Crítica | Ao gerar diversas subtramas, “Fervo” perde o foco, mas mantém a diversão

Filme nacional chega aos cinemas em 19 de janeiro

A construção da comédia nacional “Fervo”, assinada pelo selo Star Distribution, refere-se muito à narrativa de “Poltergay”, comédia francesa dirigida por Eric Lavaine. Em ambas narrativas, existe um casal, e também fantasmas que rondam um local que foi incendiado no passado. De forma bem humorada, e em resumo, a história de “Fervo”, trata de trabalhar diferentes tipos de relações entre os personagens. O filme se assume como uma produção LGBTQIAP+, trazendo figuras da comunidade, como exemplo, uma drag queen, na personagem de Rita Von Hunty. 

Pôster de "Fervo". - Otageek
Foto: Divulgação/Star Distribution

Quando o casal de arquitetos, Leo (Felipe Abib) e Marina (Georgiana Góes), decidem comprar uma casa abandonada, com o intuito de reformar e fazer uma venda posterior, descobrem que o local era uma antiga boate LGBTQIAP+, chamada Fervo. No entanto, os antigos donos continuam rondando os muros do local, e passam a assombrar o casal. 

Logo, situações estranhas e incomuns acontecem com o casal, que iniciam uma série de discussões envolvendo o relacionamento. É claro que, em um primeiro momento, nenhum dos dois tem conhecimento da existência do trio de fantasmas (os responsáveis pelo aparecimento das situações entre o casal). Com problemas no casamento estabelecidos, Marina decide deixar a casa, enquanto Leo, em um dado momento, passa a enxergar os fantasmas. Não demora muito para que o quarteto crie relações de amizade. Mais tarde, com os problemas estabelecidos, é adicionada a figura de um influencer paranormal, interpretado por Paulo Vieira. 

Beirando aos seus 20 minutos, a premissa de “Fervo” é instituída. Com assuntos inacabados com a família que deixaram, entre eles medo, e saudade dos entes queridos, o trio de fantasmas não conseguem descansar em paz. Com Leo e o paranormal em cena, eles decidem que os fantasmas devem tomar os corpos dos vivos para que, assim, possam visitar seus familiares, e resolver os assuntos pendentes. 

Pôster de "Fervo". - Otageek
Rita Von Hunty e Paulo Vieira em “Fervo”. Foto: Divulgação/Star Distribution 

Sob a direção de Felipe Joffily, a trama se desenvolve principalmente a partir da comédia. Mesmo se ancorando nesse gênero, não deixa de carregar traços mais emocionais e conflitantes, como as vidas que os mortos deixaram para trás. Apesar disso, as relações estabelecidas entre as famílias não são muito aprofundadas. Percebe-se que os assuntos inacabados, tratam-se de uma dificuldade dos próprios mortos de se desprenderem da vida que deixaram para trás, e não acerca de problemas que foram deixados inconclusivos. 

Já entre Marina e Leo, descobre-se que tudo não passou de um mal-entendido, já que com as peripécias dos fantasmas, Marina passou a desconfiar da sexualidade do marido. No fim, tudo acabou bem. 

São criadas diversas subtramas. A relação entre Marina e Leo, entre o trio de fantasmas e seus entes queridos, e até mesmo um mal-entendido com os pais de Leo. São inúmeros ocorridos se estendendo pela trama,  que não permitem um foco em uma única questão. São situações que deixam buracos na história, mas que não atrapalham a diversão da comédia. 

A questão da naturalização da sexualidade não passa despercebido. Ao abordar assuntos referentes à homossexualidade, “Fervo” se garante no debate necessário. São questões relacionadas à aceitação de si próprio. Apesar disso, tais temas não são trabalhados com tanto afinco e, acabam sendo deixados para escanteio. Entretanto, é interessante a forma pela qual a naturalização é feita, sendo que, em nenhum momento, tais temáticas são debatidas, ou presentes em diálogos entre os personagens. O resultado são duas análises, uma positiva e negativa: pessoas não heterossexuais não precisam debater a sexualidade a todo momento. É como se essa comunidade só servisse para fazer parte de produções que irão passar horas dedicando-se às dificuldades em relação a sua sexualidade, ou mostrar a chamada “saída do armário”. Apesar disso, em certo momento, o assunto acaba sendo banalizado. 

Incluindo as controvérsias de narrativa, “Fervo” traz a presença de figuras icônicas, e que contribuem para a diversão da temática do filme. Paulo Vieira, é um influencer paranormal, que no final se veste de drag, assim como a personagem de Rita. Outro destaque é Joana Fomm, que representa um papel desmistificado e distinto da concepção clássica da Morte. Aqui, ela é divertida, e torce pela resolução do problema dos fantasmas. Em qual outro filme você verá a Morte dançando Pabllo Vittar? A excelente trilha sonora, um dos grandes destaques, contribui para a manutenção da narrativa divertida, que inclui hits como o da banda Rouge. 

Embarque nesse Fervo disponível na sala de cinema mais próxima de você!

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Isabella Breve
Isabella Breve

Graduanda em Jornalismo, leitora voraz, amante da Sétima Arte e eternamente fã.

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