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Filmes Que Te Vivem | A extraordinária ordinária história de Questão de Tempo
Eu sempre gostei de filmes de romance. Sim, dos aclamados pela crítica, com belos arcos e paisagens que te fazem chorar e achar que nunca ninguém te amará daquela forma. Mas também sempre amei os romances bobos e óbvios. Daqueles que me faziam querer herdar uma fazenda de uma tia que eu nem conhecia e me apaixonar pelo cara dos estábulos. Ou então que me faziam fantasiar sobre precisar fingir um relacionamento com meu pior inimigo, por qualquer motivo idiota que fosse.
Só que por mais que eu goste desses romances, sempre tem algo que me incomoda neles. Os aclamados são sempre dramáticos demais. A hora passa devagar e ninguém parece ter um minuto de paz até o último minuto de filme.
Já os outros, e praticamente qualquer filme de romance, chega naquele momento em que, mesmo que tudo esteja dando certo, tudo dá errado. O casal vai ter uma briga irreparável, lá pelos últimos 20 minutos de filme, e faltando uns 10, eles farão as pazes, e nós teremos uns 2 minutos do felizes para sempre.
E eu tinha certeza de que eu estava fadada a viver eternamente assistindo a filmes de romance que se encaixam nesse padrão. Até eu descobrir a extraordinária ordinária história de Questão de Tempo (ah, está disponível na HBOMax).
Caso você nunca tenha ouvido falar, este é um filme de 2013, com a Rachel McAdams e o Domhnall Gleeson nos papéis principais. E na história, o personagem de Gleeson, Jim, é um jovem britânico desajustado, em busca do amor, que segue para começar sua vida adulta em Londres, onde conhece a americana Mary (McAdams), por quem se apaixona instantaneamente.
Mas o que deixa as coisas interessantes é que Jim guarda um segredo: todos os homens da sua família recebem a habilidade de viajar no tempo ao completarem 21 anos. As regras são simples: Jim só pode viajar para momentos em que ele já viveu, e dos quais se lembra. Efeito borboleta? “O que posso dizer, ainda não causamos nenhuma catástrofe mundial”, explica o pai de Jim.
Questão de Tempo, a meu ver, é um filme incrivelmente único. Seu ritmo não se encaixa em nenhuma das regras já observadas em outros romances. Seu enredo é genuinamente simples, mas simples aqui não é sinônimo de fraco. Pelo contrário. A história é extremamente cativante, e te prende do início ao fim, o que é surpreendente, já que o filme não possui um grande arco que precisa ser fechado ao seu final.
E ao quebrar pequenas regras e expectativas do cinema do amor, o longa te surpreende aos pouquinhos, te deixando cada vez mais intrigado e enlaçado à história, e quando você percebe, se encontra completamente apaixonado pelo longa e por seus personagens.
Além disso, Questão de Tempo é mais do que um filme de romance. Ele é um filme sobre amor. O amor que está em todo lugar e vem te todas as formas.
Quando você termina esse filme, você não fica desejando por coisas impossíveis, ou pensando que ninguém nunca te amará assim. Questão de Tempo termina e te deixa com vontade de ver aqueles que você ama. De ligar para os seus pais, ir até lá tomar um café, passear com sua melhor amiga, passar um domingo dormindo com seu amor e se casar em um dia de chuva…
Ah, e te faz querer ouvir uma música boa! Porque qualquer dia qualquer, normal e sem graça, pode ser muito melhor simplesmente ouvindo uma música boa. E a trilha sonora desse filme pode virar sua nova playlist para isso.
Questão de Tempo nos emociona e nos deixa a beira das lágrimas, mas não por causa de tragédias ou dramas intensos, mas pelo simples fato de que ele nos mostra a vida. A história desse filme é própria vida em si, em suas mais diversas facetas.
E junto nessa jornada, vai te questionar sobre o que você mudaria em sua vida, se tivesse o poder de voltar no tempo, só para em seguida te lembrar que cada passo que damos nos leva para onde devíamos estar. Tudo o que você tem de valioso na vida hoje, e quem você tem, é fruto das suas falhas tanto quanto é dos seus sucessos.
O tempo é imutável, e apenas o tempo cura tudo. O futuro é desconhecido, e o passado irreparável. Mas é no desconhecido que encontramos a esperança, e no irreparável encontramos o conforto de que fizemos o que foi possível.
Questão de Tempo não faz mais do que retratar a vida, com todos os erros, arrependimentos, sufocos, sorrisos, delírios e amores. O filme nos mostra que essa vida, essa tal que temos aqui e que nos enche o saco muitas vezes, é o suficiente. Não precisamos de uma história “digna de filmes”. Cada história existente tem seu valor e é extraordinária. Porque o extraordinário é com frequência composto de pequeninas coisas ordinárias.
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