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X-MEN: a série animada | Revisitando a 1ª temporada no Disney Plus
Os X-men foram criados por Stan Lee e Jack Kirdby na década de 60, servindo de metáfora de uma sociedade onde a opressão é a realidade predominante e os mutantes resistem a esse mundo que os odeia e teme!
Mas foi nos anos 90 que o grupo atingiu um novo patamar como grupo de heróis, conquistando um público distante daquele que já consumia histórias em quadrinhos na época. A animação surpreendia por ser uma das poucas produções baseadas em quadrinhos no período que conseguia transmitir as histórias das páginas de forma concisa em seu próprio universo animado.
No período em que foi ao ar a série animada dos X-men foi recorde de audiência na programação de fim de semana da Fox. No Brasil a série foi ao ar na antiga TV Colosso em 1994, programa infantil transmitido pela Rede Globo na TV aberta e depois pela Fox Kids na TV a cabo.
Na história temos como protagonista Professor X, que guia outros mutantes como Wolverine, Tempestade, Jean Grey, Ciclope, Gambit, Fera, Vampira, Morfo e tardiamente Jubileu. Esses mutantes vivem juntos no Instituto Xavier, lar para mutantes, onde eles aprendem a controlar seus poderes e a criar um mundo pacífico, onde mutantes e humanos possam coexistir.
Do outro lado temos Magneto, que possui uma visão mais radical sobre os humanos, onde a opressão é combatida com opressão e os mutantes devem assumir seu lugar como espécie dominante sobre os humanos. Dado o passado e background do personagem, não é difícil de entender suas convicções.
A relação entre os dois personagens foi inspirada nas visões dos ativistas Martin Luther King Jr, que lutou pacificamente em favor dos direitos de igualdade racial. Enquanto Malcom X era um ativista mais incisivo e radical na luta dos negros norte-americanos.
Atenção! O texto terá pequenos spoilers, porém não atrapalharão a experiência!
Agora que vocês já sabem o básico para compreender a animação, vamos ao artigo!
Nota do colunista: É proibido prosseguir com a leitura sem antes VER A ABERTURA!
UM SHOW INCLUSIVO SEM PROMETER
Com centenas de histórias, personagens e arcos para adaptar, a showrunner da série, Julia Lewald, optou por apresentar aquele universo de opressão sob a ótica de uma jovem mutante, que facilitaria a identificação do público jovem com a série animada.
Assim somos apresentados a Jubileu no primeiro episódio. Uma jovem americana filha de imigrantes chineses que nunca conheceu seus pais e que na série foi adotada por um casal americano.
Na trama, os pais de Jubileu recorrem a uma associação de registro governamental ao primeiro sinal que sua filha seria uma mutante. Essa agência prometia ajudar esses jovens em risco. Jubileu, que ouve parte da conversa de seus pais, que por sua vez pensavam estar fazendo o melhor para sua filha a tornando “normal” novamente, se magoa e foge para o shopping para jogar fliperama.
Logo após a fuga de nossa mutante, somos apresentados aos Sentinelas, robôs gigantes programados para perseguir e destruir mutantes. Na sequência descobrimos que o robô estava atrás de Jubileu, que é ajudada por Tempestade, Vampira e Gambit que estavam curtindo um dia no shopping.
Jubileu é acolhida pelo grupo, que leva a jovem para o instituto Xavier, onde ela conhece os outros mutantes do grupo, que a acolhem e demonstram que não existe nada de errado em ser mutante.
O segundo episódio, chamado de “A noite dos Sentinelas segunda parte” se encerra com os mutantes demolindo a base dos sentinelas, com os arquivos do registro mutantes destruídos e Jubileu se integrando oficialmente no grupo.
No terceiro episódio somos apresentados ao grande antagonista Magneto, que enfrenta os mutantes de Xavier, em um embate que se encerra no quarto episódio, deixando gancho para tramas futuras.
Durante esses dois episódios deparamos com diálogos densos entre personagens como Magneto e Fera. Neles, Magneto diz que os humanos temem os mutantes por seus poderes, que os tornam superiores e Fera defende a visão do professor, que os mutantes também são parte da humanidade e os humanos os temem por não os conhecerem.
A MARGINALIZAÇÃO DENTRO DE MINORIAS
No quinto episódio conhecemos os Morlocks, um grupo de mutantes que vivem no subsolo, escondidos no esgoto devido suas mutações não serem discretas, o que faz com que sofram ainda mais opressão.
A trama em si do episódio não chega a ser tão interessante. Jean e Ciclope são capturados pelo grupo e os X-Men partem para o resgate, que resulta em um embate entre os grupos. Mas o que chama a atenção é o fato da série ser consciente desse contexto metafórico que o universo da série é construído.
A situação vivida pelos Morlocks na animação e nos quadrinhos faz alusão aos grupos minoritários dentro de minorias. Como é o exemplo do Brasil, onde a população transexual e travesti é a que mais sofre com estigmas e discriminação, tendo 90,3% já vivido uma situação de discriminação por conta da sua identidade de gênero.
Voltando, sobre a trama… os Morlocks, após serem derrotados, coroam Tempestade como sua nova rainha por derrotar Calisto, a líder do grupo em combate. Tempestade recusa o título, porém convida o grupo para viverem na superfície. Mas eles afirmam que deixariam o subsolo somente quando a opressão contra mutantes cessa-se (e tão lá até hoje).
