Crítica | M3gan – Annabelle encontra Isaac Azimov

M3gan mistura Annabelle com Eu, Robô de Isaac Azimov. Não assusta ninguém, mas diverte.

Quando li o nome do filme com o numeral 3 no lugar da letra E e vi a cara de M3gan, já me animei. Quando assisti o trailer e vi a dança macabra da boneca, mais ainda. A dança é tão icônica que há uma promoção do cinema para quem a faça no tik tok concorrer a um ingresso. Felizmente fui convidado para a cabine de imprensa pelo Otageek, pois não conseguiria fazê-la nem mesmo se o quisesse.

Ao chegar na sala de cinema do New York City Center, na Barra da Tijuca, os agraciados com a cabine de imprensa já puderam se divertir com a presença de M3gan na sala de cinema.

Oi?! Como assim?

Não, não se trata de Realidade Aumentada, mas da presença de uma atriz contratada para interpretar a boneca assassina. M3gan encarava cada pessoa que entrava na sala com olhar penetrante e era difícil dar as costas para subir as escadas e procurar um lugar na sala. A atriz arrancou aplausos antes mesmo de a sessão começar e alguém da plateia exclamou: “Ela não sai da personagem!” 

O autor do artigo tira uma selfie coma sósia de Megan no cinema.
O autor do artigo e a atriz interpretando M3gan

M3gan é desde já, um dos melhores filmes do ano, tanto no gênero terror quanto ficção científica. É como se tivesse sido encontrado o ponto de intersecção perfeito entre franquias como Chucky e Annabelle e filmes como Ex Machina e I Am Mother. Embora não seja uma possessão como os dois primeiros, a boneca não é menos demoníaca. A falha no primeiro teste do protótipo já suscita a ideia de que algo malévolo está por vir, embora nunca faça menção a algo sobrenatural.

Leia também:

A prótese facial utilizada pela atriz Amie Donald (a Maya de Sweet Thooth) dá a tônica da menina-robô, cuja voz é interpretada pela atriz Kimberley Crossman (de Deathgasm e A Outra Mãe). Os movimentos de M3Gan são cortesia da própria atriz-mirim e sua dança viralizou no Tik Tok.

O nome do protótipo (M3gan) significa Model 3 Generative Android e foi desenvolvido pela roboticista Gemma (Allison Williams, de Corra! e A Perfeição) na empresa de brinquedos hi-tech em que trabalha, em Seattle. Após perder os pais num acidente de carro, sua sobrinha Cady (Violet McGraw, de Na Companhia do Mal e A Maldição de Hill House) fica sob sua custódia, o que não parece agradar muito à sua tia, workaholic e nerd cinco estrelas que não tinha muito contato com a falecida irmã.

M3gan, plugada onde está sendo construída, numa cena que remete à crucificação ligada no laboratório

Cativada pela perda da irmã, pela tristeza da sobrinha e motivada pelo seu projeto que já estava em andamento apesar da descrença e pressão de seu chefe, David (Ronny Chieng de Godzilla vs Kong e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis) o palco está montado para a androide sambar na cara dazinimiga, dos inimigos, ou de quem ela considerar um perigo para Cady, com quem está sincronizada e programada para ensinar e proteger, além de fazer companhia como uma amiga confidente.

M3gan olha com um olhar demasiado humano, pra um robô, mas frio de mais para um humano.

M3gan não dá sustos e não causa medo nenhum do início ao fim do filme. E nem precisa. Todas as cenas clichês estão perfeitamente aproveitadas e são apresentadas de forma natural e sob uma nova perspectiva. O terror está no nervoso que dá ver a menina se afeiçoar de forma visceral ao androide, uma alusão aos tecnovicio que acomete a sociedade atual desde a infância; um hábito social que nos acompanha desde o Tamagotchi

M3gan discute com Gemma na mesa de jantar

M3gan se autoprograma e adquire um ego(!). Uma Anabelle com Complexo de Eu, Robô, do Isaac Asimov. Embora não seja nem um pouco genial, toda a atmosfera da trama chega a ser cínica. Você sabe que vai dar m3rda, e que aquela boneca perfeita vai terminar em uma Juju Carente. Embora engraçado, não se pode falar que M3gan é um terrir, mas um deboche com um mal já presente na humanidade, mas exacerbado pelo exagero do filme.

M3gan olha com cara de má para sua próxima presa

M3gan consegue ser muito mais demoníaca que Annabelle ou Chucky, porque ao invés de possuída por um espírito ou um demônio, é um robô possuído por um livre-arbítrio autoprogramado capaz de mimetizar sentimentos humanos como David, o Vilão Heróico de Prometheus.

Leia também:

Se você curte um terror slasher com piadas a la MCU (Marvel Cinematic Universe) e ficção científica como os filmes já citados, corra para ver M3gan. Com direito a uma cena “I’ll be back…” de Terminator. A sequência já está confirmada para 17 de janeiro de 2025.

E se você gostou do nosso conteúdo, apoie-nos através das nossas redes sociais e acompanhe nosso podcast

Facebook RSS Youtube Spotify Twitch


Receba conteúdos exclusivos!

Garantimos que você não irá receber spam!

Compartilhe essa matéria!
Claudio Siqueira
Claudio Siqueira

Escritor, poeta, Bacharel em Jornalismo e habitante da Zona Quase-Sul. Escreve ao som de bits e póings, drinkando e smokando entre os parágrafos. Pesquisador de etimologia e religião comparada, se alfabetizou com HQs. Considera os personagens de quadrinhos, games e animações como os panteões atuais; ou ao menos, arquétipos repaginados.

Artigos: 112
Se inscrever
Notificar de
guest
3 Comentários
Mais velho
Mais novo Mais votado
Feedbacks em linha
Ver todos os comentários

[…] Crítica | M3gan – Annabelle encontra Isaac Azimov […]

[…] e ação, vai adorar Esquema de Risco. Despretensioso, divertido e bem executado, assim como M3gan, um dos grandes lançamentos do […]

[…] Crítica | M3gan – Annabelle encontra Isaac Azimov […]