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Resenha | ‘Pessoas Normais’
Preciso começar dizendo que é necessário um tempo para digerir ‘Pessoas Normais’. Não porque é um livro cheio de acontecimentos mirabolantes ou reviravoltas, mas por se tratar de um assunto tão familiar e comum da nossa geração e da fase adulta. Afinal, todos os monstros são humanos, não é mesmo?
Ambientado no interior da Irlanda, ‘Pessoas Normais‘ narra a história de Connell e Marianne, dois adolescentes que estudam juntos, mas que vivem realidades completamente diferentes. Connell é um garoto atraente, popular, a estrela do time da escola, enquanto Marianne é uma menina tímida que sofre bullying dos colegas por não fazer o que é esperado que ela faça.
O relacionamento dos dois é o tema central do livro, que não fica restrito ao casal: aos poucos vamos conhecendo novos personagens, os quais são importantes para a narrativa e para entendermos o comportamento de Connell e Marianne. Nos tempos de poliamor, relacionamentos líquidos e urgentes, ‘Pessoas Normais‘ é um argumento a favor do amor a dois.
De imediato, parece ser mais um romance adolescente, mas ‘Pessoas Normais‘ foge do lugar comum. A narração em terceira pessoa mistura os acontecimentos do presente com lembranças dos personagens. No início, é um pouco confuso, porém, à medida em que o leitor se adapta a esse estilo de narrativa, compreendemos o porquê de ser assim.
Não é uma leitura leve e pode acionar gatilhos em pessoas que já passaram por algumas das situações narradas.
Além do relacionamento vai-e-vem dos protagonistas, o livro aborda o período de adaptação de quando saímos do ensino médio e os desafios ao entrar na universidade.
É um momento solitário e complexo para a vida de qualquer jovem adulto, pois é uma etapa em que ficamos no ‘limbo’: não somos adultos nem tampouco crianças. Essa fase da vida pode trazer muitas incertezas sobre o futuro e todos esses questionamentos são debatidos em ‘Pessoas Normais‘.
Além do ‘limbo’, o livro explora a família problemática, tóxica e disfuncional de Marianne, que sofre abusos da mãe e do irmão mais velho. Vemos como o trauma afeta o comportamento da jovem, que se torna autodestrutivo e perigoso. A baixa autoestima da protagonista faz com que ela se encontre em situações problemáticas por não saber lidar com a sua dor.
Connell, por sua vez, também apresenta transtornos psicológicos, mas ao contrário de Marianne, busca ajuda após um acontecimento traumático. A depressão na juventude é um dos pontos chave de ‘Pessoas Normais‘.
Marianne e Connell se amam, têm uma química esplêndida, têm intimidade, uma conexão absurda e muita confiança, ou seja, possuem todos os elementos para um relacionamento saudável. O problema é que eles não fazem bem um para o outro.
‘Pessoas Normais‘ foi uma surpresa positiva. Quando comecei a ler, não sabia o que encontraria e nem que a narrativa fosse me cativar tanto, apesar da complexidade dos temas. Vale muito a pena e é um livro extremamente necessário para a nossa geração.
E além do livro, ‘Pessoas Normais‘ ganhou uma série pelo serviço de streaming Hulu, que não está disponível no Brasil, mas você pode assistir pelo canal Starz Play da Amazon Prime Video.
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Texto escrito por Sabrina Ventresqui
Veja o trailer
Ficha técnica
Título original: Normal people
Tradução: Débora Landsberg
Páginas: 264
Formato: 14.00 X 21.00 cm
Acabamento: Livro brochura
Lançamento: 30/09/2019
Selo: Companhia das Letras
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Que resenha bacana. Me deixou muito na vontade de ler o livro e ver a série! Quando conferir volto aqui! ?
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