Crítica | Animação Batman: O Longo Dia das Bruxas

Saído do forno agora – 22 de junho – Batman: O Longo Dia das Bruxas veio pra chamar a atenção dos – velhos e novos – fãs do morcegão e fazer jus ao nome da editora, já que DC significa Detective Comics (quadrinhos detetivescos, numa tradução livre). 

O título pode levar os mais incautos a pensar se tratar de uma história de terror – ou ao menos algo relacionado apenas ao vilão Espantalho, mas não é o caso. Trata-se de uma história policial, detetivesca, com direito a máfia italiana! Haja vista que o vilão Carmine Falcone, criado por Frank Miller e David Mazzucchelli, está aí e estará de novo em The Batman (2022).

Embora o traço não seja nem de longe o de Tim Sale (que também desenhou Superman: As Quatro Estações), já que se trata da mescla de ligne claire com mangá, comum aos desenhos animados atuais, a animação mantém a estética dos personagens bem próxima à da HQ, salvo algumas (infelizes) exceções. 

O roteiro, por sua vez, aproxima-se bastante do original de Jeph Loeb (autor de Batman: Silêncio, que também rendeu uma animação em 2019, Demolidor: Amarelo, Homem-Aranha: Azul, Heroes, Lost e até de Comando para Matar, com Arnold Schwarzenegger) e é exatamente essa a sacada da animação.

Quem leu a HQ se sentirá como quem se depara com a história pela primeira vez, enquanto quem não leu vai ter o gostinho de encontrar uma trama que dá várias pistas e levanta várias questões, mas sem entregar resposta nenhuma para dar não apenas um, mas vários ganchos.

Mesmo mencionando o Dia das Bruxas no título, o enredo perpassa vários feriados, o que dá a tônica para a inserção de Homem-Calendário e Feriado. O primeiro, preso no Asilo Arkham; o segundo, você vai ter que assistir.

E falando em calendário, como comemoramos recentemente o Dia do Dublador (29/06), o elenco que dá voz aos personagens é um show à parte.

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Jensen Ackles (o Dean Winchester de Supernatural) encarna o Homem-Morcego.

Joshua David “Josh” Duhamel (da série de filmes Transformers) dá voz a Harvey Dent.

Billy Burke (o Charlie Swan, pai de Bella Swan na série Crepúsculo) é o (futuro Comissário) Jim Gordon.

Naya Rivera (de Glee) entra como Mulher-Gato. A animação presta uma homenagem a ela, já que este foi seu último trabalho. 

Troy Baker (atuante em diversos animes, como Naruto, Full Metal Alchemist, Yu Yu Hakusho, Basilisk, One Piece, Bleach, além de ser o Joel Miller de The Last of Us) fará novamente o Coringa (ele já o fez em Batman: Assalto ao Arkham).

Há ainda cenas e menções que um leitor, cinéfilo ou quadrinhólatra mais aficcionado vai perceber se tratar da eminência parda por detrás do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas, da Trilogia de Nolan. A cena do montante de dinheiro queimando, a suposta origem de Duas-Caras e o mote ou frase-síntese que serviu de campanha viral para o filme supracitado estão presentes tanto na animação quanto na HQ. 

“Será que é agora que Harvey Dent vai se tornar o Duas-Caras?” “Será esse o Charada?” “Esse personagem no esgoto, é claro que é o Croc…!” – só que não! Todos os supostos clichês que fazem os nerds mais chatinhos como esse que vos escreve gritarem “Arrá!” são derrubados a cada virada do roteiro, que dá uma rasteira nos que se acham os detetives de plágios.

Afinal, quem dá rasteira é o Batman e detetive mesmo é o Gordon. Ao menos é o que ele diz ao morcego em uma das cenas: “Você é bom de porrada, mas ainda tem muito o que aprender pra se tornar um detetive”. 

Embora seja uma série de animações, o formato não se dá em capítulos como uma minissérie, mas em mais de um longa. Esse primeiro “episódio”, se é que podemos chamar assim, já que se trata de um longa, mostra a história até o 4º número da revista. Vamos ver o que vem por aí (em 27 de julho). Mas já anuncio que a Hera Venenosa não é nem de longe o que é na HQ (uma das infelizes exceções).

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