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Crítica | ‘Sunset Orange’ e o Yuri no Brasil
Depois de alguns lançamentos de joseis, hentais e yaois, ainda faltava um gênero no catalogo tão diverso da editora NewPoP. Conhecida por ouvir os pedidos dos seus leitores, a editora vem apostando no diferente até os dias de hoje. Em Janeiro de 2017, a NewPOP anunciou dois mangás do gênero: Sunset Orange e Philosophia.
Yuri é o nome atribuído para obras que mostram um relacionamento amoroso entre duas mulheres. Não pense que é algo didático, são obras de romance e erotismo comum com o diferencial de ter poucos questionamentos sociais. Essas obras são voltadas ao público masculino; felizmente, com o passar dos anos, o público feminino e lésbico vem tomando conta do gênero.
Um laranja transparente nos lábios
Lançado na Comic Yuri Hime – uma das revista yuri mais famosa do Japão, com o titulo de Kuchibiru ni Suketa Orange. Uma linda aluna que veio de Tóquio, imediatamente conquista o afeto de Chizuru. Ela torna-se completamente fixada em Kanae e sua beleza, fazendo sua mente ficar cada vez mais preenchida por sua colega de classe. Quando ela entra para o círculo de amizade de Chizuru, esse afeto começa a crescer continuamente. Será que irá nascer um sentimento além da amizade? Ou o desejo de Chizuru por Kanae dará lugar a coisas ruins?
Talvez o desenvolvimento social japonês seja um dos grandes problemas do mangá. O que deveria ser demonstrado como ‘amor’ e ‘admiração’, se torna algo próximo de doentio. Claro que a autora, Rokuroichi, tem mais do que várias parcelas de culpa nisso. Em determinado momento Chizuru tem tanta admiração por Kanae que se transforma nela, trazendo um dos momentos mais desconfortantes do mangá.
A interação das personagens é quase nula na maior parte do tempo, tudo se trata do ponto de vista da tímida Chizuru e a presença de personagens secundários é completamente descartável. É como se o mangá fosse um enorme monólogo de pensamentos inseguros.
Kanae é retratada como deslumbrante e radiante, idêntica ao sol – que tem a mesma cor do seu gloss. E em um fatídico dia em que suas amigas não podem acompanhá-la no caminho de volta pra casa, ela resolve chamar Chizuru para uma nova cafeteria. A partir daí deveriam ter páginas de desenvolvimento de personagens, mas não é o que acontece.
As coisas se aproximam do clímax final como um foguete, sem a menor explicação. Kanae não demonstra o menor afeto romântico até o último capitulo do mangá. É como se ele tivesse acabado às pressas, com cenas eróticas que não querem dizer absolutamente nada.
Entretanto, não se pode ignorar o fato de Sunset Orange não ter um personagem masculino empacando o enredo, e muito menos o fato de não existir questionamento sobre o fato de serem duas garotas. É como se isso fosse um em um milhão, talvez um ótimo pontapé inicial da NewPoP em prestar atenção. O mangá tem apenas um volume, um one-shot. O que mostra o quanto a editora for experta em experimentar e deixar com o gostinho de quero mais.
Edição nacional
Sunset Orange vem no formato 14,8 cm x 21 cm, 152 páginas, papel offset – um pouco transparente – e uma página colorida em couchê. O mangá contém costura interna, o que é um alivio enorme para nós mortais que temos medo de páginas caindo por aí. Sem erros de tradução ou ortográfico. Vale lembrar que as capas internas contém a cor laranja.
SUNSET ORANGE
Autor: Rokuroichi
Editora: NewPOP
Preço: R$21,90
Total de volumes: Volume Único
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