Resenha | Aqui quem fala é Albert Einstein – Intrínseca

Aqui quem fala é Albert Einstein é um romance escrito por R. J. Gadney e publicado postumamente, que chegou ao Brasil pela editora Intrínseca em abril de 2021. A obra conta a história do ilustre cientista, misturando fatos e ficção, o que nos permite conhecer a pessoa por trás do físico.

O livro começa em 14 de março de 1954, no 75º aniversário de Einstein. Nesse dia, Albert recebe por acaso uma ligação de Mimi Beufort, uma aluna de 17 anos que discou o número errado. Porém, desse momento surge uma amizade inesperada, que nos conduzirá em uma jornada pela vida do maior cientista do século XX.

Capa do livro Aqui quem fala é Albert Einstein, da editora Instrínseca - Resenha OtaGeek
Essa capa linda é um charme a parte.

A Divisão da Obra

A obra é dividida em cinco capítulos. Durante o primeiro e o último, biografia e fatos ficcionais se misturam, principalmente por conta da participação da personagem Mimi, esta criada pelo escritor.

Entretanto, os três capítulos do meio (2, 3 e 4) se concentram em narrar a vida de Albert, desde seu nascimento até seus 75 anos. Para isso, Gadney utiliza de inúmeros escritos reais do cientista, desde cartas e discursos a artigos científicos. Ao longo do livro, também podemos ver diversas fotos, algumas já conhecidas e outras inéditas, tanto de Albert, como da sua família, de seus amigos e inimigos.

A narração de Aqui quem fala é Albert Einstein é feita em 3ª pessoa e é bem direta e pontual, fazendo com o que o livro seja uma leitura rápida. O fato de ter apenas 288 páginas também colabora para isso.

Dessa forma, os três capítulos biográficos são como uma lista de fatos organizados em ordem cronológica e com pouquíssimos diálogos. O que não é necessariamente ruim ou bom, apenas uma escolha estilística feita pelo autor. E apesar da narração direta, Gadney escreve de tal forma que nos permite conhecer todas as facetas de Einstein, sendo elas boas ou não.

Albert Einstein

Deste modo, podemos reconhecê-lo por sua grande contribuição à ciência e à evolução da humanidade, assim como por ser um eterno pacifista, sempre lutando da sua forma contra o racismo, o preconceito e qualquer forma ditatorial (antes mesmo de Hitler). E nos compadecemos dele ao vermos Albert sofrer com o antissemitismo e se sentir apátrida.

Todos estamos juntos nesta Terra pequenina, mas cada pessoa acha que está no centro dela. Existimos em linhas paralelas, mas nos encontramos, não é? Nós nos encontramos no espaço-tempo. É uma questão de relatividade…

-Albert Einstein em Aqui quem fala é Albert Einstein

Mas o julgamos ao ver o péssimo marido e pai que foi durante sua vida. É curioso observar como Albert reconhecia o machismo e o patriarcado do mundo ao reverenciar Marie Curie pelos obstáculos que ela teve de enfrentar, e ao mesmo tempo não compreendia a depressão de sua primeira esposa, Mileva, ao ter que abandonar a carreira de cientista para ser esposa de Albert Einstein e mãe de seus filhos.  Sem falar de quando se questionou, antes de se casar com sua segunda esposa, se não deveria se casar com a filha dela.

Assim, durante a leitura de Aqui quem fala é Albert Einstein, temos primeiramente um olhar frio sobre o cientista: somos informados de suas conquistas e de seus erros e reagimos a isso livre de sentimentos. E a escrita factual de Gagney durante os três capítulos do meio (que correspondem a 200 das 288 páginas) certamente colaboram para isso.

O que chama a atenção em Aqui quem fala é Albert Einstein

É nas 55 páginas do último capítulo que mora o charme dessa obra, após termos sido apresentados a toda a vida de Einstein e já estamos familiarizados com suas qualidades e defeitos. Podemos finalmente nos apegar à figura de Albert.

Agora, voltando a misturar ficção e realidade, com o retorno da personagem de Mimi, podemos observar Albert como um ser humano, e não apenas uma figura histórica, como vinha sendo.

Foto de Albert Einstein mostrando a língua - Resenha Aqui quem fala é Albert Einstein - OtaGeek

No fim, a sensação que fica é a de um homem de inteligência surreal, capaz de compreender o universo em seu âmago e rebelde à sua forma. Egocêntrico em sua juventude e modesto em sua velhice. Alguém cometedor de erros e que, acima de tudo, temia ficar sozinho. Um gênio que não resistia a um bom sorvete e que amava profundamente a arte da música.

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Nathalia Mendes
Nathalia Mendes
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