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Crítica | Free Guy não é um bom filme, é um ótimo filme
Filmes sobre o mito da caverna, videogames, inteligência artificial… com certeza já vimos isso por aí, não é mais nenhuma novidade. Mas, ainda assim, Free Guy: Assumindo o Controle, da 20th Century, estreia no dia 19 de agosto e é uma experiência que vale a pena, sabendo explorar suas temáticas sem tombar direto no poço da repetição.
Tudo começa em Free City, uma cidade onde você pode fazer o que quiser, o que a torna muito violenta. Ah, e ela faz parte de um jogo de videogame online (oh, shit, here we go again).
Lá conhecemos Guy. Interpretado por Ryan Reynolds, Guy é um NPC (non-player character ou personagem não jogável) trabalhando como um caixa de banco, que está completamente satisfeito com sua vida repetitiva, violenta e pacata.
Até que um dia, é claro, tudo muda. Guy encontra a mulher da sua vida e, assim, liberta-se da sua programação, criando consciência.
Apesar da premissa principal ser essa, o longa também acompanha um segundo arco, que toma lugar fora do jogo e nos mostra dois jovens programadores, Millie e Keys, que estão brigando por seus direitos autorais envolvendo o famoso jogo.
O show de Guy
Vamos começar dizendo que, para o bem ou para o mal, é uma comédia típica de Ryan Reynolds. É exatamente o que se espera de um filme dele. Mas sejamos justos… se tem uma coisa que o ator sabe fazer, é comédia, principalmente graças ao seu excelente timing cômico. E aqui podemos ver isso sob um ângulo diferente do que conhecíamos em Deadpool, já que Guy é quase o oposto do anti-herói.
Acho que não há outro termo para descrever Guy que não seja “gente boa”. Ele é otimista e gentil e seu slogan é “não tenha um bom dia, tenha um ótimo dia”, o qual fala repetidamente em sua vida de NPC. Mas a cada vez que ele fala, ele deseja genuinamente aquilo aos ouvintes. Isso é um contraste inusitado ao mundo em que ele mesmo vive, sendo Free City uma cidade extremamente violenta.
E em uma história de ação e comédia, o filme acha um espacinho para um romance bem construído e muito simpático. O mesmo possui o espaço certo dentro do filme, não tirando o foco do tema principal, mas agradando em seu arco.
Jogo online não pausa, mãe
E o filme é trabalhado em cima dos contrastes. Vemos conversas tranquilas e amigáveis enquanto explosões e carnificinas acontecem ao fundo. E junto a isso, vislumbramos outro contraste que certamente foi um ponto acertado do filme: o dos players e de seus personagens no jogo.
Talvez esse ponto funcione tão bem por ser algo comum à vida do telespectador. Já construímos nossos personagens e sabemos que podemos ir tão longe de nós mesmos quanto a nossa imaginação (e as opções do jogo) permitir. Sabemos também que podemos viver muitas aventuras inimagináveis nos jogos que não viveríamos na vida real.
E pode-se achar que isso já foi feito, por exemplo, em Jogador Número 1, no qual as pessoas abandonavam o mundo real para viver dentro do jogo. Porém, o filme de Spielberg se passava em um futuro fictício, onde a realidade virtual era algo comum e todos possuíam equipamentos que lhes permitiam se colocar de corpo e mente no jogo.
Assim, Free Guy se diferencia, porque vemos um tipo de jogo que já conhecemos, que jogamos. Desta forma, nos identificamos com os jogadores em casa, na frente do PC, com fones e jogando só uma partida para distrair. Conhecemos aquilo, já estivemos ali.
Então, o filme acerta no timing cômico ao pular do jogo para o mundo real, tornando as cenas escolhidas muito engraçadas (e por vezes constrangedoras).
E se NPCs tivessem sentimentos?
E ao mesmo tempo que nos identificamos com os jogadores, também é facílimo nos reconhecermos em Guy. Afinal, quem nunca se sentiu como um NPC em sua própria vida, repetindo a mesma rotina várias e várias vezes… até que algo nos desperta.
