Crítica | A Voz Humana é um clamor de uma mulher apaixonada e abandonada

Especial, atrevida, submissa, superficial, adorosa e afortunada. Essas são as palavras descritivas de Tilda Swinton em mais uma obra fantástica de Almodóvar, A Voz Humana. Palavras bem ditas, e que ao ver durante o telefonema do curta, traz-lhe o sentimento de pena e solidariedade.

Tilda, uma mulher branca, alta, utilizando óculos escuros, trajada de um blazer azul, com cabelo curto e ruivo, olha na mesma direção que Almodóvar, homem branco, idoso, de cabelos grisalhos. Usando uma mascará preta, uma camisa amarela com desenhos triangulares pretos, aponta para frente. A parceria perfeita, em A Voz Humana.
Tilda Swinton e Pedro Almodóvar nos bastidores de A Voz Humana.

O curta, baseado em uma peça francesa que o diretor ama, acompanha uma mulher tendo a última conversa por telefone com seu amado que a largou.

Já de início, mesmo sem diálogo algum, a atuação de Tilda está perfeita e triste. Suas expressões cansadas e infelizes mostram alguém loucamente apaixonado, inconformado com o fim da relação de quatro longos anos, agonizando para que seja correspondido, se não mais amorosamente, apenas presencialmente

Perfeito e triste é o sentimento que fica enquanto se assiste Tilda macetar a roupa de seu amante, gritar com Dash, o cachorro, também abandonado pelo homem, tomar 13 pílulas (sim, ela contou) de remédios variados e cair mole e pálida na cama.

A mesma mulher da imagem anterior, agora esta sozinha sentada em uma cama de lençol verde musgo, ao seu lado tem um pijama de manga longa azul marinho. Tilda usa um roupão de seda vermelho com um pouco de preto e branco. Sua expressão é de cansaço. Atrás dela temos um quadro grande com uma mulher branca nua deitada em um tapete azul bic.

Os diálogos realmente começam assim que ele a liga. Colocando seus fones, vemos Tilda seguir por um monólogo mais sofrido ainda e primoroso.

A fotografia também é maravilhosa, tendo tons de vermelho para todo lado, algo já conhecido de Almodóvar. Você pode até se distrair da conversa e focar no fundo da cena. O roteiro é ótimo, mas em meu caso, não consegui tirar minha atenção de Tilda e de tudo que a cercava.

Com um fim, digamos que merecido, para o lugar em que o casal viveu, a personagem e Dash, agora pertencente a ela, saem do local ardente pensando em superar o abandono juntos. Seja chorando, gritando ou precisando do dengo um do outro, devem passar por todos os estados de uma perda juntos. Não importando o que.

Distribuído pela Synapse Distribution, o filme estará disponível – em versão legendada – para compra e aluguel nas plataformas Now, Amazon Prime, Vivo Play, Google Play e YouTube Filmes.

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Vicky Lima
Vicky Lima
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