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Crítica | ‘Wonder Egg Priority’, a surpresa da temporada
Uma parte de mim quer, sinceramente, dizer para você primeiro ir assistir aos episódios já lançados e depois voltar aqui para ler o texto. Leia sem medo de spoilers, mas sabendo que assistir ao anime já sabendo de algumas informações muda completamente a experiência.
Eu não sabia absolutamente nada sobre Wonder Egg Priority quando resolvi assistir o primeiro episódio. Vi o poster, li a sinopse bem por cima, fiquei curiosa com o simbolismo do ovo. E foi isso. E fico extremamente feliz que tenha acontecido assim.
Não assisti nem ao trailer, apesar de achar que ele faz um trabalho cuidadoso ao disfarçar o anime de slice of life levemente dramático, apenas dando pequenos hints para a audiência sobre a possibilidade de ter algo mais misterioso acontecendo.
O impacto foi tanto que eu tive que assistir ao primeiro episódio duas vezes. Só na segunda percebi que o anime lembra muito Madoka Magika.
Assim como em Madoka, estejam avisados, Wonder Egg aborda assuntos como as dores, medos e anseios de garotas jovens, depressão e suicídio. Temos uma protagonista que começa não acreditando em si mesma, mundos psicodélicos (ou psicodelias que invadem nosso mundo) e entidades completamente suspeitas fazendo acordos estranhos que a gente sente que no final não serão cumpridos.
Mas Wonder egg aborda todos esses temas complexos de forma direta, crua, quase ordinária. Não faz um drama excessivo e ao mesmo tempo existe uma delicadeza enorme ao retratar os sentimentos e situações vividos pelos personagens, o que adiciona camadas de realidade ao anime, apesar de todas as situações surreais.
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O ritmo da história alterna entre lento e reflexivo e bons momentos de ação repletos de suspense, que chegam a ser agoniantes. Mesmo nos momentos lentos, nunca deixamos de sentir que a história está progredindo.
A narrativa oscila entre passado e presente, sonho e realidade. Apesar de ser não linear, tudo é muito bem costurado e essas mudanças são utilizadas para contar a história. Ao contrário do que se poderia imaginar, isso não dificulta o entendimento do anime. Na verdade, o torna ainda mais interessante.
Além disso, a história faz um ótimo trabalho com a técnica narrativa “show, don’t tell”. Vários detalhes e pistas são deixados implícitos, fazendo com que o expectador atento pelo menos suspeite de alguns acontecimentos antes de eles serem apresentados pela história como fatos.
Ai Ohto, a protagonista, é jogada de um cenário onírico para o outro, confundindo nossa percepção (e a dela) sobre o que é sonho e o que é realidade. Essa sensação é especialmente intensa no primeiro episódio.
Sinopse e ficha técnica
Gênero: Drama psicológico, fantasia.
Sinopse pelo MAL: Liderada por uma voz misteriosa durante um passeio noturno, Ai Ohto, uma garota de 14 anos, encontra um ovo. A voz a persuade: “Se você quer mudar o futuro, só precisa escolher agora. Acredite em si mesma e quebre o ovo“. O que espera Ai após a quebra do ovo?
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Dados técnicos: Anime original da CloverWorks, estúdio relativamente novo, mas que vem produzindo títulos de peso e com boa recepção do público (Fate\Grand Order, Fugou Keiji: Balance Unlimited, Yakusoku no Neverland, Bunny Girl Senpai no Yume wo Minai) desde sua fundação em outubro de 2018.
A direção fica por conta de Shin Wakabayashi, sendo este o segundo anime em que ele ocupa nessa posição ( o primeiro foi Ano Hi no Kanojo-tachi).
Apesar de ter uma experiência anterior como diretor de episódios de alguns outros animes, Wakabayashi tem uma bagagem maior trabalhando com storyboard e como key aimator. Estou curiosa e esperançosa para ver como ele vai trabalhar com Wonder Egg Priority. A história é escrita por Shinji Nojima.
O design de personagens e a direção de animação são de autoria de Saki Takahashi. É possível identificar a delicadeza e suavidade de outros trabalhos da artista, como Sayonara no Asa ni Yakusoku no Hana wo Kazarou, além de um ar onírico, também muito presente nessa obra citada.
Em que dia da semana os episódios são lançados?
Acho que terça