E Free Guy inova no gênero de filmes sobre videogame, pois mistura a isso o tema de inteligência artificial. Portanto, temos dois pontos. No primeiro, podemos ver um conflito entre o mundo real e o virtual acontecer, pois pessoas reais literalmente agem contra um personagem de videogame de outra realidade. E no segundo podemos perceber um modo diferente de tratar o conceito de inteligência artificial no cinema.
Até então, era muito comum vermos esse conceito no formato de máquinas computadorizadas que adquiriam inteligência e sentimento. Vimos isso em Ex-Machina, Vingadores: A Era de Ultron, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, entre outros.
Então, em Free Guy, nos é apresentada uma nova visão sobre inteligência artificial. Um tipo de IA um pouco menos impossível, talvez. Porém, não vamos falar muito disso aqui para não dar spoiler.
Isso foi… uma referência?
Mas agora vamos falar das referências. Convenhamos, em um filme sobre um tema tão intrínseco à cultura pop, seria difícil não ter alguma. E sim, elas estão lá. Para os mais atentos, será possível pegar várias imagens conhecidas, principalmente ao mundo dos games. E fora do próprio jogo, vários personagens estão sempre soltando umas frases famosas.
Porém, isso não rende um filme lotado de referências, ou que sejam forçadas. Mesmo as falas dos personagens são frases que já pertencem à nossa realidade (quem nunca soltou um “Padawan” aí?). Free Guy é bem menos poluído que Jogador Número 1, por exemplo. E é isso que faz uma cena específica do longa ser tão marcante.
Ao escolher suavizar nas referências durante o filme, o mesmo abre a brecha para uma única cena, e nem chega a ser uma cena longa, que traz várias referências, uma atrás da outra. Ela leva os telespectadores ao delírio. E isso só é possível por não ser um filme muito saturado, pois se fosse, essa seria só mais uma cena.
Um filme não é feito apenas de Ryan Reynolds
No elenco, além de Ryan Reynolds, temos Joe Kerry, de Stranger Things, como Keys; Jodie Comer, de Killing Eve, como Millie ou Molotov Girl; Lil Rel Howery como Buddy, o melhor amigo; Utkarsh Ambudkar (Escolha Perfeita e Eu Nunca) como Mouser e Taika Watiti como Antonie, o dono do jogo Free City.
Taika Watiti já é conhecido por interpretar Korg em Thor Ragnarok, mas vendo ele atuar em seu papel em Free Guy, foi inevitável não lembrar de um de seus trabalhos mais recentes, o filme Jojo Rabbit, o qual ele dirigiu, roteirizou e atuou. Porém, a semelhança vem em seus papéis.
Sendo Antonie o dono milionário de uma marca de jogos famosa, ele se torna um homem mimado e ganancioso, e que através de seu poder, consegue tudo o que quer. Qualidades também presentes em seu papel anterior, no qual interpretou o amigo imaginário de Jojo Rabbit, que não era ninguém menos que Hitler.
E assim como fez um trabalho maravilhoso em Jojo, ele repete o feito em Free Guy, nos convencendo de ser, na verdade, um crianção mimado.
Já Joe Kerry e Utkarsh Ambudkar rendem uma dupla engraçada de programadores. E os atores mandam muito bem ao interpretarem seus personagens dentro do jogo (nas skins escolhidas). É uma pena não terem muito tempo de tela nesse modelo.
Vale a pena, confia
Os produtores, sendo um deles o próprio Ryan Reynolds, o diretor Shawn Levy e os roteiristas Matt Lieberman e Zak Penn, nos trazem uma história original (que não é baseada em nenhuma outra mídia) e conseguem ir além de apenas mais um filme genérico de videogames, inteligência artificial ou mesmo sobre a descoberta de sua própria realidade.
O longa segue em um ritmo animado o suficiente para nos cativar do início ao fim. E apesar do enredo não ser algo tão surpreendente, é divertido seguir na jornada ao lado de Guy e Millie, fazendo com que, mesmo que possamos imaginar o final, fiquemos curiosos para ver como tudo vai se desenrolar.
Um filme com risadas garantidas, no qual podemos nos encontrar através de diversos personagens. Assim, Free Guy se torna uma ótima opção de entretenimento e faz valer a pena a ida aos cinemas ou a espera da estreia do longa nos streamings.
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