Crítica | Fita Cassete – quando o rock n’ roll bate à porta

Se não sabemos de onde viemos, como podemos saber para onde estamos indo? O novo filme da Netflix, Fita Cassete (Mixtape), questiona-nos isso enquanto nos leva por uma viagem pelos anos 90. Ah, e nesse passeio vai tocar muito rock underground no rádio…

Fita Cassete nos apresenta Bev Moody, uma pré-adolescente em 1999 que perdeu os pais e mora com a avó. E tudo o que Bev sabe sobre os pais se resume a uma foto: eles eram punkheads e amavam fogos de artifício.

Foto dos pais de Bev se beijando com fogos de artíficio no fundo - Crítica - Fita Cassete - quando o rock n' roll bate à porta - otageek

Então, conforme vai ficando mais velha, a menina começa a se questionar mais sobre os pais. Como eles eram? Qual era o som das suas vozes? Eles gostariam dela? Mas sempre que tenta arrancar informações de sua avó, é um beco sem saída.

Portanto, é fácil entender a animação de Bev quando ela encontra uma fita cassete gravada por seus pais com uma playlist escolhida a dedo por eles. Mas como nada na vida é moleza, a fita está estragada, e em uma era pré-YouTube e Spotify, encontrar as músicas vai ser um desafio à parte.

Fita cassete quebrada nas mãos da Bev - Crítica - Fita Cassete - quando o rock n' roll bate à porta - otageek

A primeira estampa de caveira você não esquece

Fita Cassete é aquele tipo de filme que você começa a assistir sem muita pretensão. A sinopse te dá uma sensação de que já viu isso antes. Por exemplo, o filme nacional Desenrola (2011) tem uma premissa parecida, porém em décadas diferentes. Mas também é o tipo de filme que te surpreende de um jeito bom e te emociona através da nostalgia e identificação.

Os pais de Bev foram pais adolescentes, assim como sua própria avó também havia sido. E como suas amigas já falam, eles não pareciam nada com “pais”. Assim, o casal alternativo deixa de herança a liberdade para a filha ser o que quiser.

Dessa forma, é contagiante ver Bev e suas amigas em uma jornada para descobrirem seus próprios estilos. Especialmente quando você já passou por isso e se lembra como foi. Tipo a primeira vez em que você decidiu comprar uma camiseta preta com caveiras, ou uma calça com espinhos, e recebeu aquele olhar da sua mãe que diz “ah, mas nem pensar!”.

Ou o primeiro show em que você foi, daquela banda da sua cidade que ninguém conhece, em algum lugar estranho, mas que te fez se sentir em casa.

Bev, Ellen e Nicky chegando no show de rock - Crítica - Fita Cassete - quando o rock n' roll bate à porta - otageek

Essa identificação é, provavelmente, o que mais nos prende dentro da história. E o que faz com que um filme voltado para o público juvenil conquiste também muitos adultos. Isso e a vontade que nós também temos de saber mais sobre os pais de Bev. Uma vez que embarcamos na jornada, queremos ir até o fim com ela.

E aí, com qual música você gostaria de ficar surdo?

O elenco mirim do filme pode não ser espetacular, mas com certeza dá conta do recado. Porém, o destaque fica com a atriz Julie Bowen (Modern Family) como Gail Moody, avó de Bev. A junção de suas experiências – engravidar na adolescência, ver sua filha também engravidar aos 15 anos e depois perdê-la aos 18 – faz com que ela seja mais rígida com a neta, na esperança de não cometer os mesmos erros.

Julie Bowen como Gail Moody abraçando sua neta Bev - Crítica - Fita Cassete - quando o rock n' roll bate à porta - otageek

E com o previsto Bug do Milênio se aproximando, Gail é movida à base de ansiedade, temendo que toda sua poupança para a faculdade da neta possa desaparecer e trabalhando cada vez mais para prover tudo o que Bev precisa. Entretanto, o ponto alto é como Julie Bowen nunca nos deixa esquecer como aquela é uma mulher que perdeu sua filha de 18 anos e sofre com isso todos os dias de sua vida.

E é claro, temos a trilha sonora. Com várias músicas conhecidas e algumas nem tanto (os pais da Bev não estavam brincando com esse lance de alternativos), ouvimos o filme ou cantando juntos, ou descobrindo novas canções para as nossas próprias playlists. Fita Cassete também conta com algumas músicas originais muito boas.

Bev, Ellen e Nicky tocando os intrumentos da banda - Crítica quando o rock n' roll bate à porta - otageek

Assim, é através disso que o filme traz uma de suas melhores mensagens, de como as músicas podem ser transcrições de quem você, eu ou qualquer pessoa seja. As músicas podem significar muito mais do que se imagina e fazer parte de quem somos tanto quanto nossas ações, pensamentos ou órgãos vitais.

Em certo ponto do filme, Bev Moody questiona sua vó: “Te colocaram em uma sala com alto-falantes enormes e perguntaram ‘com que música você quer ficar surda?’, qual música seria?”

E aí, com qual música você gostaria de ficar surdo?

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Nathalia Mendes
Nathalia Mendes
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