Crítica | Resident Evil: Welcome to Raccoon City

Confira a crítica sobre a nova adaptação cinematográfica da franquia Resident Evil.

Pelas palavras do diretor Johannes Roberts, Resident Evil: Welcome to Raccoon City é uma adaptação fiel dos dois primeiros jogos da franquia com liberdades criativas, juntando os personagens favoritos em uma história com um incrível olhar para detalhes visuais, atmosfera e muitas referências.

Claire, Leon e Chris no pôster do filme Resident Evil: Welcome To Raccoon City
Pôster promocional do filme.

A crítica a seguir foi escrita e disponibilizada através do crie conosco pelo Thiago Souza.

Vamos falar de Resident Evil: Welcome to Raccoon City

Após a Umbrella Corporation retirar suas instalações de Raccoon City, Claire Redfield (Kaya Scodelario), Chris Redfield (Robbie Amell), Jill Valentine (Hannah John-Kamen) e Leon S. Kennedy (Avan Jogia) precisam descobrir a verdade por trás dos experimentos vazados na cidade e escapar com vida.

Se pensar no desafio de costurar duas histórias distintas para se passarem em uma única noite, dá para dizer que Johannes fez algo admirável. Porém, teve que sacrificar uma grande parte de conteúdo para fazer tudo funcionar em um filme de 107 minutos. E a única resposta que pudemos receber é um material raso, mas com muito potencial.

Apesar de alguns furos, a história é bem compreensível. Só percebi que certas dúvidas eu tive que tirar dos meus conhecimentos prévios dos jogos, ou realmente prestar atenção em detalhes que não eram o foco da cena — deixando a experiência de quem não conhece os jogos confusa.

Mansão Spencer Filmem jill valentine e albert wesker
Resident Evil: Welcome to Raccoon City / CR: Sony Pictures.

Essa versão de Raccoon City é de uma cidade que está morrendo aos poucos, saindo direto de um livro se Stephen King. Essa decisão foi acertada, não só pelo orçamento baixo da produção, mas por contribuir com a construção da atmosfera, que tem tensão e claustrofobia.

Aqui, os zumbis não são muitos, mas com ideias muito bem executadas, misturando aquele zumbi clássico com ideias estabelecidas em Resident Evil 3 Remake (2020), no qual as criaturas mantêm um pouco de sua racionalidade. E os diferentes estágios de infecção na mansão e na cidade foram um ótimo detalhe. Johannes realmente conhece as referências dos filmes de terror dos anos 80 e 90 que tanto diz amar, como John Carpenter e George Romero.

Ademais, à parte das armas biológicas, um grande inimigo do filme é a edição. Temos cortes estranhos e mal feitos, não sabendo como conectar os diferentes enredos de uma forma agradável. Ainda mais com algumas cenas desnecessárias e diálogos expositivos (que se você for pensar, não são diferentes dos diálogos dos jogos clássicos, mas não vamos tomar isso como algo proposital). Além disso, troca o tom de cenas que deveriam ser mais tensas para algo cômico, e no fim nem tiveram tanta graça assim.

Como há muito para ser introduzido, o primeiro ato se alonga em uma construção lenta e muitas interações divertidas entre os personagens, mas não teve as relações bem construídas, fazendo com que as decisões que tomam no final não tenham o peso que deveriam. A indicação do horário das cenas foi uma boa adição e o mais perto que vamos ter do clássico sistema de autodestruição no final dos jogos.

Chris e Claire Redfield
Chris e Claire Redfield em Resident Evil: Welcome to Raccoon City / Sony Pictures.

A tensão é tão bem construída que, quando a ação acontece, ela não entrega o potencial das cenas por completo, cortando para outra parte da história, com outros personagens. E isso se repete até o final do segundo ato, quando tudo está escalonando para aquele momento no qual tudo se cruza. Mas esse final, com ritmo apressado e lutas com resoluções rápidas, não consegue passar a escala épica que merecia. Até agrada, mas podia ser mais.

A trilha sonora só amplia a atmosfera, coisa que o compositor Mark Korven já provou muito bem que sabe fazer com o filme A Bruxa (2015), criando músicas que se unem ao filme assim como nos jogos clássicos. E apesar de sua presença sutil, ela se apresenta com intensidade em cenas específicas, com corais e sons graves que geram arrepios. A sonoplastia é espetacular, com sons do sangue pingando, cartuchos de munição atingindo o chão e zumbis gemendo ao fundo que intensificam o suspense.

Com uma direção decente, o filme abusa de luzes vermelhas e verdes combinadas com um cenário escuro e um bom uso de silhuetas para dar a sensação de um pesadelo sem fim. Os efeitos especiais não são os melhores, mas conseguem se unir de forma harmônica ao filme e não tiram o público da imersão.

Leon e Claire em Resident Evil: Welcome to Raccoon City da Sony Pictures
Leon e Claire em Resident Evil: Welcome to Raccoon City / Sony Pictures.

O elenco, que foi tão polêmico, foi uma das melhores decisões da produção. Fazendo um ótimo trabalho com o que lhes foi dado, mesmo quando seus personagens se diferenciam das contrapartes dos jogos, deixaram espaço para novas personalidades que funcionam, mas que também não foram aprofundadas. Os destaques vão para Hannah e Avan, que mesmo não tendo o tempo de tela devido, entregam-se aos papeis com carisma.

Esse filme se assemelha muito com o que foi feito em Terror em Silent Hill (2006): uma ambientação certa, mas com uma história diferente. É um filme para fãs dos jogos com cabeça aberta, que estão dispostos a aceitar liberdades criativas, mas que ainda falha em alguns pontos técnicos. Com mais revisões no roteiro, daria para amarrar mais a história e ter feito todos os personagens brilharem — e tinha oportunidade para isso acontecer. Mas adicionar mais 30 minutos seria a melhor solução.

Resident Evil: Welcome to Raccoon City tem as melhores intenções e atingiu sua proposta. Johannes Roberts realmente conhece os jogos e sua essência, criando uma sensação nostálgica divertida. O filme não tem medo de ser o Resident Evil dos jogos, tem o charme dos filmes trash, um ótimo suspense, referências bem colocadas, mas tinha potencial para ser mais.

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Norman
Norman

Escrevo sobre animes, jogos, séries farofa e jogo uns joguinhos aí na Twitch.
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