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Crítica | Falcão e o Soldado Invernal: season finale
Nesta sexta-feira (23) foi o ar o último episódio da primeira temporada de Falcão e o Soldado Invernal, da Disney+. “Um Mundo, Um povo” vem revelando algumas coisas já previstas e outras mais inesperadas, e apesar de não necessariamente decepcionar, poderia ter se aprofundado mais em alguns personagens.
Mas ATENÇÃO: HAVERÁ SPOILERS A PARTIR DAQUI.
Sam é o novo Capitão América
Durante o episódio anterior, pudemos ver o começo da transição de Falcão para Capitão América, a começar pelos trajes. Então, através da resolução do dilema que assolava Sam, envolvendo o significado que o escudo carrega e a história do próprio povo negro, deu-se a passagem do manto.
Desta forma, no episódio final já temos um Sam Wilson completamente decidido e usando seu novo traje de Wakanda, com as asas de Falcão, as cores e o escudo do Capitão América.
Sam com certeza é o personagem mais desenvolvido da série, tendo mais tempo de tela e também mais destaques em seus questionamentos. Então pudemos compreender toda sua transição de Falcão para Capitão e também entender melhor quem ele é ao conhecermos sua vida familiar.
Porém, talvez toda essa atenção pudesse ser mais bem usada se dividida com o personagem Isaiah Bradley, que apesar de ser o principal representante da questão racial levantada pela série, tem pouco tempo de tela.
Chegando ao final do episódio, Sam tenta realizar o máximo de reparações possíveis, primeiro ao falar com o pessoal da CRG, honrando suas palavras à Karli e tentando ajudar todas as pessoas que sofriam com a repatriação. Wilson também consegue o perdão que prometeu a Sharon Carter e, por fim, expõe ao mundo a história de Isaiah Bradley, o que não repara as injustiças que sofreu no passado, mas ao menos denuncia os atos desumanos cometidos pelo governo.
O Agente Americano
John Walker: o personagem mais complexo da série e que merecia ter sido muito mais desenvolvido. Começando como um soldado superpatriota e obediente ao governo estadunidense, ele demonstrou durante a maioria dos episódios uma raiva quase incontrolável e uma necessidade de se provar ao mundo e a si mesmo, assim tomando o soro do supersoldado.
Sua imagem de vilão é reforçada durante a cena pós-crédito do episódio cinco, ao forjar seu próprio escudo de Capitão, dando a impressão de que Walker não iria abandonar o posto do qual foi afastado tão cedo.
Mas ao que parece a série tentou enganar seus telespectadores, pois durante a aparição de Walker no episódio seis, rapidamente temos a redenção do personagem, quando John salva um carro forte cheio de reféns de uma queda iminente.
Em uma cena de genuína bondade, vemos John Walker abandonar de vez seu posto de Capitão América, curiosamente, em seu momento mais “Capitão América” de toda a série.
Mas teria sido muito interessante se tivéssemos visto os processos pelo qual o personagem passou, desde sua obsessão pelo manto de Capitão até o momento em que a bondade em si fala mais alto. Acabaram espremendo todo esse arco em alguns minutos de tela, fazendo o momento em que ele se reconcilia com Bucky e Sam repentino e apressado.
Por fim, somos apresentados ao novo alter ego de John Walker, o Agente Americano. Este já é conhecido pelos fãs dos quadrinhos, onde ele se torna um representante do governo dentre os Vingadores. Na série, esta nova imagem é entregue para John pela personagem Condessa Valentina Allegra de Fontaine, de quem conhecemos muito pouco, mas que não parece ter intenções muito puras.
Bucky Barnes
Bucky se tornou um dos personagens mais queridos pelos fãs, e apesar de ter seu nome no título da série, não lhe foi dada tanta atenção.
Queríamos ter visto mais sobre os acontecimentos em Wakanda e o momento em que James deixa de ser o Soldado Invernal, e disso tivemos apenas alguns minutinhos no episódio 4.
Durante o episódio seis, Bucky tem praticamente apenas cenas de luta, e estas não desenvolvem seu personagem de nenhuma maneira, apenas exibem suas habilidades de combate. Ao fim, quando é revelado que James riscou todos os nomes de sua lista de reparações, temos apenas um vislumbre rápido de como foi esse processo. Processo este muito importante, pois ao que parece o momento em que Bucky desapega do caderninho é o momento em que se liberta de vez do Soldado Invernal.
Até há momentos em que conseguimos espiar o que se passa na mente de Barnes. No segundo episódio, durante a terapia, por exemplo, ele diz “talvez ele tenha errado sobre você, e se ele errou sobre você, talvez errou sobre mim!”. Depois, no episódio cinco, em sua conversa com Sam, James revela que vê suas memórias como um pedaço do Soldado Invernal que ainda vive nele.
