Crítica | Um fim para a ‘Senhora Stern’ de Anatol Schuster

Senhora Stern te joga para áreas desconfortáveis, entre momentos cômicos e assuntos importantes, enquanto conta a história de uma senhora, sobrevivente do holocausto, que decide querer morrer quando está prestes a completar seus 90 anos.

(Escrito por Roberto Costa) O filme de Anatol Schuster, que trabalhou muito para fazer a história ganhar vida, é uma preciosidade. Equilibrando muito bem os momentos cômicos e desconfortáveis, Senhora Stern trabalha questões importantes com uma sutilidade incrível.

Ahuva Sommerfeld como a Senhora Stern no filme.
Ahuva Sommerfeld dá vida a Senhora Stern, que deseja morrer.

Seria impossível resumir de algum jeito a profundidade de Senhora Stern ou deixar especificados os sentimentos que o filme passa. A complexidade da história torna o modo que ela toca cada espectador único.

E essa complexidade é a beleza da obra, que enquanto nos mostra uma senhora de 90 anos querendo morrer, não deixa de lado como a Senhora Stern ainda tem muito para ensinar aos jovens com quem convive.

Ainda assim vale destacar que apesar do tema, o filme não é sombrio em sua essência, pois nós encaramos a realidade da protagonista e como seu desejo acaba se justificando.

Acima de tudo, no decorrer do filme vamos sendo apresentados de modo sutil a temas tão importantes, trazidos pela Senhora Stern enquanto tenta “justificar” sua vontade de morrer. Etarismo e a Espetacularização da Vida são ótimos exemplos, que tornam o desejo da protagonista de certo modo justificável para os espectadores.

Mas, ainda assim, o filme não se justifica em nenhum momento propriamente dizendo. Nós somos simplesmente apresentados aos motivos da Senhora Stern, em vários momentos, e esses motivos são, na verdade, parte da história da personagem.

A sempre jovem Senhora Stern

Um dos aspectos mais interessantes do filme é a parceria da Senhora Stern com sua neta, Elli. Contrastando muito com o desejo da sua avó de morrer, Elli e a protagonista brilham nas cenas onde vemos ambas interagindo com outros jovens.

À medida em que somos apresentados à Stern e seu desejo de morrer, é até mesmo um pouco estranho ver sua interação com os jovens, a princípio. As festas, bebedeiras e passeios parecem nos remeter a uma vontade de viver, mas no filme isso é quebrado.

Senhora Stern e sua amiga bartender.
Vocês não acreditariam que ela tem 90 anos! Sim, são os produtos Ivone!

A princípio, a Senhora Stern não faz questão de esconder que deseja morrer, mas, ainda assim, vemos que ela despeja seu conhecimento e a sabedoria construída ao longo de sua vida aonde quer que vá.

Ahuva Sommerfeld, a qual deu vida a Senhora Stern em seu primeiro e último papel, antes de morrer em 2019, é brilhante em todos os atos. Talvez a coisa mais marcante da atriz seja seu olhar, que se destaca no final do filme, quado vemos tantas expressões e sentimentos que fica difícil distinguir apenas um.

Senhora Stern e seu amigo cabeleleiro.
Não é a cabeleleila Leila.

Da mesma forma, nenhum dos outros atores deixa a desejar em questão de atuação. Kara Schröder, que interpreta Elli, também merece destaque. É incrível o contraste entre as duas personagens, quando a sabedoria e a confusão da juventude se misturam em prol da diversão.

Senhora Stern está disponível de modo inédito no Brasil pela Supo Mungam Plus!

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Luna | A Patroa da Redação
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