Crítica | ‘Fate: A Saga Winx’ – Fadas com menos glitter e mais problemas

Winx não é nenhuma grande inovação, mas apesar de algumas falhas, série ainda mostra potencial

Fate: A saga Winx é a nova série da Netflix que estreou no dia 22 de janeiro e já está dando o que falar. A série é uma adaptação do famoso desenho O Clube das Winx.

Apesar de carregar o nome do famoso desenho animado, a série tem pouquíssimas semelhanças além dos nomes de personagens e algumas origens. Sendo assim, podemos olhar para Fate como uma reinvenção da história das fadas.

Fate: A Saga Winx
A adaptação do Clube das Winx, para o bem ou para o mal, traz elementos sombrios e mais realistas

Fate: A saga Winx se passa em Alfae, uma escola mágica no “Outro mundo”, em que fadas, monstros e magia existem. A principal da história é Bloom (Abigail Cowen), uma fada de fogo que vivia no mundo humano sem saber da existência dessa outra realidade. Após certos eventos, ela acaba sendo chamada para a escola de fadas para treinar suas habilidades e aprender a controla-las.

Existem diversos comentários negativos sobre a série na internet e, apesar de alguns pontos serem justos, Winx ainda é uma série divertida de se assistir. Claro que a produção ainda assim acumula diversos problemas ao longo de 6 episódios, mas nenhum sem solução.

Menos fadas e mais fantasia genérica

Um dos maiores, se não o maior, problema de Winx é a falta de criação de mundo que existe. O reino mágico é introduzido como o “Outro mundo”, nome que vem da própria mitologia europeia, o que quer dizer que é uma realidade separada totalmente da nossa. Sendo assim, ele deveria vir com seus reinos, cidades, cultura e história.

No entanto, a série nos apresenta um mundo idêntico ao nosso, com celulares, instagram, as mesmas músicas e até mesmas roupas. Praticamente nenhum outro elemento mágico é apresentado sem ser os poderes elementais, uma barreira mágica e uma criatura mágica na série.

Esse problema de criação chega até em coisas lógicas pequenas e pontuais, como a falta de professores na escola. Na série somos apresentados a 3 responsáveis por Alfae: Silva (Robert James-Collier), Ben (Alex Macqueen) e a diretora Farah (Eve Best) que estão em todos os lugares, seja dando aula ou lidando com questões importantes da escola.

Além disso, esse problema faz parecer que certos elementos são jogados quando precisam ser apresentados. Isso ocorre especialmente no final, quando é revelado um elemento da mitologia como explicação de um evento. No final isso mais pareceu uma conveniência do que uma apresentação do elemento.

Você pode ter notado que Winx tem semelhanças de estilo com Diários de um vampiro (The Vampire Diaries) e Os Originais (The Originals). Isso se deve ao fato de que o diretor Brian Young trabalhou nas 7 temporadas de Diários de um Vampiro. Por isso os elementos sombrios, iluminação e muitas outras escolhas acabaram transformando a série em algo parecido até demais com outras séries de fantasia.

O drama de ser uma fada adolescente

O seriado também possui inúmeros dramas adolescentes, mas muitos que trazem nada de inovador. Winx acaba por falhar em muitas tramas ao trazer estereótipos e conflitos batidos, enquanto alguns mais interessantes não possuem o tempo que merecem.

Fate: A Saga Winx
Apesar de motivações compreensíveis e ótima atuação, Stella é um dos elos mais fracos da série

O maior caso vem de Stella (Hannah van der Westhuysen), que é tudo o que você já viu em representação de uma menina má de colegial. Suas motivações são algo que já vimos milhares de vezes no caso da menina rica pressionada pelos pais da elite. Pior ainda é sua redenção que ocorre fora de tela e é resumida em um dialogo de 5 minutos.

Um problema similar ocorre com a narrativa de Terra (Eliot Salt), personagem interessante, mas que previsivelmente envolve questões de gordofobia e conclui sem trazer desenvolvimentos relevantes. Aisha (Precious Mustapha) é outra personagem com muito potencial, mas que nem história ganha e acaba virando babá de Bloom pela temporada toda.

Musa (Elisha Applebaum) é uma das poucas que consegue fugir de uma narrativa previsível e que possui poderes interessantes. A personagem teve polêmicas envolvendo o embranquecimento da personagem devido a escolha de atriz, mas Applebaum ainda assim traz uma das personagens mais interessantes e divertidas.

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Bloom está conectada diretamente com a narrativa principal e sua história traz os melhores momentos do resto do elenco. Mesmo com seu problema narrativo da heroína prodígio em que tudo se resume a ela, é através dessa história que Winx se mantém interessante.

A série possui um ótimo ritmo de progressão, cada episódio tem uma revelação que permite mudanças nas relações. Todos os personagens se beneficiam e possuem momentos mais interessantes na narrativa principal do que em suas pequenas tramas. Além disso, os vilões e monstros são interessantes e realmente mostram uma ameaça preocupante.

Falando em vilãs, temos Beatrix (Sadie Soverall), que pelo nome já sabemos que engloba as 3 vilãs Trix do desenho. Sua história demora para engatar, mas Soverall vende uma ótima psicopata que no final te fará querer saber mais sobre o passado da personagem. Existem outros vilões que foram marcantes, mas para não estragar a surpresa evitarei mencionar quem são e apenas dizer que suas presenças em cena são fortes e interessantes de assistir.

Os meninos, Sky (Danny Griffin), Riven (Freddie Thorp) e Dane (Theo Graham), têm seus pequenos arcos relacionados com as meninas. Enquanto Riven e Dane tem seus altos e baixos, Sky é o único que possui algo mais próprio. Sua relação paternal com Silva é intrigante e nos cria momentos interessantes de assistir.

No geral, é um elenco que está muito bem em seus papéis, apesar do roteiro, mas que funciona muito mais quando está unido. As melhores cenas do seriado são quando diversos personagens estão juntos em alguma cena ou interagem com algum que raramente tem cenas junto.

Conclusão

Fate: A Saga Winx não é horrível como muitos querem vender que é. A série possui diversos problemas, mas tem muito potencial para explorar caso tenha mais episódios. O elenco tem ótima química e a história até agora é interessante o suficiente pra querermos ver mais. Se a série se permitir ter histórias mais focadas e expandir a sua mitologia, pode alcançar seu potencial.

Lembrando que a série possui bastante material para ser adaptado ainda, quem sabe não teremos Flora (que já foi mencionada) e Tecna na segunda temporada?

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Pedro Agnelo Camargo Goes
Pedro Agnelo Camargo Goes

Estudante de semiótica, apaixonado por séries, filmes e games e tudo que envolve cultura. Sempre aberto pra filosofar sobre aleatoriedades do dia a dia

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