Bill & Ted: Encare a Música (2020) | Crítica

Ver dois caras idiotas mudando o mundo através da música já é ótimo, se colocar viagem no tempo no meio só deixa melhor. Em 1989, o mundo foi apresentado à dupla Bill e Ted, interpretados pelos então estreantes Alex Winter e Keanu Reeves. Três décadas depois, eles estão de volta.

? Este conteúdo também pode ser ouvido ?
Bill e Ted fazendo a guitarra no ar em Bill e Ted, uma aventura fantástica - Otageek
Guitarra no ar ?

Recapitulando a Franquia

Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica (1989) contava a história de dois adolescentes que sonhavam em ser músicos e precisavam passar na aula de história. Assim, a dupla recebe a ajuda de um homem vindo do futuro, que os informa que eles precisam ser aprovados na matéria para que sua banda possa existir.

Já que foi a música deles que moldou o mundo na forma como ele é conhecido no futuro, então só resta a Bill e Ted entrar na máquina do tempo e ir ver a história acontecer com os próprios olhos.

E através de uma comédia completamente non-sense e hilária, conquistou-se uma legião de fãs, o que resultou em uma sequência dois anos depois: Bill & Ted: Dois Loucos no Tempo.

Bill, Ted e o Ceifeiro em Bill e Ted, dois  loucos no tempo - Otageek
Até a Morte ficou chocada.

Se o enredo do primeiro filme já soa maluco, o segundo supera. Bill e Ted são mortos por um assassino vindo do futuro, que deseja destruir a sociedade moldada pela música dos meninos. Ao se verem mortos e no limbo, ambos fazem uma excursão ao inferno para poderem vencer a Dona Morte, ou Ceifeiro, em um jogo e retornarem à vida. Coisas dão errado e Bill e Ted precisam se virar ao enfrentar o próprio Diabo e também dar uma palavrinha com Deus.

Mas, em 2020, trinta anos depois, Keanu Reeves, agora um ator renomado, e Alex Winter, que foi para trás das câmeras e construiu uma carreira como diretor, estão de volta para mais uma aventura, desta vez com a dupla de amigos chegando na casa dos 50 anos.

 Bill & Ted: Encare a Música

O mais legal em Bill e Ted, e talvez o item que tenha conquistado tantos fãs que se lembram do filme até hoje, é a junção de uma comédia paspalhona, de dois adolescentes que parecem estar claramente chapados durante a maior parte do tempo, com uma mensagem que faz com que muitos se identifiquem.

Logo no começo do primeiro filme, descobrimos que a música que um dia seria feita pela dupla foi capaz de unir o mundo, fazendo da Terra um lugar melhor. Por mais bobo que isso possa soar aos ouvidos, no fundo, não é isso que todo artista sempre quis? Criar algo vindo do coração que fosse capaz de corrigir injustiças e gerar coisas boas. É sobre isso que se trata a arte.

Alex e Keanu atualmente.

Bill & Ted: Encare a Música vem nos mostrar a continuação de tudo: como vivem os dois caras que seriam capazes de mudar o mundo com suas composições? Bom, a resposta vem logo nos primeiros minutos: eles ainda não escreveram a tal música, o mundo ainda continua o mesmo e suas famílias estão ficando cada vez mais impacientes de vê-los continuar em uma carreira musical fracassada.

Isso até que mais uma vez são visitados por alguém do futuro e são informados que possuem um pouco mais de uma hora para compor a música que mudaria tudo, a fim de salvar toda a realidade existente.

Ao perceberem que o tempo passou e eles continuaram parados, o “vilão” da história, que antes era a própria sociedade, agora se torna eles mesmos (o que o filme representa de forma literal, já que eles são capazes de viajar no tempo e se encontrar com diferentes versões de si mesmos).

A direção do filme foi fundamental para alcançar o resultado apresentado, já que voltaram à função a dupla de diretores já responsável pelos dois filmes originais, Ed Solomon e Chris Matheson. Isso permitiu que a construção deste filme, apesar de trazer muitas novidades, soubesse manter os acertos da franquia original. Assim, segue um ritmo acelerado que nos mantém presos em tela, com um enredo singular, típico das aventuras vividas pela dupla principal.

