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Você chora: O que a arte nos ensina sobre amores e términos
Ouve-se o tempo todo artistas falando sobre suas inspirações na composição de um álbum, ou cineastas usando de seus espaços cinematográficos para compor uma narrativa na qual consigam transbordar seus pensamentos em cima de um relacionamento, o que para nós, jornalistas e público comum, sempre gera conexão.
(ALERTA DE SPOILER DE HISTÓRIA DE UM CASAMENTO!!!!)
No ano passado, a Netflix mobilizou milhões de assinantes com a estreia de “História de um Casamento”, levantando discussões sobre quem estaria certo e quem estaria errado dentro de uma relação destrutiva.
A discussão gerada pelo longa pode exemplificar a forma como a arte consegue criar um conectivo entre o espectador e a obra, tendo em vista que houve um lado que se conectou com a personagem de Scarlett Johansson, enquanto outra parte se envolveu com o arquétipo do Adam Driver.
Foi diferente na série “Fleabag”, a qual conquistou o coração do público pela identificação que o roteiro de Phoebe Waller-Bridge transmitia entre o espectador e o material, já que a protagonista passa por situações comuns do dia-a-dia, incluindo o fim de um relacionamento.
Acontece que a arte está cheia de produtos voltados para a sensação do amor, assim como está voltada para o término e o luto pelo fim de um namoro, por serem sensações comuns.
A arte pode ser usada como uma forma terapêutica para aceitar o fim de um relacionamento. Há diversas obras que retratam o fim de um namoro de maneiras diversas… a própria Netflix lançou o filme “Alguém Especial”, que tem como tema principal uma relação danificada, mas com sentimentos ainda presentes.
Além disso, a filosofia está presente nos conceitos artísticos cinematográficos, televisivos, musicais, entre outros. Dentro da própria existe o conceito do estoiocismo, doutrina fundada por Zenão de Cítio e desenvolvida por diversos outros filósofos diante da história, a qual prega que o ser humano sábio é aquele que se permite sentir em frente às adversidades da vida.
Ainda na mesma doutrina, Epictetus, como um de seus primeiros pensamentos, aborda o fato do homem não poder alterar o passado, mas sim buscar o que está dentro de si e saber se aprimorar, deixando de lado eventos externos que não podem ser alternados.
O conceito filosófico ainda abraça o fato de que tudo muda e a dor do fim passa, mas para tal fato ocorrer o ser humano precisa se permitir sentir as sensações de finalidade presentes dentro de um término.
Um filme que pode ser usado de exemplo dessa abordagem é a comédia romântica “Separados Pelo Casamento”. Nele, a protagonista vivida por Jennifer Aniston passa por todos os períodos de luto que um relacionamento propõe, porque apenas assim a personagem consegue seguir em frente. Ela sente raiva, tristeza, cansaço, falta, saudades e o fim que aquele relacionamento, um dia tão importante, teve.
Um artista, ao pintar sua tela, pode redirecionar, reorganizar, ressiginificar e reciclar sentimentos antigos para uma análise própria, podendo achar um novo rumo para sua vida, mas não antes de conseguir tocar a vida de outras pessoas através de seu trabalho.
O homem tende a sentir conforto nas experiências compartilhadas com terceiros porque assim não há a sensação de solidão, portanto, arte sempre cura, não importando a qualidade do produto que está sendo consumido. Em algum lugar dos sentimentos humanos, a seletividade é deixada para escanteio e o indivíduo consome apenas o que pode deixá-lo extasiado por alguns minutos ou horas, simplesmente por causa da identificação.
O refúgio que a arte proporciona reflete na maneira como o homem irá agir, porque em algum lugar irá tentar replicar os passos de seus heróis em tela como uma espécie de guia, buscando se direcionar para algum rumo novo.
No geral, a arte tem um papel importante no fim de um término, assim como de vários outros acontecimentos, mas o ser humano sempre vai aprender a chorar vendo algum filme ou série porque ali é onde pode se encontrar em um espaço seguro.
Quando a Lady Gaga estiver cantando “I’ll Never Love Again”, ou a Meryl Streep estiver chorando de saudades pelo Clint Eastwood em “As Pontes de Madison”, ou Ryan Gosling e Michelle Williams estiverem se separando no fim de “Namorados Para Sempre”, o ser humano será capaz de chorar pelo significado da cena em seu emocional.
Mas quando Bette Middler, Goldie Hawn e Diane Keaton estiverem se vingando de seus ex-maridos em “Clube das Desquitadas”, Jennifer Aniston estiver atormentado Vince Vaughn em “Separados Pelo Casamento” e Dakota Johnson estiver bebendo todas com Rebel Wilson em “Como Ser Solteira”, as risadas irão aparecer.
Porque a arte, assim como a vida, não é uniforme e pode ensinar o ser humano a como passar por um término de namoro através de sua pluralidade.
Mesmo na dor e na alegria, o ser humano entende que o fim de um namoro é inevitável, pois sempre haverá o famoso pé na bunda. Porém, com a arte, pode aceitar seus rumos e se conformar com toda montanha-russa emocional que encontrará dentro das adversidades de um fim de relacionamento. No fim, a arte vai fazer o homem chorar, aceitar e seguir em frente sem deixar nada para trás.
Para finalizar o texto, deixo aqui um vídeo de uma das melhores produções da Netflix em 2020:
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