Crítica | Sweet Tooth: a fascinante fantasia da Netflix

Sem dúvida, "Sweet Tooth" é uma das produções mais lindas, fofas e aventurescas presentes no catálogo da Netflix.

Fazer uma série sobre pandemia em meio a uma pandemia soa um tanto arriscado neste momento, não é mesmo? Bem, eis que a Netflix resolveu trazer para o seu catálogo Sweet Tooth, uma história originalmente dos quadrinhos da Vertigoselo da DC – escrita pelo Jeff Lemire para uma série de TV na qual boa parte da humanidade é extinta em decorrência de um vírus. 

A saída encontrada pelos produtores – um deles é ninguém menos que Robert Downey Jr – foi deixar de lado a “vibe” pesada e sem esperança existente nos quadrinhos e adaptá-los para uma visão mais carinhosa, doce e bonita para as telas. 

"Gus" olhando para o horizonte em cena de "Sweet Tooth"
“Gus” em cena de “Sweet Tooth”.

Como falado anteriormente, Sweet Tooth é produzida pela Team Downey, produtora comandada por Downey Jr. Mas após Jim Mickle entrar no projeto, sendo o responsável por desenvolver toda a série, ele acabou virando um trabalho em parceria com a Warner Bros. Então, visando o sucesso que poderia vir a ser, a Netflix adquiriu os direitos de distribuição e a série já se encontra disponível em seu catálogo

Mas do que se trata Sweet Tooth?

Após um misterioso e mortal vírus se espalhar pelo mundo, uma nova raça híbrida de humanos e animais surge na Terra. Um deles é o jovem Gus, um menino-cervo que durante cerca de 10 anos viveu isolado na floresta com seu pai, longe do caos da cidade. Contudo, quando Gus descobre que tem uma mãe, o garoto resolve explorar esse mundo pós-apocalíptico, embarcando em uma aventura extraordinária junto do amigo “grandão” Tommy Jepperd.

Sweet Tooth é bom? 

Para uma história como esta funcionar, principalmente no atual momento em que vivemos, era necessário que um “ar” de esperança e inocência fosse estabelecido em sua narrativa. Pois bem, em Sweet Tooth, a saída foi nos colocar neste mundo literalmente junto de seu protagonista. 

Gus, vivido por Christian Convery, é uma criança que ainda não sabe o que de fato está acontecendo com a humanidade e muito menos como se encontra o mundo. Então, no decorrer da história, quando ele sai à procura de respostas, nós também vamos descobrindo tudo junto com ele. E essa aventura funciona pela forma como a narrativa a constrói. Aqui, mesmo que estejamos vendo pelos olhos de uma criança, a série consegue o feito de não ser apenas direcionada ao público infantil. 

Isso acontece pois o protagonista consegue transmitir muito bem em tela a inocência, a curiosidade e a raiva que há em uma criança. Além do mais, o núcleo coadjuvante do projeto colabora para balancear o direcionamento da narrativa sem deixá-la perdida ou de difícil entendimento. 

E por falar nos personagens secundários… um dos grandes acertos da série foi trazer Nonso Anozie para interpretar Tommy Jepperd, o “Grandão”. Mesmo que ele venha com todos os estereótipos que seu personagem poderia ter, aos poucos vamos conhecendo parte do seu passado e entendendo o porquê dele ser como é. E Anozie passa isso muito bem em tela! Principalmente a forma como a relação entre ele e Gus é desenvolvida. 

Ursa, Gus e Grandão andando em cena de "Sweet Tooth"
Ursa, Gus e Grandão em cena de “Sweet Tooth”.

Outro grande acerto é a personagem Ursa, interpretada por Stefania Owen. A atriz consegue ser esse contraponto na relação do “Grandão” com o Gus, além de trazer – junto do protagonista e outras crianças híbridas – essa ideia mais juvenil à trama.

Já as temáticas mais “adultas” também são trazidas de um jeito interessante, ao mesmo tempo em que acabam sendo bastante necessárias à trama. São nelas que as discussões sobre a ciência, o preconceito, a pandemia e a falta de humanidade vêm à tona. Aqui, o cientista Dr. Singh, vivido por Adeel Akhtar, acaba sendo o destaque da discussão, pois é em torno dele que toda a temática gira. Ainda mais quando ele decide fazer certas coisas para salvar a pessoa mais importante da sua vida, a sua esposa. 

O vilão General com seu óculos vermelho em cena de "Sweet Tooth"
O vilão General em cena de “Sweet Tooth”.

Bom… já o vilão da série, o General Steven Abbot, vivido por Neil Sandilands, é o mais genérico e sem nenhum aprofundamento na história. O antagonista é mal e ponto. Contudo, seu visual todo excêntrico se encaixa perfeitamente nas condutas de seu personagem. Aliás, vendo-o em tela, veio-me na hora a ideia de semelhança com o Doutor Eggman, o vilão do Sonic. 

A Ideia Visual 

Como já mencionado anteriormente, a série busca de todas as formas se diferenciar da ideia estabelecida na HQ. Isso nós podemos ver na fotografia, maquiagem, trilha sonora… ou seja, no design de produção como um todo. Toda a estética da adaptação busca ser leve, viva e com um tom fantástico, pois o que vemos é o mesmo que Gus vê, e a série transmite isso muito bem.

Quando há momentos mais densos ou discussões mais adultas, acontece uma quebra desse “ar” aventuresco do garoto. Mas a série passa muito bem por esses momentos quando opta por não mostrar em tela as tragédias que ocorrem, mesmo deixando bem claro que elas de fato existem nesse mundo. 

Bebê híbrido em cena de "Sweet Tooth"
Bebê híbrido em cena de “Sweet Tooth”.

Dentro dessa ideia visual, a maquiagem é um dos pontos extremamente relevantes para o funcionamento da história. Todos os híbridos são feitos com extremo cuidado, o que não incomoda ou causa estranheza visualmente. Mas há um “animalzinho” feito completamente por CGI que ficou um pouco esquisito, o que definitivamente não vai atrapalhar a sua experiência com a história.

No mais, Sweet Tooth é uma ótima adaptação, atendendo todos os públicos que estiverem dispostos a acompanhar essa aventura. Isso além de deixar alguns segredos e ganchos para a próxima temporada, que sem dúvida vai ocorrer, não só pelas ótimas críticas à série, mas pela audiência e aceitação do público, que é o mais importante para as plataformas de streaming.

Confira o Trailer:

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Lucas Almeida
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