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Crítica | Noite Passada em Soho é um suspense fora da curva e mais um acerto de Edgar Wright
O suspense Noite Passada em Soho, novo filme de Edgar Wright (Baby Driver), chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18). O diretor também produz o longa, além de dividir o roteiro com Krysty Wilson-Cairns (1917).
Enredo
Eloise (Thomasin McKenzie) é uma menina sonhadora que mora no interior da Inglaterra com sua avó. Mas após conseguir uma bolsa para estudar moda, ela se muda para Londres.
A protagonista, porém, vai descobrir que a cidade pode não ser tudo aquilo que ela espera. Eloise passa a ter sonhos com Sandie (Anya Taylor-Joy), uma jovem cantora da década de 60 que talvez esteja em risco.
Lindo e Perturbador
Trilha sonora é um dos pontos mais fortes do filme, e é o que leva a nossa protagonista, Eloise, para o passado. Temos a música dos anos 60 permeando a história inteira, como se conversasse com a garota, além da grata surpresa ao presenciar a performance de Downtown na voz de Anya Taylor-Joy.
O longa é todo inspirado em giallo, um subgênero do terror italiano que trazia histórias de serial killers e detetives, com seu auge entre os anos 60 e 70. Um dos maiores exemplos desse tipo de filme é Suspiria (Dario Argento). Agora, Edgar Wright usa todo o charme e estranheza desse tipo de produção para nos manter grudados na poltrona.
As mudanças entre a década de 60 e o tempo atual são muito interessantes, feitas principalmente através dos sonhos de Eloise. No passado, os espelhos usados por Sandie mostram as transições entre as duas no mesmo espaço.
E as personalidades das duas protagonistas são basicamente opostas. Eloise é uma jovem frágil e tímida, enquanto Sandie é decidida e vai atrás do que realmente quer, o que pode levá-la a situações perigosas.
Matt Smith (Doctor Who) como Jack está para lá de assustador nesse filme e suas intenções com relação a Sandie não demoram muito a aparecer. Já a Ms. Collins de Diana Rigg (GoT) nos lembra que fará muita falta e por que nos apaixonamos por Olenna Tyrell.
Enquanto isso, Synnove Karlsen (Medici) convence muito como a garota malvada da faculdade e Michael Ajao (Ataque ao Prédio) dá vida ao sensível John, que se mostra um ótimo companheiro, super preocupado com a saúde mental de Eloise conforme a trama avança.
Jocasta (Synnove Karlsen) e seu grupo de garotas malvadas. Eloise (Thomasin McKenzie) e John (Michael Ajao).
O maior problema de Noite Passada em Soho é o que chamamos comumentemente de male gaze, já que se trata de um filme protagonizado por duas mulheres, porém contado através de uma visão masculina, mesmo o roteiro do filme sendo co-escrito por uma mulher.
Muitas questões delicadas dentro da história, principalmente em relação a abuso físico e psicológico, inclusive o plot twist, talvez seriam retratadas de forma muito mais sensível pelas mãos de uma mulher, e com uma mensagem muito mais clara.
O filme é ainda uma homenagem aos anos 60, suas músicas e seus shows burlescos, porém, assim como o musical Cabaret, por exemplo, que se passa na década de 30, a obra também tem um fundo extremamente obscuro por trás de todo o brilho do palco.
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