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Manhãs de Setembro: confira a coletiva de imprensa da série
Confira as entrevistas da coletiva de imprensa do elenco de Manhãs de Setembro, nova série da Amazon com Liniker e Karine Teles.
Manhãs de Setembro está perto de estrear no Amazon Prime Video. Com isso, fomos convidados pela equipe do streaming para participar da coletiva de imprensa, na qual tivemos a chance de ouvir o elenco e a equipe de produção falarem mais sobre a proposta da série.
Manhãs de Setembro conta a trajetória de Cassandra, que começa a ver as coisas finalmente dando certo em sua vida: ela consegue alugar um apartamento próprio pela primeira vez, tem um namorado que a ama, Ivaldo (Thomás Aquino), além de um trabalho como motogirl no centro de São Paulo.
Ela também está conseguindo realizar seu sonho de ser uma artista cover de Vanusa, famosa cantora dos anos 70, quando sua vida toma um rumo inesperado: Leide (Karine Teles), com quem ela teve um envolvimento no passado, aparece com Gersinho (Gustavo Coelho), o qual afirma ser filho de Cassandra.
Selecionamos algumas perguntas que mais concretizam a proposta da série. Confira aqui:
Para Malu Miranda: o que ganhou o coração da Amazon logo de cara com essa proposta da produção?
Malu Miranda: Bom dia a todos! É uma alegria estar aqui hoje, lançando essa série linda.
Eu acho que essa série teve um destaque muito grande desde o início. Acho que já faz mais de dois anos lá na O2 Filmes, produtora da série, e na época eram iniciantes também, começando a lançar o Brasil lá fora. Então havia executivos de Los Angeles fazendo uma rodada de pitchings e ouvindo várias ideias do Brasil inteiro.
E essa foi a primeira a se destacar. Eu acho que foi muito por causa da complexidade dos personagens: a jornada da Cassandra era uma coisa muito clara e muito específica, e eu acho que a gente fala muito disso, essa complexidade e especificidade de cada personagem numa série, diferente muitas vezes de um longa. É o que faz a série ter uma vida longa, ter uma aderência boa.
Então, eu acho que esse projeto já tinha isso logo de cara, e é um projeto sobre aceitação, sobre quem você é, sobre quem está do seu lado, sobre todas as formas de amar. Dois anos e meio atrás nós não sabíamos o que o mundo iria passar, então estar podendo lançar isso agora, com todas as dificuldades que estamos passando, é mais um brilho para a gente poder falar de aceitação.
Para Liniker: o que mais te atraiu no roteiro? E o que te fez escolher participar dessa série?
Liniker: eu acho que o que mais me atraiu no roteiro foi a possibilidade de criar um imaginário real sobre uma pessoa trans, tendo em vista o país que a gente vive, a sociedade que a gente vive e todas as formas de violência que pessoas trans e pretas passam.
Então, constitui criar uma personagem a partir do ponto de vista do afeto e da rede de afeto que ela tem. Foi uma das coisas que mais me emocionou quando peguei o roteiro pela primeira vez, de poder criar uma personagem que tinha relação humana e relação social, e que a Cassandra não estava nesse lugar encaixotado, engavetado, onde o audiovisual sempre coloca pessoas trans.
Sempre na margem, sempre em situação de perigo, sempre em uma situação marginalizada, então a gente poder ver uma personagem que tem uma casa e é uma travesti já significa muito, fora as outras relações de afeto, de ser humana, de ter trabalho, ser humanizada. Eu agradeço muito à mesa de roteiro por ter tido todo esse carinho de humanizar uma personagem tão complexa e intensa quanto a Cassandra.
Para Karine Teles: de mãe reaça em Que Horas Ela Volta? para assassina de aluguel em Bacurau, e agora vivendo uma mãe solteira com poucos recursos. Como você consegue trazer tanta singularidade para as suas performances?
Karine Teles: Oi gente, bom dia!
Eu acho que o trabalho de atriz, principalmente no audiovisual, não é um trabalho solitário, ele é um trabalho do conjunto de profissionais que está envolvido no projeto. Então, acho que essa singularidade desses personagens que foram citados é fruto dos projetos onde os personagens estavam inseridos.
