Crítica | Ashwalkers e sua narrativa de sobrevivência cativante

Ashwalkers é um jogo de sobrevivência indie que vai fazer você voltar de novo e de novo até conseguir saciar sua curiosidade sobre todos os 34 finais. O novo jogo do co-criador de Life is Strange, Herve Bonin, busca trazer uma história profunda e cheia de escolhas difíceis.

Reprodução: Steam.

Ashwalkers vai agradar quem gosta de jogos focados em história, bem como os que gostam de um desafio para administrar recursos. No entanto, não espere que será tudo explicado logo de cara: o jogo te introduz os básicos no tutorial, mas o resto fica por sua conta. Tanto a história quanto detalhes mais profundos da mecânica dependem do jogador descobrir enquanto erra, acerta e presta atenção aos detalhes.

A mecânica é simples: você anda por vários mapas explorando, coletando recursos e achando pequenas curiosidades do mundo. Mas deve ficar atento a cada passo que você dá, pois suas necessidades aumentam e o clima, que é imprevisível, tende a só dificultar qualquer movimento errado. Para se recuperar e se organizar, você pode montar seu acampamento para distribuir recursos coletados, assim como determinar ações para seus personagens.

Um elenco colorido em um céu cinza

No jogo, você comanda o terceiro esquadrão, que busca uma nova doma para sua população. Isso ocorre porque um evento apocalíptico torna o mundo quase inóspito e domas são criadas para abrigar os sobreviventes. No entanto, a sua doma está para entrar em colapso e uma nova precisa ser encontrada rápido.

O grupo é composto por 4 membros: Petra, a estrategista, Sinh, o brutamontes, Nadir, o explorador e Kali, a diplomata. Cada personagem tem níveis de necessidades diferentes e habilidades que afetam as tarefas que realizam, sendo necessário explorar sempre com muita atenção.

Nas ações do grupo dentro do acampamento, é possível explorar, ficar de guarda, dormir e conversar. Este último é um dos mais interessantes, por revelar diversos detalhes da mitologia do mundo e de seus personagens, mostrando que a equipe se empenhou em criar uma narrativa rica e interessante.

Ashwalkers irá te proporcionar diversas situações em que você deve fazer escolhas sérias. Caso faça uma decisão boa, poderá ter recompensas valiosas, mas escolhas ruins podem levar à morte de algum personagem. Cada membro é essencial, pois sem ele você não pode fazer algumas dessas escolhas. Por exemplo, sem Kali, não haverá mais opções pacíficas, apenas as mais calculadas ou agressivas.

Falando do universo de Ashwalkers, o game apresenta uma história muito intrigante que se revela a cada final ou curiosidade que você descobre. O estilo preto e branco é uma escolha interessante para mostrar esse mundo como um lugar de pouca esperança, além de criar uma atmosfera de insegurança do que vai encontrar.

Outros NPCs que você encontra tem um design interessante, eles aparecem como formas escuras que lembram cinzas sendo levadas ao vento. No entanto, apesar de interessantes, teria sido mais agradável poder ver mais das roupas desse mundo e outros rostos na jornada.

Erros, acertos e possível futuro interessante

Existem dois pequenos elementos no jogo que talvez incomodem os jogadores. Um deles é a câmera e o segundo é a escuridão da noite. A câmera, por vezes, segue sua própria vontade, sendo em certos momentos um pouco difícil de saber aonde você pode ir ou não. A principio, a escolha pode ser proposital, pois cada passo dado gasta energia e necessidades aumentam, mas isso ainda assim cria um certo desconforto.

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Em seguida, temos a escuridão, que cria nos ambientes normais uma atmosfera interessante, mas que em ambientes fechadas se torna impossível. Em uma das vezes que joguei, fiquei preso por pelo menos 10 min. em um ambiente fechado que era escuro demais. A câmera também ficava longe a ponto de não conseguir ver os personagens. Minha sorte é que em alguns locais fechados sua necessidade para de aumentar, assim, não perdi recursos nessa busca por uma saída.

Foto de Jogo indie Ashwalkers

Contudo, esses erros são pequenos, já que só ocorrem em ocasiões específicas. Então é bem provável que passem despercebidos por muitos. Além do mais, não é nada que um patch não resolva.

Com poucos erros e muito acertos, sendo o maior dos acertos o universo criado no jogo, Ashwalkers mostra um potencial de continuação ou até mesmo DLCs caso queira.

Conclusão

Ashwalkers é um jogo que te fará voltar de novo e de novo, tudo isso graças a uma mecânica interessante e história bem-feita. Cada gameplay tem média de 2h. Dessa forma, o jogo te ajuda a não cansar, te fazendo sair e mais tarde retornar para mais uma tentativa.   

Mesmo criado por um estúdio pequeno, ele tem ambições grandes e acerta todos os pontos certos. Cada gameplay vai ser única e, mesmo quem sabe manusear bem seus suprimentos, vai se ver sempre em uma situação nova em Ashwalkers. Além disso, quem quiser liberar os 34 finais, mas não quer ter que passar por todas as mesmas etapas, pode começar o jogo de modo personalizado. O modo permite que você comece na área de sua escolha e com os traços que quiser.

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Pedro Agnelo Camargo Goes
Pedro Agnelo Camargo Goes

Estudante de semiótica, apaixonado por séries, filmes e games e tudo que envolve cultura. Sempre aberto pra filosofar sobre aleatoriedades do dia a dia

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