista, equilibrando perfeitamente os momentos de humor com os de maior intensidade.
Assim como na primeira parte, as cenas do passado se encaixam na narrativa do presente. A direção e montagem fizeram um trabalho perspicaz, pois todos os momentos de flashback complementam e ajudam a dar sentido ao que está acontecendo no agora. O salto temporal também é um fator crucial para a série, colaborando para que Lupin mantenha a agilidade e o elemento surpresa.
E não podemos deixar de falar sobre a caracterização dos personagens. O que ainda chama muita atenção é a semelhança dos jovens atores com os mais velhos. Mesmo tendo pouco tempo de tela, os atores brilham ao desempenharem as versões mais novas dos protagonistas. Isso é mais um ponto positivo para Lupin e para a escolha do elenco.
Na segunda parte, as referências a Arsène Lupin ganham ainda mais força. Desde a caracterização e construção visual de Assane, que usa longos casacos de tons neutros em quase todas as cenas, até elementos que influenciam na narrativa, como a quantidade de disfarces que o protagonista possui, pseudônimos e até mesmo o nome do filho do personagem.
A série consegue encaixar muito bem a mitologia dos livros em sua adaptação televisiva. Durante toda a obra, alguns diálogos do livro são citados e acabam dando um leve spoiler do que vai acontecer, e o mais interessante é que não percebemos isso até o fato realmente ocorrer.
A trilha sonora, que se manteve discreta durante quase toda a temporada, ganha um destaque nos últimos episódios e ajuda a criar a atmosfera de tensão necessária para este encerramento. A escolha da orquestra é um grande acerto para Lupin, que consegue deixar os espectadores na pontinha dos pés.
A segunda temporada também traz uma dose de romance. Por termos um panorama dos acontecimentos da vida de Diop, fica difícil torcer para o relacionamento do personagem com qualquer um de seus interesses amorosos. A confusão de Assane nesta escolha se estende ao público. (Com quem você “shippa” o protagonista? Claire ou Juliette?)
A capital francesa é outro destaque de Lupin. Paris é quase um personagem coadjuvante. Os locais escolhidos para as filmagens, os museus, arco do triunfo e rio Sena contribuem com a belíssima fotografia.
E mesmo não sendo seu foco, a obra continua a denunciar o racismo presente na sociedade francesa. Essa percepção social abominável e deturpada, que infelizmente ainda está presente em nossa realidade, contrasta com as lindas paisagens apresentadas em Lupin.
Para não comprometer a imparcialidade desta crítica, é necessário falar um pouco sobre as partes negativas. Uma delas é a falta de verossimilhança, como os protagonistas acharem EXATAMENTE o que precisam na hora que precisam.
Outra coisa que chama a atenção é a súbita capacidade de resolver crimes dos policiais. Na primeira temporada e boa parte da segunda, os profissionais correm em círculos, mas em uma rápida mudança, de repente são capazes de desvendar tudo. Esse artifício é muito utilizado e se chama deus ex machina, no qual aparecem soluções milagrosas para resolver os problemas dos personagens.
Também podemos falar sobre a ausência de desenvolvimento dos personagens. O público consegue entender as motivações de Assane, mas a impressão que temos é que paramos na primeira camada emocional dos personagens. Talvez Lupin precise de um pouco mais de profundidade, principalmente em relação a Assane e seu filho Raoul.
De uma maneira geral, Lupin permanece fiel aos elementos que fizeram da série um grande sucesso. Com uma performance agitada e muito competente, a série diverte e faz a história girar. A segunda parte consegue, assim, ser ainda melhor do que a primeira. Será que a terceira parte conseguirá tal feito? Teremos que esperar para ver, já que a terceira temporada está confirmadíssima pela Netflix.
E a pergunta que não quer calar é: cadê o cachorrinho J’accuse?
Texto escrito por Sabrina Ventresqui
Veja o Trailer de Lupin
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O ritmo de filme de ação e a perspicácia do Assane são maravilhosos, deixam a série bem movimentada e sem aquele sentimento de que estão enchendo linguiça com fillers. Senti falta de desenvolver um pouco mais a relação e as consequências de ter sido descoberto como Lupin no quesito interação com o filho dele e as consequências da morte da dona do J’acuse (Fabianne).
Mds, tô louca pra ver ??