Acompanhe o Otageek nas redes sociais
Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado
A adaptação do musical Tick, tick… BOOM! chega à Netflix nesta sexta-feira (19) e promete emocionar muito os fãs ao contar, de maneira romanceada, a história do compositor Jonathan Larson, criador do aclamado musical Rent.
Lin-Manuel Miranda (Hamilton) faz sua estreia como diretor em grande estilo e o roteiro fica a cargo de Steven Levenson (Dear Evan Hansen), além de contar com Julie Larson, irmã de Jonathan, como parte da produção.
Enredo
Jonathan Larson (Andrew Garfield) é um compositor que alterna seus dias entre escrever um musical, no qual está trabalhando há 8 anos, e servir mesas na lanchonete Moondance, em Nova York. Ele divide um pequeno apartamento com seu melhor amigo Michael (Robin de Jesús), que se muda dali após trocar de emprego.
Um filme sobre legado e a pressão do tempo sobre nós
Tick, Tick… BOOM!, na verdade, começou como um show solo de Jonathan Larson. Ele foi criado e apresentado em 1991, após a decepção do artista com a rejeição de seu projeto anterior, considerado ambicioso demais.
Larson faleceu devido a um aneurisma em 1996, aos 35 anos, e acabou não vendo o fenômeno que seu trabalho posterior, Rent, se tornou. O monólogo, que podemos ver no filme, foi transformado em um musical da Broadway após sua morte, tornando-se sucesso no mundo inteiro, inclusive com produção aqui no Brasil.
Lin-Manuel Miranda acerta em construir a narrativa do filme durante essa apresentação, alternando entre as histórias que Larson conta no decorrer do show e as situações que vemos representadas em tela.
A primeira música, 30/90, dita o tom do filme e já mostra a preocupação do protagonista com a perda da juventude conforme entra na terceira década de sua vida. Larson cita as realizações de pessoas que ele admira, as quais tiveram conquistas sólidas muito mais jovens do que ele.
O fato de seu amigo Michael ter decidido mudar de carreira em busca de uma vida melhor e mais estável faz Larson questionar suas escolhas próprias. Ele ainda precisa lidar com a possibilidade de sua namorada Susan (Alexandra Shipp) também abandonar a vida artística.
E todos esses conflitos são vividos por Jonathan Larson ao mesmo tempo em que ele tenta finalizar Superbia, peça que pode ser sua grande chance de se tornar um compositor de sucesso em meio a uma indústria que endossa sempre as mesmas histórias, com as mesmas pessoas.
Existe uma ansiedade que permeia todo o filme, afinal de contas, o próprio nome escolhido por Larson para o seu solo faz alusão a uma bomba prestes a explodir. Nosso protagonista se sente correndo contra o tempo, como se tivesse algo a provar para o mundo, e essa obsessão acaba prejudicando seus relacionamentos mais próximos.
O longa faz o espectador questionar o quanto da história realmente aconteceu com seu criador, pois no início recebemos a informação de que tudo aquilo é absolutamente verdade, exceto pelas partes inventadas por Jonathan, lembrando-nos que narrativas em primeira pessoa dificilmente são 100% literais.
Talvez o fato de Miranda conhecer tão bem o material base, já que interpretou o personagem principal no teatro, além de ser fã assumido da obra de Jonathan Larson, o tenha ajudado a captar o espírito do compositor e a guiar seu protagonista através do projeto tão especial.
Atuações e Easter Eggs para os fãs da Broadway
Andrew Garfield interpreta Larson como se o tivesse conhecido profundamente. Os trejeitos que vemos em gravações antigas estão todos ali desde a primeira cena do longa, quando ele entra no palco para apresentar seu solo.
Já Robin de Jesús emociona como Michael, o amigo responsável que tenta colocar juízo na cabeça de Jonathan. Essencialmente, ele é aquela pessoa que todo mundo sonha em ter por perto e com a qual deveríamos aproveitar cada minuto.
Alexandra Shipp, por sua vez, traz uma doçura e paciência à Susan, que precisa lidar com o namorado indeciso e muitas vezes irresponsável emocionalmente, por estar focado na própria carreira, deixando todo o resto de lado.
Existe uma forte química entre Shipp e Garfield e é muito fácil comprar o fato de estarmos presenciando uma longa relação, mas que por diversos motivos está se desgastando até chegar em um ponto no qual não se consegue mais resolver.
Vanessa Hudgens é Karessa, que de certa forma vai representar a musa de Larson e incentivá-lo a continuar escrevendo, além de mostrar uma potência vocal incrível. Destaque para o dueto entre Garfield e Hudgens em Therapy.
Joshua Henry (Roger) também é dono de uma voz poderosa e participa do monólogo como backing vocal, além de também fazer parte do círculo de amizades próximas do artista. Porém, seu personagem poderia ter uma pouco mais de destaque.
No núcleo da lanchonete Moondance, temos a maravilhosa M.J. Rodriguez como Carolyn e Ben Ross como Fred. Eles nos mostram o contato que Jonathan Larson teve com a epidemia de HIV/AIDS no final dos anos 80 e início dos anos 90, o que foi uma das inspirações para Rent anos depois.
Quem é fã de musicais e conhece os grandes nomes da Broadway terá uma grata surpresa e poderá até se perder em um verdadeiro “Onde Está o Wally?”. Mérito do diretor Lin-Manuel Miranda, que com seu forte nome dentro da indústria, conseguiu atrair grande parte do teatro musical para seu primeiro trabalho como diretor.
Conclusão
O longa talvez fale um pouco mais com as pessoas que já estão familiarizados com o trabalho de Jonathan Larson, pois só temos o contexto no início da história e no final do filme, quando descobrimos o que aconteceu com o artista e por que seu legado é tão importante até os dias de hoje.
Mas mesmo que você espectador não seja um artista, com certeza vai se identificar com a forma que Larson retratou a pressão vivida para conquistar nossos objetivos cada vez mais cedo nos dias de hoje. O compositor trata os 30 anos como se o número literalmente marcasse o fim de sua juventude, porém, a mensagem final é a de que sempre podemos começar novamente.
Tick, Tick… BOOM! se consagra como um dos melhores musicais do ano e uma carta de amor ao teatro musical, além de uma verdadeira homenagem ao legado deixado por Jonathan Larson, que não teve a oportunidade de ver todo o seu trabalho se tornar conhecido e aclamado ao redor do globo.
Leia também:
- “Gracinha” | Manu Gavassi movimenta o cenário musical e anuncia álbum visual, que será lançado exclusivamente no Disney+
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson, e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson, e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson, e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
[…] Crítica | Tick, Tick… BOOM! é uma homenagem ao trabalho de Jonathan Larson e seu legado […]
Adorei o filme e sua crítica!!