Manhãs de Setembro é um projeto pensado globalmente, então meu trabalho como atriz é apenas uma peça dessa engrenagem toda, ele está cercado por todas as peças. Portanto, a singularidade da Leide é fruto do trabalho de todos que pensaram nesse projeto e acaba que a cara estampada nele é a minha, mas se não tivesse um bom roteiro, uma boa história, uma boa direção e um bom elenco acabaria que ela não seria uma boa representação, poderia ser algo que vemos mais vezes, umas representações bem chapadas e caricatas. Sorte minha cair em projetos tão bons.
Para Josefina Trotta e Alice Marcone: infelizmente, ainda são poucas as séries produzidas e protagonizadas por pessoas trans. Dentro do audiovisual, qual seria o cenário ideal para vocês?
Alice Marcone: eu acho que a gente ainda tem uma virada de paradigma que eu acho que vamos começar realmente a falar de inclusão e representatividade quando entendermos que transgeneridade, que personagens ou equipe LGBTQIA+, pessoas negras e não-brancas não são tema de uma produção.
A partir do momento em que tivermos uma protagonista trans em uma série de terror que não tem absolutamente nada a ver com sua transição, com seu gênero, distante do lugar comum que vemos pessoas trans nas narrativas, aí que vamos estar começando a falar de representatividade, de fato.
No mercado brasileiro, existe um mercado muito nichado, com muita dificuldade em acessar essas narrativas, então eu acho que realmente é uma mudança de paradigma começar a ter diversidade, de elenco e de equipe, em absolutamente todas as produções. É uma estratégia criativa que vai trazer produtos inovadores.
Eu gosto muito de usar, por exemplo, o Jordan Peele que está lá no Estados Unidos fazendo vários filmes de terror absolutamente inovadores que podem ter o tema do racismo ou não, como é o caso de Nós e Twillight Zone. Enfim, precisamos entender a importância de ter pessoas trans e LGBTQIA+ em todas as produções, e não tentar transformar a vida dessas pessoas em temas.
E Manhãs de Setembro faz muito isso, é uma série sobre família, sobre afeto, não é apenas uma série sobre uma personagem trans e negra, então a gente tem aí uma virada nessa chave que é fundamental para a gente caminhar e falar sobre representatividade.
Josefina Trotta: concordo com a Alice, como sempre! Eu sou otimista sobre o futuro das séries aqui no Brasil. Dez anos atrás, eu comecei a trabalhar aqui e o cenário era totalmente diferente. De lá pra cá o mundo mudou e o conteúdo mudou totalmente, e hoje em dia é possível que uma mulher trans seja a protagonista absoluta de uma série. Acredito que esse panorama mudou porque as salas de roteiro estão mais inclusivas, nós roteiristas estamos ajudando a mudar o cenário para pessoas trans e LGBTQIA+ nas telas.
Para mim o cenário ideal seria ter salas de roteiro com mais diversidade ainda, porque assim podemos desenvolver uma série como Manhãs de Setembro. Então, o mundo mudou e concordo com Alice, que falta filmes de ação e terror com protagonistas trans, comédias românticas com protagonistas trans.
O restante da coletiva foi tocando em outras questões envolvendo o audiovisual brasileiro, a carreira do elenco e o momento político atual. Liniker comentou a diferença entre sua personagem e a carreira musical que possui, afirmando que a forma como encarou a atuação é diferente das suas gravações musicais pela complexidade de criar uma pessoa nova.
Karine Teles também comentou sobre o processo que foi relacionar Leide com a realidade brasileira, porque a série não fecha a cara para a realidade comum que tem se visto no Brasil, com mais pessoas ficando desempregadas e sem recursos para manter uma vida base.
Enquanto isso, Malu Miranda comentou que o plano para Manhãs de Setembro é ser lançada mundialmente, em vários países, buscando abrir portas para mais narrativas que trazem a realidade brasileira e diversificam o nosso audiovisual, pretendendo explorar outros formatos.
Manhãs de Setembro estreia no dia 25 no catálogo da Amazon Prime Video.
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