Modern Love | 2ª temporada traz histórias mais diversificadas, mas se perde em alguns momentos

Quantas formas o amor pode ter? E de quantas mais ele pode se manifestar? Em Modern Love, somos apresentados às inúmeras possibilidades de respostas para essas perguntas. A série aborda, sobretudo, o desenvolvimento de relacionamentos, estejam eles no início, meio, fim ou nem mesmo tenham começado.

Além disso, a série tem também a premissa de mostrar os diferentes caminhos que essas relações podem tomar. Após quase dois anos da estreia dos seus primeiros episódios, a nova temporada de Modern Love finalmente chega ao Prime Video.

A série dirigida por John Carney é baseada na coluna homônima publicada no jornal New York Times e apresenta, em cada episódio, histórias de “amores modernos” diferentes, como uma antologia.

Nesse sentido, a segunda temporada incorpora essa mesma ideia de representação diversificada dos relacionamentos. Ao longo dos episódios, vemos também que a série cumpre com essa proposta ao não retratar apenas o romance do ponto de vista do casal hétero, clichê e padrão.

Nessa temporada, é possível perceber a presença de mais atores negros ocupando os papeis principais, casais com problemas reais e temáticas LGBTQIA+, que se mostram mais presentes do que na primeira temporada, por exemplo. Esse é um dos pontos positivos dessa etapa.

No entanto, mesmo agregando em representatividade, a série fica dividida entre episódios que, por mais que tentem fugir do óbvio, acabam por repeti-lo. Ademais, ela se perde entre algumas histórias, as quais ficaram confusas ou com finais que não são explicados. E por mais que a conclusão pareça clara, o sentimento ao final dos episódios é de vazio, de “faltar alguma coisa”.

Os Episódios

Modern Love já começa muito bem com “On a Serpentine Road, With the Top Down”, em que somos apresentados a uma mulher com apego a um carro antigo. O carro, além de ser parte da memória que mantém a conexão com seu falecido marido, é uma válvula de escape para suas tristezas, preocupações e frustrações.

Apesar de ainda se apoiar em algumas cenas e falas um tanto quanto clichês, a narrativa é bem construída e temos uma dimensão, por meio dos flashbacks ao longo do episódio, de como os personagens chegaram até ali. O episódio também traz uma importante e sensível discussão sobre luto.

Em episódios como “The Night Girl Finds a Day Boy” e “A Second Embrace, With Hearts and Eyes Open” vemos relacionamentos a partir de dois polos diferentes. No primeiro caso, acompanhamos o início de um romance, quando o casal tem que lidar com problemas bem específicos. No entanto, o que traz essa narrativa para um lugar comum é a discussão de que em um relacionamento, independentemente das especificidades, é preciso diálogo, trocas e adaptações para desenvolver uma relação.

No segundo caso, temos praticamente o oposto. O relacionamento de um casal que ressurge depois de algum tempo afastados e reconhecem, um no outro, um lugar de conforto e carinho, que se mostra forte mesmo com as adversidades. Nesse caso, vemos como eles já têm uma relação desenvolvida e, depois de passar por um amadurecimento, ambos estão prontos para continuar seguindo suas vidas juntos.

Entre os oito episódios da temporada, dois são voltados para temática LGBTQIA+. “Am I Gay or Straight? Maybe This Fun Quiz Game Will Tell Me” conta a história de uma adolescente que está passando pela fase de se conhecer e ainda se sente perdida quanto à sua orientação sexual. O episódio se desenvolve muito bem ao apresentar esse assunto, que é uma questão muito presente nessa fase de descobertas da adolescência.

“How Do You Remember Me?” traz a perspectiva de dois homens gays que, ao se encontrem casualmente, relembram o único dia de amor que viveram. A ideia é muito interessante e ressalta que nada nunca tem uma única interpretação. Assim vemos, ao longo do episódio, cenas que se repetem, trazendo a cada vez o ponto de vista de cada um, com os momentos que mais marcaram a breve e intensa relação.

Alguns episódios não se saíram tão bem como “Strangers on a Train”, que tenta, de forma frustrada, retratar o início da pandemia e o cotidiano dessa nova realidade, mas acaba caindo em um clichê romântico no qual algo maior impede que o relacionamento aconteça. Nesse sentido, a pandemia é apenas o que impede o casal de se encontrar.

Em “In the Waiting Room of Estranged Spouses” também encontramos um episódio confuso e cansativo, que utiliza de vários elementos fantasiosos para apresentar a história e segue forçando esses mesmos elementos até o final. Já o episódio “A Life Plan for Two, Followed by One”, mesmo tendo uma história bem desenvolvida e apresentada, segue dividido entre ser mais uma história de friendzone em que a garota se apaixona pelo melhor amigo e focar no amadurecimento da personagem principal.

Conclusões

Modern Love traz, nessa temporada, histórias com temáticas mais diversificadas do que na temporada anterior. Contudo, perde-se em alguns momentos na proposta de trazer romances reais e acaba, ou caindo no clichê, ou apresentando histórias confusas, que fogem do ideal da série.

No geral, entretanto, a sua forma característica de narrar essas histórias, aproximando-se do real, ainda se faz predominante ao logo da série. E assim, nos vemos de cara com romances que nem sempre são tão fáceis e mágicos, mas que mesmo assim têm a chance de dar certo e a possibilidade de felicidade.

Mesmo com todos os pesares, a série consegue fugir do óbvio e tratar de assuntos importantes de modo natural e confortável, o que gera muitas situações empáticas de reconhecimento, proximidade e identificação.

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