Bucky está aterrorizado com a possibilidade de nunca poder realmente se livrar do Soldado Invernal, e isso é abrangido poucas vezes. Toda vez que o roteiro ameaça exibir esse lado dele, rapidamente isso é retraído.
Essa série seria o momento para destrinchar mais o personagem, principalmente no aspecto emocional. E James Barnes certamente possui história complexa o suficiente para gerar conteúdo.
Zemo e os Apátridas
O arco do Barão Zemo parecia ter sido encerrado no episódio 5, mas ele ainda tinha um último truque na manga. Sendo fiel aos seus ideais até o fim, Zemo consegue ordenar um ataque, mesmo estando preso, que mata os supersoldados remanescentes. Esse ato, somado à morte de Karli, põe fim aos supersoldados apátridas apresentados pela série.
Karli Morgenthau sempre foi a representante dos Apátridas e de seus ideais em tela. E podemos observá-la passar por fases, começando como uma combatente movida por razões válidas, passando pelo pensamento de que os fins justificam os meios e por fim arrependendo-se de suas ações na hora de sua morte. Coisas que também poderiam ter sido desenvolvidas com mais aprofundamento.
Mas duas cenas se destacam no episódio seis para compreendermos a personagem, a primeira sendo sua conversa ao telefone com Bucky. Isso nos revela o quão inexperiente a jovem ainda é, ainda passando pelas primeiras mortes e sem saber o que significa ter sangue inocente em suas mãos.
E então, no auge de seu pensamento supremacista, vemos o momento no qual decide que se fosse preciso, os Apátridas iriam matar os reféns. Porém, não sabemos realmente se quando chegasse a hora, ela iria executar o plano.
O Mercador do Poder
A grande surpresa do episódio, que talvez não tenha surpreendido tanta gente assim, foi a revelação da identidade do Mercador do Poder, ou devemos dizer… a Mercadora do Poder: a agente Sharon Carter foi bem mais longe na vida ilegal do que imaginávamos.
Aparecendo poucas vezes durante a série, Sharon nunca passou uma imagem confiante como passava durante os filmes Capitão América e o Soldado Invernal e Guerra Civil. Por estar sempre fazendo ligações misteriosas ou agindo de modo suspeito, não foi tão inesperado o momento em que ela é revelada como o Mercador do Poder.
A surpresa talvez tenha sido terminarmos essa série desgostando mais de Sharon Carter do que de John Walker, graças ao conjunto dos acontecimentos. Afinal, a cena que encerra a temporada, com Carter pretendendo usar de seu recuperado posto na CIA para vender informações confidenciais, principalmente depois do modo como ela faz Sam se sentir (se culpar pela vida ilegal da agente), é revoltante.
Falcão e o Soldado Invernal e WandaVision
É quase inevitável não comparar as duas séries, sendo as primeiras a estrear e que serão seguidas de algumas outras, já que a Marvel está produzindo a todo vapor. Ambas as séries carregam muitas diferenças, tanto de estilo e ritmo quanto exibição na mídia.
Antes do lançamento de WandaVision, o marketing promocional não perdeu tempo, criando um hype bem grande para a série e deixando com que os fãs fizessem todos os tipos de especulações e teorias. Enquanto isso, Falcão e o Soldado Invernal chegou quase em silêncio, com muito menos espaço na mídia.
Isso por um lado foi bom, pois muitos fãs foram assistir com baixas expectativas e acabaram se surpreendendo positivamente, enquanto muitos outros ficaram decepcionados por não verem várias teorias se realizarem em WandaVision.
Além disso, a série da Feiticeira Escarlate é bem mais episódica, especialmente no início, onde aposta em um estilo de narração diferenciado, que homenageou a história das séries de TV americanas. Já Falcão e o Soldado Invernal é uma série de ação e age praticamente como um grande filme de 5 ou 6 horas. Seu defeito nesse quesito é não aprofundar um pouco mais seus próprios personagens.
Ambas as séries foram produzidas no intuito de nos deixar conhecer melhor personagens que antes eram secundários. WandaVision faz isso muito bem, principalmente se tratando de Wanda Maximoff, e Falcão e o Soldado Invernal, apesar de fazer um bom trabalho com o Sam, não se preocupa tanto com Bucky.
Dito isso, resta-nos agora esperar pela série do Loki, que estreia no dia 11 de junho na Disney+, e ver como vai ser o desenvolvimento desse personagem que já é tão querido pelos fãs.
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