Bill e Ted do futuro em Bill e Ted, encare a música - Otageek
A gente não sabia que precisava ver o Keanu Reeves bombado e com um moicano, até a gente ver o Keanu Reeves bombado e com um moicano.

As Novidades

Um dos pontos altos da franquia é a capacidade de sempre inserir um novo enredo e novos pontos para não ficar repetindo antigas histórias. Os dois primeiros filmes já fizeram isso e o terceiro traz ainda mais inovações, principalmente com a inserção de novas personagens importantíssimas: Billie e Thea, as filhas de Ted e Bill, respectivamente.

As duas adolescentes são interpretadas por Samara Weaving (Thea) e Brigette Lundy-Paine (Billie), e são a perfeita junção do jeito pateta de seus pais e da inteligência de suas mães, trazendo uma sensação de novidade, mas sempre lembrando que “a maçã não cai tão longe da árvore”, o que gera uma satisfação ao ver pais e filhas interagindo em cena.

Outra novidade que vale a pena destacar é o personagem de Anthony Carrigam, um robô programado para matar que traz cenas particularmente engraçadas.

Brigette Lundy-Paine (já conhecida por seu papel na série da Netflix, Atypical) se destaca, dando identidade à sua personagem, mas ainda assim nos possibilitando ver em seus trejeitos movimentos já conhecidos no personagem de Keanu Reeves, deixando-nos imaginar que a atriz deve ter estudado a atuação do veterano atentamente. 

Com 30 anos de diferença, o terceiro filme traz uma qualidade técnica aprimorada, mas mantém a identidade da franquia. Por exemplo, os figurinos, que são muito mais bonitos de se ver, principalmente quando se trata das figuras históricas, mas que ainda preserva o estilo dos protagonistas, deixando o filme inteiro com a mesma combinação de roupas (assim como suas filhas), o que provavelmente começou como uma maneira fácil de identificar qual personagem é de qual época.

GIF de Bill e Ted falando party on dudes and be excellent to each other - Otageek
Festejem, caras! E sejam bons uns aos outros!

Vale a pena?

Bill & Ted não foi criado para ser um filme genial ou entrar para os melhores de todos os tempos. Ele vem como uma comédia inocente, genuinamente engraçada, e trazendo a mensagem esperançosa de que o mundo poderia ser moldado em cima do lema “be great to each other” (sejam bons uns aos outros).

E assim também são seus protagonistas: da mesma forma como o enredo do terceiro filme traz uma junção de passado, presente e futuro (de todas as formas), a produção do longa também o faz, trazendo outra dupla de protagonistas à equação, interpretada por atrizes que sequer tinham nascido quando os primeiros filmes foram lançados.

Nessa onda de reboots e continuações, sempre dá um certo medo quando resolvem mexer com os clássicos, mas Bill & Ted: Encare a Música soube fazer isso muito bem, misturando a quantia certa de nostalgia e novidade. Tudo isso trouxe uma sensação de passagem de bastão e uma pergunta: seria possível uma nova leva de filmes agora focando na nova geração, Billie e Thea?

Continue Lendo:

E se você gostou do nosso conteúdo, apoie-nos através das nossas redes sociais e acompanhe nosso podcast

Facebook RSS Youtube Spotify Twitch


Receba conteúdos exclusivos!

Garantimos que você não irá receber spam!

Compartilhe essa matéria!
Nathalia Mendes
Nathalia Mendes
Artigos: 75
Se inscrever
Notificar de
guest
2 Comentários
Mais velho
Mais novo Mais votado
Feedbacks em linha
Ver todos os comentários

[…] Bill & Ted: Encare a Música (2020) | Crítica […]

[…] Apesar disso, o enredo coloca em prática o sonho de todos os músicos de causar um impacto no mundo, visto que a música dos Wild Stallions literalmente moldou a sociedade do futuro ao modo que ela é. Se você se interessar, pode descobrir mais detalhes sobre essa trilogia em Bill & Ted: Encare a Música (2020). […]