Resenha | Elevador 16 – Spin-off (As Crônicas dos Mortos)

Spin-off da série “As Crônicas dos Mortos”, Elevador 16 conta o início da trajetória de uma personagem importante na série de livros.

capa de elevador 16 mostrando uma zumbi
Elevador 16: Reprodução.

Eis que o ano é 2017 e uma profecia bíblica se torna realidade: um planeta vinte vezes maior que a Terra se prepara para colidir com o nosso planeta. O mundo entra em pânico com o fim próximo, as pessoas esperam pela morte e cientistas do mundo todo passam a estudar o misterioso planeta Absinto, que vem em direção à Terra para extinguir toda a vida existente. Todavia, para a felicidade de todos, um erro nos cálculos é descoberto e todo o mundo vibra ao saber que Absinto não colidirá com a Terra, mas passará bem próximo, dando para vê-lo bem de perto.

Em Elevador 16, do autor brasileiro Rodrigo de Oliveira (As Crônicas dos Mortos), acompanhamos Mariana Fernandes, uma jovem analista de 24 anos que mesmo em pleno sábado, está trabalhando. Mariana está lindando com um problema pessoal e é pressionada a trabalhar até mais tarde, pois um projeto importante precisa ser entregue e o tempo para isso está acabando. A correria é tanta que ela nem lembra da importância desse dia, o dia em que Absinto se aproxima, que mudará sua vida para sempre.

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Mariana está grávida. Mas o que era para ser motivo de alegria, para a protagonista representa tristeza e incerteza. Ela não queria ter um filho, ainda mais de Raul, seu namorado e colega de trabalho, com quem vive um romance ping-pong escondido de seus demais colegas por infringir uma regra da empresa. Todos que estão no prédio trabalhando naquele dia não ligam para o fenômeno que está prestes a acontecer, apesar de certa curiosidade.

“Estavam todos tão atarefados que quase ninguém lembrava de que aquela era uma data importante. Enfim, o dia mais aguardado do último ano chegara. O dia em que Absinto, o Planeta Vermelho, estaria no seu ponto mais próximo à Terra e produziria um espetáculo visual sem precedentes.”

Na hora do almoço, 16 pessoas, dentre elas Mariana, Raul e suas amigas Mayara e Joana, entram no elevador. Em instantes, tudo para! A luz acaba, telefones não dão sinal e 10 pessoas desmaiam – Raul e Mayara também. Um calor anormal começa a deixar aquele pequeno espaço claustrofóbico e todos acreditam ser esse o motivo para os desmaios. Eles não poderiam estar mais errados.

Depois de algum tempo desacordado, Raul começa a abrir os olhos, mas o que Mariana vê a deixa perplexa. Os olhos de Raul estão brancos, ele não entende nada do que ela fala e, parecendo um animal raivoso, a ataca sem piedade.

O pânico se instala e a realidade do que está acontecendo começa a despertar instintos de sobrevivência naquelas pessoas, que ainda estão de pé e agora se tornaram comida para zumbis famintos. Mariana sabe que precisa sair dali se quiser sobreviver, juntamente com outros indivíduos. Eles ainda têm esperanças de que o socorro está vindo e precisam chegar ao lado de fora do prédio para se livrar do caos que se instalou no local.

“Mas negar o que acabara de presenciar seria estupidez. Mariana não fazia ideia se aquelas pessoas poderiam ser tratadas e assim voltar ao normal, mas o fato era que elas estavam se comportando como loucas, sem raciocínio e sem piedade, e ainda por cima devorando outros seres humanos.”

A partir do momento em que os primeiros zumbis se levantam, toda a ação começa e voltamos àquela sensação de tensão que sentimos em “O Vale dos Mortos”, primeiro livro da saga criada por Oliveira. Elevador 16 não tem capítulos e, sendo assim, não há tempo para respirar em suas 60 páginas. As decisões que Mariana toma no decorrer da narrativa vão dando forma ao que podemos esperar de sua atuação em “A Senhora dos Mortos”.

Elevador 16 conta a história de uma personagem de muita importância no livro “A Senhora dos Mortos” e, portanto, é aconselhável que leia-se esse livro antes. Ainda assim, ele não interfere nos acontecimentos dos demais livros da série, por ser justamente a introdução da vida pós-apocalíptica de Mariana, sendo possível a leitura do título em qualquer ordem.

Os eventos de Elevador 16 ocorrem no mesmo dia e hora dos acontecimentos de “O Vale dos Mortos”, mas em um outro local. A narrativa de Rodrigo de Oliveira continua sensacional e leva o leitor a uma imersão incrível em seu universo. É impossível não sentir apreensão, medo e torcer pelos personagens.

“Ninguém sabe ao certo como um zumbi se comporta. Às vezes eles são repetitivos, previsíveis, como mecanismos programados para fazer sempre a mesma coisa, no mesmo horário e do mesmo jeito. Mas eles também podem surpreender com um comportamento completamente inesperado e, quando isso acontece, o resultado costuma ser catastrófico.”

O ponto mais importante da série, além da própria trama e o plot twist do livro, é a qualidade da narrativa, que o autor sabe construir muito bem e de forma sucinta, indo direto ao ponto. Isso é muito importante para não tornar a leitura cansativa e para que não precise ser pausada para respirar. Desse modo, a série é devorada em pouco tempo graças à sua fluidez.

A Editora Faro, que publica As Crônicas dos Mortos, tornou-se uma das minhas queridinhas do momento. Não importa quantos títulos famosos preencham seu catálogo, é preciso oferecer livros de qualidade, e a série, sem dúvida, tem seu material impresso muito bem trabalhado, incluindo capas e folhas.

Sinopse: Estamos em 2017. Cientistas descobrem um planeta vermelho em rota de colisão com a Terra. Depois de muito pânico nos quatro cantos do mundo, os astrônomos asseguram que o planeta passaria a uma distância segura e todos ficam tranquilos acreditando que nada iria acontecer… Mas não podiam estar mais enganados. No dia em que o planeta estaria mais visível a olho nu, enquanto todo o mundo se preparava para observar o fenômeno, um grupo seguia para um compromisso chato: fazer hora extra num sábado, pois todos os projetos estavam muito atrasados. Na hora do almoço, 16 pessoas entram no elevador… mas ele para entre dois andares. As comunicações não funcionam, nem alarmes ou celulares, ninguém aparece para ajudar. E eles não sabem que, em todo o mundo, algo muito estranho aconteceu. Em poucos segundos, 10 pessoas caem num surto coletivo, como que desmaiadas. Entre o desespero e tentativas de busca por ajuda, um deles começa a abrir os olhos. Mas eram olhos vazios, olhos do mal… Este livro conta uma história que ocorre no exato momento em que o nosso mundo se transforma. Traz personagens que vivem o intenso evento cósmico que mudaria a Terra para sempre. Leia, comente, discuta, conheça uma história paralela da série As Crônicas dos Mortos. O primeiro dos cinco livros é O Vale dos Mortos.

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Raissa Sara
Raissa Sara

Eterna amante da literatura

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