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What If…? O que aconteceria se essa série não tivesse história… e a gente não te contasse?
Eu já falei dessa série aqui e a ideia é tão manêra* que a Marvel, juntamente com sua atual parceira, Disney, resolveram lançar a animação What If.
*Legal, “da hora!”, cool em carioquês, com marca de oralidade “engolindo” o ditongo.
Em 1977, a Marvel resolveu lançar a sua série de distopias (podemos chamar assim?) What If…?, gentilmente traduzidas no Brasil como “O que aconteceria se…?”, onde diversos heróis já conhecidos eram reapresentados em histórias que recontavam algum momento canônico de suas vidas, sempre tendo o Vigia como narrador personagem e onisciente ao mesmo tempo.
Os três tipos de narrador
Há basicamente três tipos de narrador – quando há – em uma história: o narrador personagem (que narra em primeira pessoa), o narrador observador (que narra em terceira pessoa) e o onisciente que, como o próprio nome indica, tudo sabe e tudo vê.
Poderíamos ainda postular um quarto tipo, que é personagem e, vez por outra, onisciente, como ocorre com o personagem Arlindo, vivido por Lima Duarte no filme Colegas, e com John Constantine na HQ Batman: Amaldiçoado, do recente selo Black Label. Mas voltemos ao assunto.
O que aconteceria se…?
Quem nunca se perguntou isso? Seja a si mesmo ou a alguém. “O que aconteceria se eu tivesse feito isso ao invés daquilo?”. “O que aconteceria se os portugueses não tivessem aportado no Brasil?” E, partindo dessa premissa, a Marvel lançou 47 edições bimestrais de fevereiro de 1977 a outubro de 1984, além de outras, na década de 2000 e na década passada.
Como estamos falando de realidades alternativas, vamos começar do fim. Assim como Ourobouros, a serpente que morde a própria cauda, vamos falar da serpente de Asgard (ou de Jotunheim, segundo a mitologia nórdica), que está arrasando em sua própria série: o draconiano Loki.
O que aconteceria se… Loki encontrasse o martelo de Thor?
A última edição da primeira safra de What If…?, lançada em outubro de 1984, What If Loki had found the hammer of Thor?, narra exatamente o que o título diz: O que aconteceria se Loki encontrasse o martelo de Thor?, numa tradução livre, já que nunca foi lançada no Brasil. Ao menos, não até onde eu saiba. Se eu estiver errado, alguém me corrija nos comentários.
Seja como for, o quinto episódio da série Loki dá uma palhinha do Mjolnir. Coincidência? Sincronicidade? – já que a série trabalha exatamente viagem no tempo e paradoxos? – ou simplesmente a Marvel puxando lá do fundo do baú como o fez com todo o MCU? Vamos aguardar pela segunda temporada!
O que aconteceria se… o Mestre do Kung Fu fosse um fora-da-lei?
Lançada no Brasil na antiga publicação Heróis da TV (sim, tínhamos uma publicação com esse nome – pasmem! Ô cafonice!) nº 27, em setembro de 1981, o título brasileiro não condiz realmente com o que se passa na história. Aliás, essa hifenização nem existe mais desde o acordo ortográfico de 1990. O título original, de What If…? #16: “O que aconteceria se Shang-Chi, o Mestre do Kung Fu, lutasse ao lado de Fu Manchu?”, na tradução literal, condiz muito mais com o enredo.
A Marvel perdeu há tempos os direitos sobre o nome Fu Manchu. Ainda bem, porque o personagem é considerado bastante pernicioso para a imagem da China. Desde então, Fu Manchu passa a ser chamado Zheng Zu, que se encontra morto na nova série em quadrinhos.
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O que aconteceria se… o Homem-Aranha tivesse se unido ao Quarteto Fantástico?
Essa foi a primeira edição de What If…?, lançada em fevereiro de 1977. Mas estreou aqui apenas em 2018 em A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel nº37, pela Salvat.
O Amigo da Vizinhança sempre teve uma boa relação com o Quarteto, que deu uma força a ele quando se viu às voltas com o simbionte que mais tarde se tornaria o Venom, depois de se unir ao invejoso Eddie Brock.
A edição brasileira traz alguns What If’s antológicos – como O que aconteceria se Gwen Stacy tivesse sobrevivido? – e outros curtíssimos, alguns de apenas um quadrinho, como charges e anedotas mesmo, a exemplo de “O que aconteceria se o Thor tivesse sotaque sueco?” Loki adorou, claro!
O que aconteceria se… o martelo de Thor fosse encontrado por uma mulher?
Quando Jason Aaron assumiu as histórias do Deus do Trovão em 2012, ele fez mudanças narrativas dignas de Peter David com o Incrível Hulk no final da década de 1980, ou o que Donny Cates faria com o Venom em 2018. Em 2014, Aaron aparece com a Thor! Isso mesmo! A Deusa do Trovão vivida por Jane Foster, a eterna namorada do Deus do Trovão. Nossa, “eterna namorada” é muito cringe. A edição de Jason Aaron foi lançada pela Panini em março deste ano.
