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Crítica | Maligno testa de tudo e diverte mais do que assusta
O novo filme de James Wan (Sobrenatural, Invocação do Mal, Aquaman), Maligno, é uma mistura de terror dos anos 80, ação, comédia e bizarrices inesperadas. O filme vai agradar aqueles que buscam um entretenimento diferente e irritar aqueles que esperavam algo mais sério e assustador.
O filme acompanha Madison (Annabelle Wallis), que após um evento traumático, começa a ser assombrada por visões de um assassino monstruoso matando suas vítimas. A personagem precisa então descobrir sua conexão com o assassino e tentar impedi-lo antes que ele mate de novo.
Ao longo do filme, é possível perceber referências e ideias já vistas diversas vezes, mas Wan tenta sempre trazer algo novo, tanto na execução quanto nas reviravoltas que o filme apresenta. Nem todas são executadas de uma maneira eficiente, mas aquelas que conseguem trazem uma sensação de algo único para o filme, seja para o bem ou para o mal.
Ação, humor e terror malignos
Durante as quase duas horas de filme, é possível ver uma transição muito grande de estilo. Enquanto a primeira parte da obra foca em trazer o mistério, o terror do desconhecido e alguns sustos, a segunda parte foca em uma mistura de gore com ação e um terror mais visual.
Essa mudança acaba sendo extremamente bizarra, mas não de uma forma negativa: a transição, na verdade, acaba criando uma identidade única para Maligno, que fica entre um estranho terror visual e cômico. Essa sensação pode remeter a filmes antigos de terror, que extrapolavam em algumas ideias, parecendo-me até uma mistura de Halloween com Evil Dead.
Maligno não acerta tão bem nas falas com intenção cômica, sendo a maioria muito fora do ritmo do filme. O humor, seja ele intencional ou não, acaba vindo de situações inesperadas, que começam a ocorrer da metade para o final.
No quesito história, o filme traz um arco conhecido com reviravoltas interessantes para te deixar curioso até o final. É claro que nem todos os mistérios vão ser difíceis de descobrir, mas a maneira como são feitos e revelados ainda mantém a narrativa intrigante o suficiente.
Personagens e seus tons conhecidos
Os personagens que estão mergulhados na insanidade da história são simples, mas graças às atuações, acabam sendo carismáticos. Infelizmente, não existe muito espaço para desenvolvimento emocional dos mesmos.
Diversas revelações que abalariam dramaticamente as relações ocorrem muito rapidamente ou são cortadas sem que possamos ver as discussões. Além disso, muitos sofrem da famosa síndrome “decisões idiotas de personagens de filmes de terror”.
Isso acaba deixando a maior parte dos personagens bem unidimensionais, o que é reforçado pelos traços estéticos de cada um. Um exemplo bem claro disso vem logo ao conhecermos Sydney (Maddie Hasson). A personagem usa roupas claras e muitos tons de rosa, possui uma personalidade alegre, é amorosa e divertida. Isso só não se torna extremamente caricato devido a algumas atitudes dos personagens.
Maddie Hasson, que faz o papel de Sydney, irmã de Madison, merece destaque por sua atuação. A atriz traz um enorme charme para cada cena em que aparece. Sua atuação consegue capturar a inocência e o amor da personagem pela irmã sem que isso fique exagerado ou caricato.
Enquanto isso, Madison é a irmã que usa tons escuros, fecha-se em seus sentimentos e suas dores e acaba sendo a mais quieta das duas. Sydney funciona como a força positiva e alegre do filme e da vida de Madison, que é cheia de traumas e inseguranças.
Uma outra dupla de personagens que aparece durante o longa são os detetives Kekoa (George Young) e Regina (Michole Briana White), que cumprem seu papel e fazem a história andar. No entanto, não possuem desenvolvimento algum.
No geral, os dois funcionam como os personagens protetores e que vão te remeter a diversas referências de policiais de filmes clássicos. Kekoa é o caso do policial mais envolvido na história, que acredita no que está acontecendo, enquanto Regina é a descrente, que traz o humor do absurdo da história.
Os detalhes roubam a cena
Tanto a trilha sonora quanto a utilização da câmera ajudam a compor muito bem a narrativa e o tom diferente do filme. Wan sabe realmente trazer perspectivas novas, interessantes e que ajudam a colaborar com as sensações de medo, perigo e inevitabilidade.
Enquanto no início do filme a câmera traz movimentos que fazem referência a cenas de terrores clássicos, ela também te ajuda a entrar na perspectiva de Madison e as experiências que ela sofre.
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Já na segunda parte do filme, é através da câmera que vemos uma transição para um ritmo de ação. Existe até um momento específico no qual é impossível não lembrar da experiência de Wan com Aquaman e a ação de filmes da DC.
A trilha sonora de Maligno é extremamente linda e ajuda a criar a sensação de algo paranormal e assombroso na maior parte das vezes. Na segunda metade, usam a grandiosidade sonora para criar momentos no mínimo cômicos. Como antes era usada em momentos sérios, a mudança e seu uso exagerado em um momento inesperado acaba se tornando mais humorística.
Conclusão
Maligno mistura diversos elementos e nem sempre acerta nessa mistura, o que pode acabar não sendo muito agradável para aqueles que esperavam um filme épico de terror. Com personagens pouco explorados, mas que variam entre aturáveis a carismáticos, o filme consegue manter um ritmo que te deixa com vontade de ir até o final.
Apesar de nem tudo ser perfeito, o filme ainda tem muito a oferecer em tudo que apresenta. No final, é um filme focado em entreter aqueles que buscam achar ideias e tentativas de algo novo no terror.
Assista ao trailer aqui:
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