Só o fato desse grupo ser ignorado por Xavier já expõe um pouco da hipocrisia do nosso careca telepata, que poderia ajudaR$ o grupo, mesmo sem eles viverem no Instituto.
OUTROS CAMINHOS PARA UMA CURA
O sexto episódio da primeira temporada serve como um episódio de transição e de luto para Wolverine que perdeu um amigo. Já no sétimo episódio conhecemos a ilha Genosha, que se apresenta como um lar para mutantes, a primeiro momento.
Gambit, Tempestade e Jubileu que vão investigar acabam ficando presos na ilha, que faz referência direta aos campos de concentração nazistas, criados para os judeus na Segunda Guerra Mundial. Neste episódio vemos pela primeira vez a mutante Mística e várias carinhas conhecidas pelos fãs dos quadrinhos, dentre os prisioneiros.
No oitavo, chamado “A Cura”, Vampira se vê em conflito com a notícia da cura mutante, que poderia ser uma solução para seus problemas de contato humano. O episódio possui uma carga dramática tensa e a personagem é acolhida por seus amigos, que a faz perceber que ali com os X-Men estava a sua família e que cura nenhuma poderia curar aquilo que não está doente.
Nesses momentos que vive a essência do que é ser uma história sobre os X-Men. Sendo impossível não relacionarmos a cura mutante com a “cura gay”, como se ser LGBTQIA+ fosse de algum tipo de doença.
Ainda, dentro do contexto de cura, ao contrário da Vampira que teve os X-Men para ajudá-la, o jovem mutante, Warren Worthington (Anjo), aceita ser cobaia do experimento que se revela ser um plano do vilão Apocalipse para criação de seus cavaleiros.
Nasce assim o Arcanjo e aqui temos o primeiro embate do grande vilão com os X-MEN, que não dura muito tempo e nossos heróis levam a melhor. O vilão é derrotado por enquanto.
Já no nono episódio, Xavier está fora e o instituto é destruído (como sempre) e a trama gira em torno de descobrirem que fez tal traquinagem (resposta que encontramos no título do episódio). Mas o maior fã service com toda certeza é a presença do mutante Russo Colossus, que estava tentando ganhar a vida nos EUA demolindo prédios.
No episódio, Wolverine e Jubileu questionam o motivo de Colossus estar no continente americano e ele diz que procura por sua irmã (alô Magia).
Quando descobrimos quem é o destruidor de mansões “misterioso” é na verdade o irmão de Xavier, que possui poderes mágicos que o torna super forte e quase que invulnerável, o vilão leva uma surra do grupo e some com sua memória apagada por Jean.
DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO E PROGRESSISTA
No arco final é adaptada a popular e querida história pelos fãs “Dias de um Futuro Esquecido”, onde na animação, para evitar um futuro em que os Sentinelas dominassem a raça mutante, Bishop é enviado de 2055 d.C. ao passado para alertar os X-Men, para evitar que o evento gatilho daquele futuro ocorresse.
A inclusão de Bishop à trama confirmava aquilo que Lewald declarava, de que a Fox estava consciente de tornar o show inclusivo. Bishop é o destaque do arco, sendo o segundo personagem protagonista negro incluído na animação, ao lado de Tempestade. Claro que ainda não existia equidade entre o núcleo de personagens, mas devemos lembrar que estamos falando de um show que foi ao ar na década de 90.
No décimo segundo episódio, a irmandade de mutantes tenta assassinar o senador Kelly, cuja morte deveria ser evitada por Bishop e os X-Men. Bom, se o plano falha ou não vou deixar que descubram no episódio.
O episódio final da temporada começa com um programa de TV exibindo uma manifestação anti-mutante que ameaça eclodir no país. Além disso, o Molde-Mestre, que evoluiu deseja trocar os cérebros dos líderes mundiais por computadores. Para por um fim de uma vez na mutantade, levando junto a humanidade. (Se não tem humano, não nasce mutante… stonks).
O plano dos Sentinelas é frustrado por nossa equipe de heróis, que mostram o que é trabalho em equipe e como os personagens podem trabalhar bem quando juntos. Vampira, Tempestade e Jubileu com toda certeza são os grandes destaques da temporada. Jean está muito nerfada (e a pressão cai com facilidade, dá pena da moça).
A série animada de X-Men é considerada hoje patrimônio da cultura pop, por apresentar para as crianças da década de 90 temas políticos e sociais de forma acessível, traduzindo muito bem as histórias dos personagens e personalidades dos quadrinhos para a TV.
A produção envelheceu super bem, sendo uma excelente recomendação tanto para adultos, como para crianças. Fora que nós brasileiros somos privilegiados com uma excelente dublagem, que hoje pode ser cômica, mas ainda assim clássica! Isso dá um toque especial e nostálgico para a animação!
X-MEN: A série animada se encontra disponível somente no Disney Plus!
Bom, é isso. Espero que tenham gostado do texto e em breve retorno com mais artigos comentando as demais temporadas! Não se esqueça de nos contar nos comentários o que você acha da série animada dos X-Men.
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