Novidade? Nãão! Ao menos para nós brasileiros e nigerianos, já que temos a orixá Iansã, uma das esposas de Xangô. Além disso, What If #10, de agosto de 1978, já apresentava essa ideia com “What if Jane Foster had found the hammer of Thor?”, lançada aqui também na revista Heróis da TV #28 em outubro de 1981.
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O que aconteceria se… o Hulk tivesse o cérebro de Bruce Banner?
O que aconteceria se essa edição tivesse sido traduzida? Os marvetes mais jovens não ficariam surpresos nem erroneamente revoltados com a mudança de mentalidade do Hulk no MCU em Vingadores: Ultimato!
As críticas injustas feitas ao personagem por ter aparecido inteligente e educado no último filme d’Os Vingadores mostram que grande parte dos espectadores desconhece o cânone da história.
A modificação psicológica de Bruce Banner ocorreu pelo menos duas vezes nas HQs: a primeira, após um encontro com Rocky Racum em O Incrível Hulk #24. A segunda, em O Novo Incrível Hulk #134. A ideia já estava presente na segunda edição de What If…? (abril de 1977).
O que aconteceria se… Rick Jones tivesse se tornado o Hulk?
Mais uma edição que poderia – e deveria – ter sido traduzida, pois já cantava a pedra do que ocorreria anos depois. Durante o arco que citei no tópico anterior, Jones já tentara ser o Hulk se bombardeando com raios gama (e só não pegou câncer devido à famosa regalia de protagonista) só pra dar uma ajudinha ao Banner… que nem precisava, diga-se.
Logo que Hulk se tornou cinza e pouco antes da saga comandada por Peter David, Jones teve o gostinho – amargo – de se tornar Hulk. Será que Al Milgrom resolveu botar em prática What If…? #12?
O que aconteceria se… Conan, o Bárbaro, viesse para nossos dias?
Conan, o brucutu da Ciméria criado por Robert E. Howard (o mesmo criador de Solomon Kane), é tão brutal quanto Batman ou Justiceiro, muito mais beligerante do que o primeiro e quase tanto quanto o segundo. Como ele iria se virar nos tempos modernos?
Em fevereiro de 1978, “O que aconteceria se… Conan, o Bárbaro, viesse para nossos dias?” mostra o cimério numa aventura em Manhattan. Como eu sei que é Manhattan? Graças a uma rápida aparição de Peter Parker, que faz uma ponta logo no começo da história.
Por causa da mandinga de um feiticeiro que diz ter sido – no futuro – o rei Shamash-Shum-Ukin, da Babilônia, Conan vai parar em Nova York em 1978. Ele fala inglês? Não! Embora nós entendamos o que ele e os demais personagens falam, Conan e os demais não se entendem… se bem que Conan não se entende com ninguém. A história foi publicada em Heróis da TV #43, em janeiro de 1983.
De qualquer forma, Conan está presente nos dias atuais em Os Vingadores Selvagens e ganhou uma cicatriz de presente de outro brucutu: o canadense Wolverine. Ah, e ele fala inglês!
O que aconteceria se… Conan ficasse preso no Século Vinte?
Mais uma história do brucutu da Ciméria nos tempos modernos. Na verdade, a história se vale do recurso da metalinguagem… de leve, já que trata de uma variante do final de O que aconteceria se… Conan, o Bárbaro, viesse para nossos dias?
Ao invés de retornar à sua época, Conan fica moscando* de bobeira no local onde seria aberta a passagem temporal e acaba sendo preso pela polícia. Conan arrisca um inglês e vai pedir auxílio a um transeunte de forma um pouco… enfática. Devido ao seu tamanho e força, acaba sendo confundido com o Hulk pelo cidadão, que dá todo o seu dinheiro a ele pensando tratar-se de um assalto.
*Procrastinando, postergando. O equivalente a “marcar touca” em paulistês.
Conan toma gosto pelo dinheiro em cédulas e pelos tempos modernos. Como já é um bárbaro saqueador, se torna assaltante, traficante(!) e chega a se vestir de cafetão pra impressionar uma mina da qual está a fim, mas a ideia não dá muito certo.
Conan ganha moral com a galera da quebrada (ou a turma do gueto, se preferirem), monta sua gangue, no maior estilo Warriors – Os Selvagens da Noite, e dá tanto trabalho pra polícia que o Capitão América tem que intervir! Tanto que a história foi publicada no Brasil em Capitão América #130.
Ao final da história, ambos fazem as pazes – ou melhor, selam uma trégua – como era de se esperar, e Conan continua vivendo em seu apartamento nos tempos modernos. Quer dizer, modernos não, já que a história se passa em 1984.
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[…] narrativa mesmo é notável, pois se dá na forma de narrador personagem e é uma poesia. Muitos poderiam questionar o famoso show, don’t tell (mostre, não narre) e […]
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[…] não se trata das antigas séries em quadrinhos ou da nova animação da Marvel e Disney. O que aconteceria se o nazismo, com sua ideologia […]
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