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Abigail | Os Elementos de Vampiro: A Máscara presentes no filme
Abigail chamou a atenção como um bom filme de vampiros. O gênero parecia desgastado, mas levantou do caixão com filmes recentes como Céu Vermelho-Sangue, Drácula: A Última Viagem do Deméter e Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe. Eu já falei aqui das inúmeras obras que foram influenciadas por esse sistema (de RPG), mas Abigail ainda não tinha saído na época.
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Embora o trailer entregue quase tudo e mostre muito mais do que o necessário, o filme tem bons momentos e as influências de Vampiro: A Máscara saltam aos olhos da jugular. Mas não se trata de uma chupinhação do universo como na franquia Anjos da Noite (Underworld) ou do game Vampyr (da extinta empresa Dontnod Entertainment, responsável pelo sucesso Life is Strange), mas de um apanhado geral de várias influências como em Morbius.
Mas enquanto o Nosferatu da Marvel tem seu filme calcado em diversos games (principalmente da Activision), Abigail suga apenas de uma fonte: o lendário sistema de RPG que mudou o paradigma de histórias de vampiros para o século XXI. Sendo assim, esqueça o alho e o crucifixo, que não funcionam nem aqui nem no RPG e prepare a estaca, que, ao contrário do sistema proposto por Mark Rein-Hägen, funciona muito bem e é responsável pelos melhores momentos gore do filme. Vamos às influências de Vampiro: A Máscara em Abigail.
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Toreador
Pra começar, a vampirinha bailarina parece uma mistura de M3gan com Claudia de Entrevista com o Vampiro, mas M3gan já é uma mistura de Annabelle com Eu, Robô, de Isaac Asimov e Abigail. Por mais que se esforce no salto duplo carpado com a Disciplina Celeridade, Abigail nunca será nossa amada Claudia.
Sua predileção pelo balé clássico bem como pela música fariam dela uma membra do clã Toreador. Artistas, obcecados por tudo o que é belo e com ojeriza a tudo o que consideram anti-estético e hediondo. Entre suas Disciplinas (o conjunto de poderes e cada clã de Vampiro), estão Auspícios, Rapidez (a supracitada Celeridade) e Dominação. Tudo a ver com a personagem, que é rápida, auspiciosa e obsedia ao seu bel-prazer. Embora seja uma Toreador típica, sua aparência como a dos demais vampiros do filme é a de um…
Nagaraja
Dentre os muitos clãs de Vampiro, há também as Linhagens, “sub-clãs” cujo fundador não é da 3ª geração ou seja, não é um Antediluviano. Suas Disciplinas não vão até o nível 10 e seus níveis máximos variam conforme a Linhagem. Não vou me alongar acerca dos termos técnicos ou do universo e, como convém ao Storyteller, vamos deixar a narrativa rolar (mais que os dados).
Entre as Linhagens, temos os Nagaraja, vampiros que em vez de caninos pontiagudos têm TODOS os dentes afiados e em vez de simplesmente beberem sangue, têm a mania feia de comer carne humana. Os vampiros do filme não comem carne, mas tiram cada naco… E como eles não são detectados quando sorriem? Bom, todo vampiro que se preza sofre uma metamorfosezinha ou outra além de virar morcego…
Giovanni
O clã de mafiosos que herdou a disciplina Necromancia do extinto clã Capadócio foi fundado por Augusto Giovanni, que abraçou (vampirizou no jargão do jogo) toda a família pra criar a Cosa Nostra vampírica. A partir do V5 (a 5ª edição), outros clãs também herdaram a Necromancia.
Os vampiros do filme são mafiosos, com exceção de dois abraçados ao longo do filme. Embora não possuam a Necromancia, têm muita força (a disciplina Potência) e exercem controle mental sobre outrem, a tal da…
Dominação
Uma das disciplinas presentes desde o livro básico. O nome dispensa maiores explicações, mas é necessário que você leia este tópico até o final.* A Dominação é uma submissão da vontade alheia e requer contato visual e comandos verbais. No entanto, só dá pra dominar um indivíduo de cada vez.
Alguns são imunes à Dominação, seja por terem muita Força de Vontade ou por rituais que os imunizam. É possível Dominar um outro vampiro, desde que sua Geração seja inferior, ou seja, somente um vampiro mais velho (em termos de ter sido vampirizado, não em idade de nascença) pode dominar um mais novo. Uma das formas de dominação é o…
Laço de Sangue
Um vampiro pode ceder sangue ao outro, mas não se trata de caridade. O Laço de sangue não deixa de ser uma espécie de Dominação, já que o vampiro que cede o sangue passa a ser o Regente e o que recebe, o Vassalo. Termo nada lisonjeiro, não acham? O próprio termo Vassalo já implica numa forma de Dominação por parte do Regente, que passa a ser adorado como um santo, um avatar, uma potestade.
A única forma de quebrar o laço é a antítese do amor: o ódio. Ou quando o Vassalo corta o suprimento de sangue contra a vontade do Vassalo, que, em seu “desmame”, cria um ódio mortal de seu antigo Regente. Algo muito semelhante aos dependentes de ansiolíticos, por isso usei a gíria desmame, comum entre eles.
Diablerie
Um vampiro criado é de uma geração abaixo de quem o criou. Só há uma forma de subir na hierarquia do sangue, ou seja baixar sua geração: bebendo TODO o sangue de um vampiro de geração inferior, mesmo algumas gerações acima – se você conseguir, é claro. Um vampiro de geração anterior é muito mais poderoso e mais poderoso na medida em que é mais velho em geração.
Frank, logo após ser transformado, recorre à Diablerie para imediatamente subir de nível e upar seu personagem, embora nenhum desses termos seja usado no filme. Como ele conseguiu drenar um vampiro mais velho sendo um recém-vampiro? Na creontagem*, meus caros.
*Agir de forma sub-reptícia, sorrateira, na surdina em carioquês.
O Abraço
Como já mencionado aqui, é o termo que designa o processo de vampirização no livro. E em que difere o abraço dos demais processos de vampirização? Em vez de apenas morder a jugular da vítima, é necessário que esta beba o sangue do vampiro para tornar-se um.
A cena em que um dos membros do grupo é transformado deixa isso bem claro, não só pelo que é mostrado mas pela própria fala do vampiro mestre a seu neófito. O famoso adágio Show, don’t tell foi pulverizado… junto com o vampiro mestre logo depois. Oops! Spoilers…